Se você acompanhou toda a transição no cenário rock mundial no início do século, certamente você lembra do The Vines. Nem que seja apenas um refrão, mas aposto que lembra. Os australianos impulsionados pela retomada do grunge rock, ficaram conhecidos como “filhos do Nirvana” depois do lançamento do primeiro disco, Highly Evolved(2002).
E não é pra menos, o primeiro trabalho da banda é um ponto fora da curva, não que seus sucessores sejam ruins, mas Highly Evolved traz elementos presentes nas canções de Kurt Cobain com um toque ousado de hardcore, algo completamente presente nas músicas da época.
Porém, o sucesso do primeiro álbum não se repetiu nos posteriores projetos. Winning Days (2004), Vision Valley (2006), Melodia (2008) e Future Primitive (2011) tem suas doses de boa música, mas ainda assim se sente um desleixo por parte dos músicos, muito em função dos problemas dentro e fora do palco vividos pelo vocalista Craig Nicholls, que sofre da síndrome de asperger. As brigas tomaram grandes proporções, fazendo com que o guitarrista Ryan Griffiths e o baterista Hamish Rosser deixassem a banda.
Com a debandada aumentaram os rumores que o grupo iria acabar, foram três anos sem notícias do The Vines, até que em 2014, eles lançaram de surpresa o Wicked Nature, disco de estúdio com 22 faixas. Pode parecer cansativo escutar tantas canções assim em um trabalho, mas dessa vez, Craig e cia acertaram a mão, com músicas relativamente curtas e cativantes. Out The Loop, single lançado em divulgação do álbum, te leva as alturas em menos de dois minutos.
Muitos cogitaram que o disco seria uma espécie de despedida de Nicholls dos palcos. Mesmo com um single divulgado em 2016, o grupo não trazia nada novo para os fãs. Até que mais uma vez, de surpresa, eles lançaram In Miracle Land, trazendo um som completamente novo para o grupo. Guitarras pesadas e vocais pesados foram substituídos pela melodia calma, com letras bem mais focadas em amor e coisas boas. Muitos dizem que o trabalho se reflete no estado atual de Craig, bem mais leve e sem seus antigos problemas.
E pela terceira vez, a banda segue sem divulgar muitas coisas nas redes sociais e se apresentando pouco. A notícia sobre um possível fim do The Vines já voltou a rondar novamente, mas acho que a trajetória dos “filhos do Nirvana” está longe de acabar.