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Entrevista | Sepultura – “Estamos cada vez mais preguiçosos e burros”

Considerado um tapa na cara do mimimi dos antigos fãs do Sepultura, que pedem a volta dos irmãos Max e Igor Cavalera, o álbum Machine Messiah, 14º registro de estúdio da banda, saiu há pouco mais de um ano e vem sendo celebrado como um dos melhores de thrash metal dos últimos tempos, em diversas partes do mundo.

O grupo acaba de voltar da turnê de um mês pela Europa, na qual se apresentou pela primeira vez como atração principal e cumpriu uma agenda de 27 shows. Neste sábado (14), às 20 horas, promete fazer 2 mil pessoas baterem a cabeça no Ginásio do Sesc Santos, durante 90 minutos, relembrando álbuns como Beneath the Remains (1989), Arise (1991), Roots (1996) e Against (1998), além de seis músicas do novo CD.

Não faltam resenhas na internet que apontam todos os detalhes que fazem Machine Messiah ser tão especial. Mas o consenso é de que os vocais do norte-americano Derrick Green (que estreou na banda com o álbum Against, há 20 anos) estão impecáveis. A começar pela faixa-título, que abre o álbum.

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A música Machine Messiah começa lenta, com Derrick cantando (e não gritando) com uma voz grave e profunda, anunciando a vinda de um novo salvador da humanidade, uma espécie de deus máquina – fazendo alusão à ilustração da capa, da artista filipina Camille De La Rosa.

O disco todo passa a mensagem de que o ser humano busca a salvação na tecnologia: “Give me your praise/ I’ll keep you safe/ The soul is dead/ Bow down to machine messiah” (Dá-me o seu louvor/ Eu vou mantê-lo seguro/ A alma está morta/ Curve-se para o messias máquina), canta Derrick, no refrão da faixa-título.

Esta é uma das melhores músicas do disco, mas há também Phantom Self, mais pesada, que ganhou um bem produzido clipe na internet, mostrando as pessoas sobrevivendo como zumbis, de tão viciadas em celulares.

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É a visão de um futuro sombrio que o Sepultura canta. “E o pior é que não é nem futuro, é o agora. A gente vai a um restaurante e vê todo mundo nos seus celulares”, comentou o guitarrista Andreas Kisser, em entrevista para A Tribuna.

“É aplicativo para tudo, para comprar tevê, fazer supermercado, namorar. Não somos contra a tecnologia, mas não podemos esperar que ela seja um messias que vai curar todos os nossos males. É uma utopia. Por causa dela, estamos cada vez mais preguiçosos e burros”.

O baixista Paulo Jr. é o único remanescente da formação original, surgida há 33 anos. Kisser entrou no segundo álbum (Schizophrenia, de 1987). Derrick e o baterista Eloy Casagrande completam o time.

Progressive thrash metal
Para gravar Machine Messiah, a banda se reuniu no estúdio Gröndahl, em Estocolmo, na Suécia, após muitos anos sem produzir nada na Europa. Quem comandou as gravações foi o renomado produtor Jens Bogren (o mesmo das bandas Kreator e Paradise Lost). Toda a distribuição está sendo feita pela gravadora Nuclear Blast.

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Desde que foi lançado, em janeiro de 2017, o disco vem sendo muito elogiado pelos fãs e pela crítica especializada.

“Acho que esse disco vem sendo tão bem aceito porque tudo o que experimentamos deu muito certo. Desde a capa ao produtor que a gente escolheu, de ter ido para a Suécia gravar o disco, os violinos, os vozes mais melódicas do Derrick, a faixa instrumental Iceberg Dances, com seis minutos de duração), os violões”, descreve Kisser.

Iceberg Dances não é a primeira faixa instrumental tocada pelo Sepultura. No segundo disco da banda, Schizophrenia, de 1987, já tinha uma, chamada Inquisition Symphony.

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“Eu queria trazer esse conceito de volta, que é uma tradição na história do metal, que vem desde Led Zeppelin, com Moby Dick, Black Sabbath e Iron Maiden”, lembra.

Para ele, Machine Messiah abre novas possibilidades musicais para o Sepultura. Tanto que tem gente que já classificou a nova sonoridade da banda como progressive thrash metal – e o guitarrista não discorda disso não.

“A gente não liga muito para rótulos, mas é legal ver que outras terminologias estão sendo conectadas ao som do Sepultura. Estou explorando mais o meu lado guitarrista, fazendo mais solos, e me importando mais com as parte técnica e instrumental, que é uma característica do prog metal”.

Uma curiosidade em relação à capa do novo CD é a ilustração, que remete (sem querer) à capa de Arise (que também traz uma figura híbrida, com garras de caranguejo, desenhada por Michael Whelan”.

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“Isso foi uma coincidência, porque essa imagem da capa de Machiche Messiah já existia desde 2010. Era uma pintura da Camille Dela Rosa”, conta o guitarrista.

Sobre o show
Kisser destaca que o show atual está muito mais interessante: “A gente toca as coisas mais antigas, mais rápidas, coisas mais percussivas, da época do Roots, e coisas atuais. Afinal, estamos celebrando 34 anos de estrada e 20 anos do Derrick Green na banda”, adianta.

“Against, que foi o primeiro disco com o Derrick, é um disco muito importante, pois foi o que sustentou a banda após a saída do Max. Muita gente não acreditou que conseguiríamos superar essa baixa”, ressalta.

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Serviço – A entrada para O ginásio Sesc Santos é pela Rua Vergueiro Steidel, 300, Aparecida, telefone: 3278-9800. Ingressos: R$ 30,00. R$ 15,00 e R$ 9,00 (limite de 4 ingressos por pessoa). Classificação etária: 14 anos.

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