Entrevista | Belvedere – “Essa é a única maneira que eu gravarei um disco daqui para frente”

Falta pouco menos de dois meses para a We Are One Tour 2018! Após uma edição com um lineup extenso com bandas como Much Te Same, Ignite, Face To Face, The Fullblast e The Decline, além da brasileira Pense, o festival deste ano traz três grandes bandas do hardcore internacional. A headliner, Pennywise, estará comemorando seus 30 anos de carreira ao lado de outros grandes nomes do gênero como Belvedere, Comeback Kid e as nacionais Sugar Kane, Dead Fish, Garage Fuzz e Direction no dia 1º de dezembro, na Arena Barra Funda, na capital paulista.

Mais de 70% dos ingressos foram vendidos em poucas semanas, prova de que ninguém espera perder o festival, realizado pela Solid Music Entertainment (veja o serviço completo no final da entrevista).

Antes de dar o start na turnê, que passará por outros países da América do Sul como Argentina, Chile, o vocalista do Belvedere, Steve Rawles, falou ao Blog’n Roll sobre o relacionamento da banda com a região, seu novo disco The Revenge of The Fifth (2016), o retorno aos palcos após hiato e sua maturidade musical.


Oi Steve, tudo bem? Esta não será sua primeira vez em São Paulo… você tem boas recordações de seus últimos shows por aqui?

Sim, claro! Essa é minha quarta ou quinta vez no total, acho que talvez a terceira ao lado do Belvedere. Eu lembro muito bem da minha primeira turnê em São Paulo com a This Is a Standoff. Nós fizemos turnê com o Anti-Flag também.

Os shows foram incríveis, minha esposa estava comigo e nós fomos até as Cataratas do Iguaçu depois dos shows e essa é uma das minhas melhores lembranças.

Em 2016, a Belvedere lançou seu primeiro disco em 12 anos, The Revenge Of The Fifith. É um disco incrível, divertido e rápido como nós amamos. Lembro de ter lido no Bandcamp de vocês que a banda tinha somente duas regras quando decidiram gravá-lo: não soar como um monte de caras velhos e se divertir. Essa missão foi cumprida?

Foi demais fazer esse disco. Não tenho certeza se todos se sentiram dessa forma também, mas não tínhamos deadlines, nos só ficávamos no estúdio poucas horas por vez. Essa é a única maneira que eu gravarei um disco daqui para frente.

Quais são as diferenças entre fazer turnê no passado e agora? É sempre algo exaustivo (como a letra de Carpe Per Diem deixa bem claro, rs), mas como vocês conciliam seu tempo entre a Belvedere e suas vidas adultas, com outros trabalhos, família, etc?

A Belvedere é, na verdade, um pequeno tempo da minha vida agora. Pelo menos em termos de ter que me ausentar de casa. Nós fazemos somente de 20 a 30 shows por ano e isso é até muito às vezes. É fácil equilibrar tudo isso, mas eu tento estar sempre conectado no Facebook com as pessoas e é isso que toma tempo. Fico feliz em fazer tudo isso.

Ainda falando do novo disco, a faixa Generation Debt chama muito a atenção por causa da letra. Todos vocês têm filhos? Essa maturidade mudou a forma como vocês veem o mundo e como escrevem suas músicas?

Obrigado por dizer isso. Scott (Marshal) e eu temos filhos, mas essa música é muito influenciada pelo meu filho e meus medos sobre o mundo em que ele está crescendo. Quando você se torna pai, é um caminho sem volta, você muda.

Durante seus mais de 15 anos de carreira, qual é a banda com que vocês mais gostam de tocar? E existe algum sonho, enquanto banda, que vocês ainda não tenham alcançado?

Eu ainda amo a Mad Caddies. Eles têm sido tão gentis conosco com o passar dos anos e nós devemos muito a eles. Não existem muitos sonhos restantes para a Belvedere, exceto o fato de estarmos no palco, que é sempre um sonho.

A América do Sul tem um lugar especial no coração de vocês? Temos assistido cada vez mais shows de punk rock por aqui e isso é incrível, ainda mais quando muitos pensam que o público do gênero está diminuindo. 

Tem sim! Nós tivemos algumas histórias na América do Sul, mas nós nunca soubemos realmente como os fãs eram loucos no Brasil. Agora que sabemos disso, queremos continuar voltando.

Suas influências musicais mudaram muitos nos anos em que vocês estiveram separados? As bandas que você escuta têm um impacto muito forte nas músicas que vocês fazem?

Ah sim, os outros caras estão sempre escutando novas músicas, mas eu diria que, durante nossa ausência, eu abri muito a minha mente para outros tipos de música que, claro, influenciam positivamente as minhas composições.

Por último, mas não menos importante: você pode nos dar algumas dicas do que esperar para a setlist do We Are One Tour 2018? Ou, pelo menos, nomear uma música que vocês não podem deixar o palco sem tocar? 

Brandy Wine e Slaves to the Pavement! Na realidade, fizemos um show um tempo atrás em que esquecemos de tocar Slaves. Não percebi isso até o fim do show, mas eu não vou deixar isso acontecer outra vez!

We Are One Tour 2018 – São Paulo

Data: 1º de dezembro de 2018 (sábado)
Horário: das 14 às 23 horas
Local: Arena Barra Funda (Av. Nicolas Boer, 850 – Barra Funda, São Paulo. Próximo à Marginal Tietê)
Ingressos: a partir de R$ 110
Evento oficial: https://www.facebook.com/events/583040618758332/
Realização: Solid Music Entertainment