Foi após assistir a um show do Queen, em 1981, na Capital paulista, que os amigos Guto Goffi (bateria) e Maurício Barros (teclados) decidiram formar uma banda. O pacto foi levado a sério: passados 37 anos, os dois permanecem à frente do Barão Vermelho. Um dos principais nomes do boom do rock brasileiro dos anos 1980, o grupo carioca precisou se reinventar depois da saída de seus homens de frente, Cazuza (1985) e Frejat (2017).
Com um vocalista novo, Rodrigo Suricato, a trupe que leva o nome do aviador alemão Manfred von Richthofen – o famoso Barão Vermelho – acaba de lançar o single A Solidão te Engole Vivo. Em entrevista exclusiva, Maurício fala sobre a fase atual e os planos de voo.
A música é o primeiro registro autoral com a nova formação. Como foi a adaptação ao estilo do Rodrigo Suricato? Ou ele que teve de se adaptar ao estilo do Barão?
No ano passado, lançamos o álbum Barão Pra Sempre, com sucessos do grupo e uma pegada mais atual, já com o Suricato. A adaptação foi tranquila. Ele era fã da banda e conhecia muito bem o repertório. Inclusive estamos tocando as músicas nos tons originais que gravamos.
O vocalista costuma ser o integrante com maior visibilidade numa banda. O fato de trocar, pela terceira vez, o frontman implica o quê? Como o público vem reagindo à presença do Rodrigo no lugar do Frejat?
Temos que provar, mais uma vez, que a banda não depende apenas do talento de um integrante. Foi assim anteriormente, quando o Cazuza seguiu carreira solo. Mas estamos animados com a receptividade.
Como você classifica o estágio atual do Barão? Há alguma diferença que se sobressai em relação à formação anterior?
A banda está muito entrosada e unida. Poder tocar esse repertório que construímos ao longo de décadas e reencontrar nosso público está sendo uma alegria. Estamos buscando valorizar ainda mais a força do grupo. O resultado de um trabalho coletivo é a soma do talento e empenho de todos os integrantes.
A Solidão Te Engole Vivo mantém a verve tradicional do Barão. Como a composição foi pensada?
Buscamos uma sonoridade atual, mas com elementos que fazem parte do DNA do grupo. Queremos mostrar que a banda continua mais viva do que nunca para os fãs que nos acompanham desde o início, mas com um som próximo do que andamos ouvindo recentemente.
A escolha da música, que tem uma mensagem de oposição à polarização em curso no país, se deu por acaso? Ou a intenção era botar o dedo na ferida?
A letra fala da solidão nos tempos atuais. O país está dividido, famílias e amizades comprometidas por discursos de ódio cuspidos pelas redes sociais. Acreditamos na empatia e que ninguém é plenamente feliz sozinho. Vivemos um período delicado e precisamos estar atentos.
Há mais canções prontas para o próximo álbum de estúdio?
Já gravamos mais da metade do disco. Entraremos no estúdio nos próximos dias para terminar. Depois vamos dar os toques finais na mixagem. Ainda devemos disponibilizar mais uma ou duas músicas antes de lançar o álbum, previsto para sair no primeiro semestre.
Entre idas e vindas, o Barão Vermelho completou 37 anos em 2018. Qual o segredo para manter uma banda por tanto tempo?
Perseverança, amizade e tesão pra subir no palco e fazer o que gostamos de fazer. O grupo esteve parado, apenas fazendo turnês esporádicas e comemorativas, mas agora voltamos com força total e com muita energia pra cair na estrada.
Qual o legado que a geração rock dos anos 1980 deixou para a música?
Nossa geração abriu as portas do mercado fonográfico para o rock nacional. Depois disso muitos artistas e bandas deram consistência ao estilo e o rock continua lotando casas de show.
