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Crédito: Harvey Pearson

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Entrevista | Ben Böhmer – “Fazer uma pausa me ajudou com Bloom”

Um dos fenômenos do deep house e progressive house, o produtor alemão Ben Böhmer lançou o álbum de estúdio Bloom. Repleto de feats, o disco traz a faixa Evermore, parte da trilha do jogo EA FC 25, lançado recentemente.

Com uma sonoridade eletrônica melódica, Bloom conta com as participações da musa indie Lykke Li, dos duos Oh Wonder e JONAH, da cantora Erin LeCount e de Enfant Sauvage (do duo francês The Blaze).

Bloom chega após uma turnê mundial de Ben Böhmer com ingressos esgotados, que rendeu um álbum ao vivo na lendária Roundhouse, em Londres.

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Se no debut, Breathing (2019), Ben Böhmer abordou o luto, Begin Again (2021) veio em cima da separação. A turnê de 2022, com mais de 200 shows, o levou ao esgotamento mental. Bloom representa o recomeço, o amadurecimento e uma busca pela esperança.

Ben Böhmer conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre Bloom, possibilidade de shows no Brasil, influências, entre outros assuntos. Confira abaixo.

Parabéns pelo álbum, Ben Böhmer. Bloom parece ser um capítulo completamente novo em sua carreira. Quais seriam as principais diferenças desse álbum em comparação com seus trabalhos anteriores, Breathing e Begin Again?

Sempre tive esse toque meio ambient e indie na minha música eletrônica. No primeiro álbum havia uma música chamada The Lights. No segundo álbum, havia uma música chamada Slow Wave ou também A Matter of Time. Isso sempre foi um vislumbre de algo que sempre quis escrever, e com este álbum, encontrei a plataforma certa para mostrar outras influências ou gêneros que gosto de escrever.

Entendo. Então, o que você está dizendo é que antes havia mais ambient e agora você está explorando outros gêneros?

Diria que as influências de música indie e ambient estão mais presentes neste álbum.

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Interessante. Só uma pergunta rápida que me veio à mente: todos os seus álbuns vão começar com a letra B? Talvez haja um grande enigma por trás disso.

Ah, eu já estava tentando perceber algum padrão. Talvez um dia alguém descubra.

Outra coisa curiosa que pensei foi sobre os sentimentos complexos que você tende a expressar em cada álbum. Li algo que em Breathing a emoção complexa era o luto, e em Begin Again era sobre separação. Existe algum sentimento complexo envolvido em Bloom?

Crescimento.

Legal, bom saber. Alguma razão específica ou algo que você gostaria de expandir sobre o amadurecimento?

Com este álbum, finalmente encontrei o momento certo para mostrar algumas outras coisas que queria fazer, mas nunca encontrei a plataforma ou o momento certo para isso. E há um tipo de crescimento musical. Não é apenas o aspecto da música eletrônica de dança neste álbum; há momentos mais cinematográficos. Sinto que há um crescimento em termos musicais.

Este álbum explora novas direções, como mencionamos, com uma abordagem ao ambient e pop alternativo. Como foi o processo de experimentar esses estilos para você? E o que o inspirou a seguir esse caminho, digamos, novo?

Não é realmente um caminho novo. São direções que sempre escrevi, na verdade. A música Blossoms, que encerra o álbum, é, na verdade, a ideia mais antiga. Acho que escrevi em 2017 e a mudei um pouco para este álbum. Mas sempre houve esse tipo de música diferente que queria escrever, mas nunca encontrei o momento certo para “florescer” com esse estilo.

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Outro ponto foi que, depois dos dois álbuns e uma fase de turnês muito intensas, eu estava musicalmente muito esgotado. Mas sentia que precisava seguir em frente e agradar a todos esses grandes palcos em que tive a oportunidade de tocar. E normalmente isso funciona com músicas grandiosas e mais pesadas, feitas para grandes palcos, mas me coloquei essa meta, e isso me deixou muito infeliz em certo momento.

O que realmente me ajudou foi fazer uma pausa e focar nas coisas que realmente queria escrever, sem sentir que estava fazendo isso por algo, mas sim por mim mesmo. Sim. E talvez seja aí também onde o crescimento se encaixe.

Você também gravou com alguns artistas proeminentes, como Lykke Li, Oh Wonder, Jonah e Enfant Sauvage. Como essas parcerias contribuíram para moldar o som e a identidade do álbum?

Todos esses artistas têm em comum o toque indie. Eu amo música indie e adoro a combinação de música dance com indie. Então, há essa linha vermelha que percorre o álbum.

E sobre seus álbuns anteriores, é a primeira vez que você colabora tanto com tantas pessoas diferentes em um álbum?

Sempre fiz isso, mas talvez um pouco mais do que o habitual desta vez.

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E, especificamente, sobre a parceria em Evermore, com Enfant Sauvage, que é destaque na trilha sonora do EA FC 25, como você vê essa interação crescente entre a música eletrônica e a cultura dos games?

Foi algo muito novo para mim. Não sabia o quão grande era a coisa com o jogo da FIFA, porque nunca joguei e não estava ciente de que as trilhas sonoras são lendárias. Então, foi uma grande honra para mim fazer parte disso.

E sobre isso, boa parte do seu trabalho tem sido vista no YouTube, com milhões de visualizações. Como você vê essa conexão com seu público por meio das plataformas digitais?

O que sempre ouço é que as pessoas gostam de ouvir minha música também em casa. Funciona na pista de dança, nos clubes ou em festivais, mas as pessoas também gostam muito de ouvir a música fora do contexto das festas. Talvez seja por isso que os streams são tão grandes.

Aliás, parabéns pelos 200 shows em 2022, todos esgotados na sua turnê mundial. Isso deve ter sido incrível.

Sim, tirei um tempo para voltar ao estúdio e me reconectar, como já falei um pouco.

Mas como essa pausa influenciou o resultado final de Bloom?

Houve essa grande pausa e essa frustração de seguir um objetivo que estabeleci para mim mesmo, que era a direção errada desde o início. Fazer uma pausa e focar no que realmente quero fazer e no que amo foi a maior influência.

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E quanto tempo levou para reunir tudo em Bloom? Isso é um período normal para você? Ou foi um pouco mais longo do que o habitual?

Acho que o segundo álbum também levou esse tempo. O primeiro álbum normalmente leva décadas para se formar.

Você tocou em festivais icônicos como Lollapalooza, Primavera e Glastonbury, mas com tantas experiências ao vivo, há algum show ou momento específico que tenha marcado sua carreira de forma especial?

Há sempre momentos que me surpreendem muito, até os muito pequenos têm um grande impacto. Por exemplo, algumas semanas atrás estava tocando um show e toquei a música Rain, que ainda não havia sido lançada e não estava disponível online. E vi pessoas cantando a letra, porque ouviram a música um ano antes em um festival e até tatuaram a letra no braço, mesmo sem a música ter sido lançada. Isso é algo muito bonito.

Sim, posso imaginar. E falando em turnês, você tem planos de vir aqui para o Brasil?

Sim, estamos trabalhando nisso.

Para finalizar, sobre álbuns que influenciaram sua carreira, quais álbuns vêm à mente?

Quais álbuns… Talvez precise pensar mais sobre isso. Adoro artistas como Stephan Bodzin, Max Richter e Jon Hopkins. Certamente eles entram nessa lista com os seus trabalhos.

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