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Entrevista | Brothers of Brazil – “Ele virou o Baden Powell punk”

Os irmãos Suplicy são como duas ondas que se trombam. Uma arrebenta com um som seco, forte, direto. A outra, de forma lenta, suave, quase um assobio. Desse impacto, sai um som indefinível, mas que agrada aos ouvidos. Os compositores Supla e João Suplicy formam a dupla Brothers of Brazil há seis anos.

Juntos, realizaram mais de 250 shows nos Estados Unidos e Inglaterra e lançaram os discos Punkanova (2009), Brothers of Brazil (2011) e On My Way (2012). Agora, finalizam o terceiro CD (nome não revelado), com lançamento previsto para outubro ou novembro próximos.

De volta de turnê nos EUA, eles estão divulgando o trabalho no Brasil com shows pelo estado de São Paulo e vêm a Santos no dia 15, para show no Moby Club (Av. Vicente de Carvalho, 30, Boqueirão), em comemoração ao primeiro aniversário do projeto LetzRock.

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Recentemente, a dupla lançou o segundo single do novo álbum, uma canção que mistura folk music com punk intitulada Melodies From Hell, cujo clipe foi gravado em março deste ano, em um bar em Nashville, Sul dos Estados Unidos, que pode ser assistido no site.

O outro single se chama Tudo Pelo Poder, com letra que deu o que falar ao condenar o mensalão e outros escândalos envolvendo partidos políticos que estão no poder, incluindo o PT (Partido dos Trabalhadores), do qual fazem parte os pais da dupla, o senador Eduardo Suplicy e a ministra da Cultura Marta Suplicy.

Depois de firmar o nome no punk brazuca ainda nos anos 1980, com os hits Garota de Berlim e Japa Girl, o baterista Supla, aos 48 anos, continua exibindo os cabelos descoloridos e arrepiados e o figurino punk setentista, que segue a moda disseminada pela estilista inglesa Viviene Westwood e o ex-agente da banda Sex Pistols, Malcolm McLaren.

Conhecido também como Papito, Supla virou uma figura conhecida principalmente por meio dos realities shows, como A Casa dos Artistas, no SBT, e o mais recente, Papito in Love, pela nova MTV. Junto ao irmão, protagoniza mais um, Brothers na Gringa, que vai ao ar pela Mix TV e pode ser acompanhado no site da dupla.

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Oito anos mais novo, o violonista e cantor João Suplicy fez nome como compositor e intérprete de MPB, com predileção pela bossa nova. Agora, sustenta um topete estilo Elvis Presley (embora também seja comparado ao compositor folk Johnny Cash e ao cantor de rockabilly Eddie Cochran). Devido ao estilo musical assumido por ambos, era improvável que se entenderiam na música.

Loucos pelo Santos Futebol Clube, os dois visitaram a Cidade na última quarta-feira, e vieram à redação de A Tribuna para um bate-papo mezzo punk e mezzo bossa nova, no qual Supla toma muito mais a palavra (para alegria ou tristeza de João). Confira.

O novo CD está quase pronto. O que tem de diferente em relação aos outros?

Supla: Tem de tudo no disco. O nosso continua sendo indefinível. É som de irmãos. São boas melodias, very very rock’n’roll, very introspective (bem introspectivo e bem rock’n’roll). Gravamos 20 músicas, mas vão entrar umas 15 ou 16. Se fosse uma bosta eu falava, mas estamos muito orgulhosos.

Vocês se sentem mais seguros agora como dupla?

Supla: Eu tenho que acreditar no nosso trabalho. Senão, ninguém vai acreditar. I’m fuck’n’ love, man. Se eu não gostasse do som que a gente faz eu ia ficar me perguntando, nossa o que estou fazendo com a minha vida?

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O clipe de Melodies From Hell foi gravado num bar em Nashville. Como foi isso?

João: A gente foi para Nashville gravar o novo disco do Brothers que ainda não saiu. O que estamos lançando agora é o segundo single do álbum.

Supla: O primeiro foi Tudo Pelo Poder.

É aquela música em que vocês citam vários partidos políticos na letra?

Supla: Sim. A gente acredita que tem que aproveitar a democracia porque é uma coisa bonita as pessoas poderem ir para rua protestar. Então, esses partidos têm de tomar vergonha na cara e fazer a coisa certa.

Voltando a Nashville…

João: Aproveitamos que estávamos em Nashville para fazer um clipe com um cara que tinha gravado outros três clipes dos Brothers, o Robert Mattoso, que tem dupla nacionalidade e falou de um bar montado em cima de um trailer.

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Supla: A gente estava gravando o disco e decidiu tomar alguma coisa. O Robert sugeriu o Santa’s Pub, onde vão muitos músicos, como a mina (Brittany Howards) do Alabama Shakes.

João: Voltamos no dia seguinte para fazer um sonzinho por lá e ficamos tocando umas duas horas. Foi um show informal para eles. Não fomos só para gravar um clipe. Tocamos de tudo e pedimos para os clientes
participarem do clipe e eles toparam. Tínhamos tocado Melodies Fron Hell algumas vezes e o pessoal ia assobiando.

Por que decidiram gravar em Nashville?

Supla: Conhecemos a Bebe Buell, que é a mãe da (atriz) Liv Tyler (filha do vocalista do Aerosmith Steven Tyler), e ela nos apresentou a um produtor de Nashville, Jon Tiven.

Vocês tocaram muito na Califórnia e em Londres, e agora?

Supla: Vamos tocar bastante no Brasil. Antes de Santos, estaremos no Sesc Santo Amaro (última sexta-feira) e em Jacutinga (sábado passado) antes de Santos. Ontem (dia 6), nos apresentamos no Skull Bar, em São Paulo, e foi a primeira vez que tocamos Melodies From Hell ao vivo. A música começa com um assobio. Não é algo fácil de fazer. It’s not easy, man.

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João: E ele assobia mais do que eu na música.

Você assobia e toca bateria?

Supla: No show vem um outro batera, que também é nosso roadie. Então, eu estou indo mais para frente do palco. I’m a showman! Tenho que estar na frente me exibindo. Aí o Elvis (apontando para João) entra
em cena também.

É verdade que você ouvia muito rock antes de fazer bossa nova, João?

João: Sim, curti muito rock na infância. Depois, fui mais para outra praia, para a música brasileira.

Supla: Ele virou o Baden Powell punk.

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João: Tenho muita influência de Baden Powell e João Bosco.

Está ouvindo outros sons agora? Gosta de folk music também, João?

João: Eu tenho escutado muitas bandas indies, mas das mais conhecidas eu curto a Imagine Dragons.

Supla: Pelo amor de Deus, John. Não! Cite outra banda. Essa aí virou mainstream, cê tá louco?

O que vão fazer ainda este ano até lançar o CD?

Supla: Uma miniturnê pela Califórnia em outubro e estamos numa conversa com outra gravadora, agora em Londres (antes, a banda assinava com o selo americano SideOneDummy).

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Qual a relação que vocês têm com Santos?

Supla: O nosso avô paterno é um dos fundadores do Santos Futebol Clube. E a gente é surfista. Eu tinha uns 16 anos quando conheci um surfista bem louco, o Marcelo Gato. O Picuruta (Salazar) também é muito louco. Gosto do sotaque santista, da coisa do “tu”. A gente ama Santos.

Um crítico disse que o rock representa a reserva moral da nação. Concordam?

Supla: Concordo. Não ouvi muito cara de rap falar sobre o mensalão petista e o trensalão tucano como a gente em Tudo Pelo Poder. O funk também não fala nada sobre esses fatos.

Arranjaram algum conflito com seus pais?

Supla: Ficaram chateados um pouco. Falei, pai, não é para você, é para o partido.

Algum livro fez a cabeça de vocês?

João: Caçador de Pipas (Khaled Hosseini).

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Supla: Eu leio biografias, mas agora estou lendo O Que é Música, do cantor David Byrne.

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