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Entrevista | Fran Healy (Travis): “Parece que o mundo se dividiu em dois”

Na última segunda-feira (12), o jornal britânico The Guardian trouxe um artigo curioso no qual buscava entender “quem matou o britpop”? No título, alguns possíveis suspeitos: Oasis com o álbum Be Here Now (1997), a perda do título da Euro 96, quando a Inglaterra foi derrotada pela Alemanha nos pênaltis, no estádio de Wembley, ou a morte da princesa Diana (1997).

Morto ou não, nomes do britpop como Suede, Pulp, Oasis e Blur seguiram influenciando outras bandas. O Travis é uma delas. A escocesa lançou o primeiro álbum, Good Feeling, em 1997. De lá para cá manteve uma consistência maior que os antecessores, mesmo que o alcance não tenha sido o mesmo.

10 Songs é o décimo disco de estúdio de Fran Healy e traz uma banda ainda mais renovada, mas sem deixar o saudosismo de lado. Em uma das canções, The Only Thing, Susanna Hoffs, do The Bangles, é a convidada.

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“Eu era fã dela, e há dois anos ela postou um vídeo no Twitter. Era um vídeo muito bom, com a ótima voz dela, e transmitia uma mensagem legal. Então, decidi deixar um tuíte. Duas semanas depois, entrei de novo no Twitter e ela havia respondido. Fiquei muito feliz e até tirei um print para mostrar para meus amigos. Um ano e meio depois disso, tive a ideia de fazer algo com ela. Não achei que ela fosse topar, mas ela é uma pessoa muito do bem, e topou”, comenta Healy, que conversou com o Blog n’ Roll por Skype.

Primeiro álbum de Fran Healy em Los Angeles

O novo álbum do Travis também é o primeiro gravado por Healy morando em Los Angeles. No entanto, ele não vê muita diferença nisso.

“Talvez um pouco, mas nada crucial. Escrever músicas é algo mais manual do que criativo às vezes. Até chegar na parte criativa, você fica cavando até chegar em algo que agrade. Esse é um processo um pouco tedioso, e que dá para ser feito em qualquer lugar. Por isso, acho que não tem tanto impacto morar em um lugar diferente”.

Sobre as letras de 10 Songs, Healy acredita que a influência de Los Angeles pode ter sido um pouco maior.

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“Acho que algumas coisas, talvez. O álbum tem letras muito honestas, e é isso que precisamos atualmente. Hoje em dia as pessoas apenas projetam felicidades nas redes sociais. O Donald Trump vive postando mentiras, então é cada vez mais difícil saber a verdade. Mas, é bom saber que o álbum tem músicas simples e honestas. É bom de se ouvir, é como ar fresco. As melodias também são boas. Acho que a música é um remédio. Se ela te toca e te faz sentir melhor, meu trabalho está feito”.

A pandemia também fez o vocalista do Travis refletir sobre a humanidade. “Parece que o mundo se dividiu em dois: pessoas que acreditam em conspirações, e os outros que são mais inteligentes e conseguem observar a situação com mais clareza. É normal. Cada metade acha que a outra é louca. Talvez todos sejam loucos”.

Healy também comentou outros assuntos durante nosso breve papo. Confira abaixo alguns desses momentos.

Fran Healy e a gravação de 10 Songs

Estávamos ansiosos para gravar o álbum. Nós gravamos em duas sessões: uma de duas semanas em dezembro, e outra de três ou quatro semanas entre o final de fevereiro e o começo de março. Nós ainda tínhamos mais uma semana de gravações, mas eu senti que as coisas estavam começando a ficar estranhas e decidi voltar para casa. Por isso, a gente acelerou o processo, tudo ficou louco, mas foi bem legal até.

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Influência para bandas atuais

Não tenho contato com essas bandas (nota do editor: Coldplay e Keane são citadas frequentemente como bandas influenciadas pelo Travis). E também não sei se nossa banda abriu caminho para esses caras. Se nossa banda não existisse, o Coldplay existiria de qualquer forma.

Eu conheço bem o Chris (Martin), e eu sei que o jeito que ele faz as coisas é brilhante. Ele é muito inteligente quando se trata de colocar a banda dele nos holofotes. Muitos artistas têm essa habilidade.

Travis já esteve na moda, e o Chris gostou do que viu, mas não é como se ele tivesse ido atrás do nosso som especificamente para se influenciar. O que é importante é que suas melodias fazem as pessoas felizes.

Eu, particularmente, não queria ser da maior banda do mundo. Sigo fazendo minhas músicas. Eles fazem diferente, e está tudo bem com isso. Mas, acredito que as comparações só aparecem porque já fomos muito famosos no passado. Eles fazem as coisas de forma bem diferente.

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Ligação de Fran Healy com novos artistas

Eu não costumo ouvir bandas de áreas específicas. Há algumas semanas descobri uma banda muito boa, que coincidentemente era de Glasgow. Comecei a conversar com eles pelo Twitter também (risos). Um deles me enviou um álbum, o nome da banda é Bloke Music, e o som deles é muito bom e original. Geralmente, descubro música por acidente.

Tem uma garota francesa chamada Pomme, que é muito boa. Eu não tenho ideia do que ela diz, mas as melodias são muito boas. Acho que a melodia é o X da questão para uma música ser boa.

Relação com Paul McCartney

Vamos ser honestos: nós não somos bem amigos, somos conhecidos. Não passo o Natal com ele (risos). Eu conheci o Paul em 1999. Nós estávamos tocando no mesmo programa de TV. Depois, o reencontrei em uma viagem em um feriado, e foi ali que conversamos bastante, jantamos juntos.

Ele é um homem normal, na realidade. Conversa, escuta… Se você parar para pensar, os Beatles eram apenas quatro garotos. Mas, algo interessante dessa viagem foi que o Keith Richards tinha uma casa na ilha em que estávamos, e o Paul jantou com ele em um daqueles dias. E o legal é que o Keith retratou isso em sua biografia. E eu estava lá.

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No dia seguinte, o Paul me contou sobre o jantar todo empolgado. Foi muito legal. Não falo com o Paul há anos, até porque não gosto de incomodar, mas ele é uma ótima pessoa.

(Nota do editor: Paul McCartney gravou uma participação especial no primeiro álbum solo de Healy, Wreckorder, lançado em 2010).

***Texto e entrevista por Caíque Stiva e Lucas Krempel

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