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Entrevista | Julia Benford – “Quero construir um trabalho que traga identificação”

A cantora e compositora Julia Benford lançou o EP Naked As My Soul, uma colaboração com o produtor e guitarrista Leo Mayer, que traz muitas referências em um som acústico.

Com forte inspiração em Florence + The Machine, Julia Benford traz em seu EP referências que vão de Bob Dylan e Carole King até sons mais contemporâneos, como a própria Florence Welch.

O EP, com cinco músicas, traz a ex-integrante da Venus Wave e membro d’Os Sabiás em um processo de mudança sonora. A cantora transmite sensibilidade em suas canções gravadas à base de voz e violão.

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Em entrevista ao Blog n’ Roll, Julia Benford falou sobre a parceria com Leo Mayer, influências, processo de criação do EP, sonhos e mercado fonográfico.

Sobre seu novo EP, dá para ver claramente que ele traz muitas referências do Florence + The Machine? Você gosta dela? 

Acho que gostar é uma palavra até fraca, né? A Florence foi para mim uma referência não só musical, mas de estilo e comportamento.

O indie estava em seu auge quando eu era adolescente, ali pelos meus 15 anos. Minha maior referência vem do High As Hope, que é um disco que ela lançou há seis anos e que me representou muito. Florence sempre foi uma artista que usou muitos recursos, como bandas, orquestras e questões visuais 

E aí no High As Hope foi a primeira vez que a vi mais despida com letras super pessoais. Ela falou sobre a irmã dela, com quem ela tinha perdido contato, problemas de autoimagem e bulimia. Achei muito bonito ver como ela conseguiu criar essa maturidade, ela é uma artista maravilhosa.

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Quais referências você carrega dela no seu trabalho?

Essa fusão entre o folk e o rock que ela tem, não é propriamente um rock and roll, mas também não é uma música pop, né? Passei por alguns gêneros como o indie. Ela traz essa referência da Patti Smith também, que gosto muito, Bob Dylan e Carole King, temos referências parecidas.

E ela tem uma coisa, assim, muito romântica. Ela gosta muito da Frida Kahlo, eu também, sou pintora, né? Pintei a capa do disco, é uma foto do meu rosto com umas flores pintadas. E meu trabalho de pintura vem muito do surrealismo. O movimento de arte nouveau também é uma referência muito grande para o meu trabalho, bebemos das mesmas fontes.

Agora, eu queria saber um pouco sobre como foi o processo de criação do seu EP

Foi bem longo. Já tive uma banda que chamava Venus Wave. Chegamos a lançar um EP e ganhamos um concurso na Kiss FM, na época pré-pandemia. Era um mundo bem diferente, o começo da minha jornada na música.

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Mas ainda estava me descobrindo, esse EP foi um desafio porque estava mudando a minha sonoridade e conheci o Leo Mayer, que é o produtor. A gente começou a pesquisar, como que ia soar isso, a minha voz, a interpretação. As músicas foram escritas há uns três anos, mas amadureceram até o lançamento.

Eu também estava me entendendo como uma banda nova. Quem gravou comigo foi metade da minha banda atual, os Sabiás, que também é um projeto que vou lançar em breve, e a outra metade é o Hurricanes, banda do Leo. Eu tinha certeza que seria voz e violão, com um universo folk sem perder essa sensibilidade. Queria que as letras pudessem ser transmitidas da maneira mais íntima possível.

Como surgiu a parceria com o Leo Mayer?

Ele transformou essas músicas. Comecei a estudar violão na pandemia, já tocava um pouquinho de guitarra, baixo, mas não me considerava instrumentista. E na pandemia estava cansada de depender de outras pessoas para musicar minhas letras, precisei tomar a iniciativa de ser mais independente.

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Quando conheci o Leo, que já tem uma outra experiência, gravou várias bandas, teve estúdio próprio, ele tinha uma outra cabeça e trouxe elementos novos para essas canções, deixando mais especiais do que elas eram.

Vocês nunca tinham trabalhado juntos, né? 

Foi a primeira vez, nossa parceria foi bem frutífera. Somos muito sinceros um com o outro, que às vezes é bom, às vezes é ruim também. Mas acredito que uma boa parceria vem da honestidade e acreditar na palavra do seu parceiro musical 

Você acredita que as mulheres hoje em dia têm mais reconhecimento no mercado fonográfico? 

Acho que existe um espaço, batalhamos muito por ele. Midiaticamente falando é interessante para as gravadoras e festivais colaborarem com mulheres musicistas. Mas sinto que não é suficiente ainda Se pararmos por um minuto de reivindicar o nosso lugar, a tendência é ser escanteada. É uma luta eterna, principalmente no rock’n’roll.

Já escutei vários comentários que tentaram me desanimar, mas cada vez que alguém tenta tirar o meu lugar no palco, me dá mais força ainda pra continuar, fico muito feliz porque vejo muitas amigas minhas, não só vocalistas, mas também baixistas, guitarristas, bateristas e tecladistas, ocupando mais lugares. Quero colocar as mulheres no palco junto comigo

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Qual é a sua principal ambição na música? Seu sonho?

Quero construir um trabalho que traga identificação para as pessoas. Meu trabalho é muito visual e caminha junto com a moda, é tudo uma coisa só. Enxergar alguma fragilidade sua, algum relacionamento seu que não deu certo ou que deu, enfim, e construir esse vínculo com as pessoas. Acho que pra mim é o grande motivo pelo qual faço música.  Descer do palco e ouvir que minha música melhorou o dia de alguém é o melhor elogio de todos.

Como está a sua agenda de shows? Você pensa em vir para Santos?

Claro, ainda não tenho um show marcado em Santos, mas estou aberta a sugestões. Inclusive pra mim é o maior prazer viajar tocando, amo essa sensação de conhecer novas pessoas, novos palcos e artistas. A gente vai fazer um show no Exit Bar e no Drosophila, um trabalho mais intimista. Quero fazer acontecer  e os trabalhos estão começando.

Quais são os três álbuns que mais influenciaram Julia Benford como artista? 

Nossa! Pergunta difícil, gosto de muita coisa. Meu gosto musical vai desde jazz e folk até o punk. Mas, vamos lá: The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars, do David Bowie, minha maior influência da vida. Fruto Proibido, da Rita Lee. Por fim, Blue, da Joni Mitchell

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