Com uma diversidade de ritmos brasileiros, o músico e historiador Nando Monteiro apresenta o espetáculo O Que É Ser Brasileiro? A História de Sonho e Coragem nesta quarta-feira (6), às 19h, no Fino da Bossa, em São Paulo. Os ingressos custam a partir de R$ 90,00.
Nando Monteiro criou e roteirizou o programa O Que É Ser Brasileiro?, do Grupo Bandeirantes, e fez mais de 70 entrevistas, que de acordo com ele, foi a principal fonte de inspiração para o show que mostra as tradições e valores brasileiros.
Em entrevista ao Blog n’ Roll, Nando Monteiro explicou a história do espetáculo, comentou sobre as escolhas das músicas, além de ter detalhado os planos de novas apresentações no estado de São Paulo em 2025.
“Quero levar para outros locais, espero em breve estar rodando São Paulo, esse é o meu projeto para o ano que vem: rodar pelo estado de São Paulo, então tentar fazer tanto o interior como o litoral, quem sabe em Santos aí em breve.”
Confira a íntegra da entrevista com Nando Monteiro abaixo.
Nando Monteiro, você é criador e roteirista do programa “O que é ser brasileiro?”. Como o programa te influenciou a produzir o espetáculo?
Ele foi fundamental, porque sou um músico e historiador, né? Então, esse programa, na verdade, é um trabalho que é num vídeo, na TV, e foi criado a partir das minhas pesquisas na área da história, como historiador, que sempre pesquisei sobre identidade nacional e pertencimento. Esse sempre foi o meu assunto.
Depois que criamos o programa e começamos a entrevistar, foram mais de 70 entrevistas. Entrevistamos pessoas do Brasil inteiro contando suas histórias, suas origens e tudo mais. Isso me motivou mais a tentar unir o meu lado músico ao meu lado historiador nesse projeto, nesse show, né, do Que É Ser Brasileiro. Então, o que eu fiz? Me inspirei nos depoimentos lindíssimos sobre essas histórias, essas brasileiras e esses brasileiros, para poder criar esse show. Foi a partir desses depoimentos que comecei a montar essa história e esse show.
Nando, de qual maneira estes personagens estão relacionados com a cultura e os valores brasileiros?
Esses são dois personagens fictícios que criei. Um brasileiro chamado Sonho e uma brasileira chamada Coragem. Eles meio que sintetizam um pouco dessas histórias. Ao longo das pesquisas, tem vários historiadores e sociólogos debruçados sobre a questão da identidade nacional. A gente percebe que ser brasileiro não é uma cultura, não é uma cultura única. Nós temos várias influências de várias culturas, nós somos um povo muito diverso.
Na verdade, o que nos une é o fato do brasileiro ser não uma tradição cultural, mas uma condição. Então, que condição é essa? Essa condição é de ser um sobrevivente. Quando a gente fala do brasileiro, pode ser do norte ao sul do país, a gente pode ter culturas completamente diversas, né? Se a gente for bem pro Rio Grande do Sul, a tradição italiana e alemã, ou no norte, a tradição indígena, são completamente diversos.
Mas o que faz nos reconhecermos como brasileiro? O que faz a gente olhar um pro outro e falar assim, nós somos brasileiros? É que nós somos sobreviventes, somos lutadores, somos pessoas que superam as adversidades com criatividade, com alegria e com um senso de pertencimento muito forte. É isso que faz com que nós nos identifiquemos como brasileiros, e não uma cultura, porque nós somos muito diversos. Sonho e a Coragem sintetizam isso, essa busca pela nossa identidade, essa busca pelo que nos une, pelo que nos conecta.
Isso que significa esse sonho e coragem, que é essa condição de você sonhar uma vida melhor, de sobreviver, de conseguir alcançar uma vida melhor, e ter a coragem, a disposição pra poder correr atrás e conseguir. Isso é ser brasileiro.
Como foi feita a curadoria para a escolha das canções?
Apesar de ter uma linha na condução dessa história, queríamos fazer meio que uma excursão musical por vários ritmos brasileiros. Não faria sentido falar sobre identidade nacional nesse show, sobre o brasileiro, e não tentar abarcar o máximo de ritmos possíveis. Claro que não conseguimos esgotar, porque é o Brasil, mas nós trouxemos alguns importantes ritmos. Começamos a fazer pesquisa sobre grandes artistas nacionais, grandes compositores, autores, intérpretes da nossa música, e também em termos de estilos musicais.
Temos músicas que ficaram famosas nas vozes de Vinicius de Moraes, Elba Ramalho, Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Milton Nascimento, Dona Ivone Lara, é bem diverso. Temos samba, moda de viola, forró, enfim.
Tentamos abarcar uma série de estilos e também grandes artistas que fizeram a música brasileira acontecer.
Como vem sendo a recepção do público ao espetáculo? Pretende levar para outros locais em 2025?
A recepção tem sido muito, muito boa, tem me surpreendido porque é um espetáculo muito diferente, porque é um show onde conto uma história e canto a história. Então vou lendo literalmente a história do Sonho e da Coragem e cantando essa história.
Cada música a gente trata como se fosse uma cena de um espetáculo, e cada cena fala sobre uma característica do brasileiro: força, fé, coragem, esperança, alegria, criatividade, enfim.
A gente já vai para o quarto show, começamos muito pequenos, e o projeto cresceu muito porque os brasileiros se identificam. Sempre é muito curioso porque ao final do show, o público vem conversar com a gente, fala assim” ‘ah, aquela parte da história que você falou me lembrou a história da minha família, dos meus pais, ou a minha própria história, né, ou lembrei dos meus avós, o que aconteceu com a gente e tal’.
Sempre tem um trecho do show que nos identificamos, que a gente se reconhece, e essa é justamente a ideia.
As pessoas se emocionam, muitas pessoas realmente se emocionam porque como é um texto inspirado nesses depoimentos, é um texto muito verdadeiro, muito forte, muito potente.
É um show que tem crescido muito, e é claro, quero levar, sim, para outros locais, espero em breve estar rodando São Paulo, esse é o meu projeto para o ano que vem, tentar fazer tanto o interior como o litoral, quem sabe em Santos aí em breve, e depois de começar a fazer esse tour por São Paulo. A gente quer partir para outros lugares no Brasil, esse é o nosso projeto para o ano que vem.
Nando , qual é a sua parte favorita da peça, o momento que você mais se sente identificado também com o espetáculo?
Tem alguns momentos, mas acho que tem um que acho que talvez me emocione mais, porque também tem um pouco a ver com a minha história, já é próxima a minha história, que é um momento onde o Sonho está falando do pai dele. Ele escreve uma carta para o pai, lê essa carta para o pai, um momento onde me identifico bastante.