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Entrevista | Eskröta – “Estamos resumindo uma história de sete anos em alguns minutos”

Com uma mensagem de empoderamento feminino, a banda Eskröta se apresenta neste domingo (15), no Palco Supernova, no Rock in Rio, junto com a banda The Mönic.

Na sequência, a banda embarca em sua primeira turnê internacional. De 28 de setembro a 6 de outubro a Eskröta se apresentará em Montevidéu, no Uruguai, Rosário e Buenos Aires, na Argentina, e em Santiago, Concepción e Valparaíso, no Chile. E no dia 20 de outubro, o show será no Knotfest, no Allianz Parque, em São Paulo.

Em conversa com o Blog n’ Roll, a vocalista e guitarrista da banda, Yasmin Amaral, explicou como será o esquema dos shows, além de projetar 2025 com um novo álbum. A artista também analisou as mensagens feministas expostas pela banda nas canções. Confira a íntegra da entrevista abaixo.

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Como está a expectativa para o Rock in Rio?

Esse show vai ser uma colaboração ali da Eskröta com a The Mönic, vamos meio que dividir o palco. Já vai ser diferente por isso, porque acho que a gente nunca tinha feito um show colaborativo assim, e de fato vão ter interação entre as duas bandas. Então acho que vai ser diferente, porque vão ter duas bandas de ‘mina’ tocando meio que músicas ali em conjunto em alguns momentos.

O nosso set vai ser um set bem reduzido, geralmente a gente tem 30, 40, 50 minutos pra mais, mas a gente vai ter bem pouco tempo pra mostrar a essência da Eskröta. 

A gente tentou resumir, pegar músicas que são realmente muito essenciais, que não poderiam faltar e contam a nossa trajetória, então vai ter uma música lá do comecinho da carreira, mas também uma do álbum novo, para as pessoas entenderem mais ou menos sobre o que é o show. Acho que já vai ser diferente por isso. A gente tem bem pouco tempo pra mostrar muita coisa.

Estamos resumindo uma história de sete anos em alguns minutos e também fazer esse show colaborativo aí com as meninas da The Mönic. 

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Como foram os ensaios? Rolou fácil a química entre as duas bandas?

Quando a gente soube que ia ter esse show no Rock in Rio e também no Knotfest, que vai vir aí em outubro, que vai ser um show bem parecido, assim, nas duas ocasiões, vão ter algumas diferenças, mas eles vão ser mais parecidos. A gente já começou a ensaiar especificamente para esses shows.

Os shows da turnê normal são os que a gente já meio que sabe tocar, todo mundo já está acostumado, sabe quais são as viradas, as músicas que estão dentro do repertório. Mas nesse outro a gente tá fazendo um ensaio específico. O que vai ser interessante é que as duas bandas ainda não ensaiaram juntas.

A gente vai ver o que vai sair lá na hora. Mas temos ensaiado com as nossas bandas pra fazer o set especial cravado no tempo. Porque ali não pode passar um minuto, dois minutos, não, temos que entregar um show certinho, ensaiadinho. 

Temos feito essa preparação já faz um tempo. Agora essa semana é reta final. É só os últimos detalhes, a gente vai ensaiar mais essa semana. Mas é só pra garantir que está tudo certo. 

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Você também falou do Knotfest. Vai ser parecido com o Rock in Rio?

Cara, acho que sim. Primeiro, vai ser um show parecido porque são as duas bandas novamente juntas. Mas vai ser diferente também. Porque acho que o KnotFest tem a questão de tocar num estádio em São Paulo, uma coisa que foi muito impactante pra gente.

Além disso, será junto com outras bandas que a gente já conhece, admira e tudo mais, além do Slipknot. Então, a gente já tinha em mente fazer algo que mostrasse mais a identidade da Eskröta. É um evento mais pesado.

As expectativas são diferentes também, justamente por isso. O Knotfest vai ser em São Paulo, já tem uma galera que a gente conhece de público mesmo, de fãs e tudo mais, que fala “a gente vai estar no Knotfest”.

No Rock in Rio, não tenho a menor ideia. Poucas pessoas falaram que vão ao palco Supernova. Tenho certeza que muitas pessoas vão passar por lá, mas não necessariamente que conhecem a gente ainda.

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Em resumo, acho que no Knotfest algumas pessoas já devem ter ouvido falar alguma coisa. No Rock in Rio, não tenho a menor ideia. 

Vocês têm tocado com diversos nomes gigantes do metal, como o Napalm Death, o Exodus. Como é dividir o palco com essas bandas? 

Acho que primeiro vem o choque de pensar que são astros do rock, pessoas muito conhecidas. Querendo ou não, o guitarrista do Exodus também foi guitarrista do Slayer, enquanto a banda estava em atividade. Então são pessoas que a gente tem muito como referência, influências na nossa vida.

Em todos os casos, tanto Napalm Death quanto Exodus ou Suicidal Tendencies, todos foram muito queridos, viram o nosso show, chamaram a gente pra subir no palco, todas essas interações. 

Pra mim é uma coisa que jamais imaginava que pudesse ter esse contato direto, em especial com o Exodus. A gente fez dois shows com o Exodus dentro dessa turnê que eles fizeram, foi bem curta, mas em ambos os casos eles viram os nossos shows. Todos eles estavam ali olhando e aí depois no final iam, abraçavam, davam parabéns e tudo mais. 

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É uma experiência muito de realização pessoal, mas também dá pra você aprender mil coisas, como funciona o universo deles, em questão de equipe, equipamento, logística, como eles interagem com o público, quanto merchan eles levam numa turnê dessa. A gente sempre tenta ficar estudando e anotando coisas que a gente vai aprendendo nesse lado com essas bandas que são gigantes.

Mas a primeira coisa que posso falar dessas turnês é a realização pessoal. Você está realizando um sonho ali e isso não tem preço. 

Esta será a primeira turnê internacional da banda. Como estão se preparando para esses shows na América do Sul? 

Estou super ansiosa, não sei pra qual dos três estou mais ansiosa. Acho que essa semana tô muito ansiosa com o Rock in Rio porque já vai chegar, mas a turnê pela América do Sul vai ser muito importante também. 

A Tammy e o John nunca saíram do país, então, vai ser a primeira vez que eles vão sair do Brasil e já vão pra tocar, interagir com outras pessoas, outra língua.

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Querendo ou não, acho que o brasileiro entende muito bem o espanhol. Se tem alguém falando com a gente, a gente tá entendendo. Agora, a gente falar português pra eles já não é tão simples assim. 

Estou realmente tentando estudar algumas coisas, tenho tentado falar mais espanhol, em casa mesmo. Pegar algumas frasezinhas e ver como falaria aquela coisa em espanhol. Porque acho muito massa, principalmente no underground, ver uma pessoa de outro país falar, ‘ah, não sei o que, obrigado, oi, tudo bem e tal’, em português. Acho muito legal que a pessoa pelo menos demonstrou interesse ali e aprendeu um pouco dessa língua, né? 

O meu espanhol é bem básico, não é nem intermediário. Falo bem pouco, me comunico, assim, o essencial. E acho que vai ser um show muito diferente. Porque, primeiro, zero ideia. Nunca fomos pra lá. Acho que ninguém conhece a gente lá e tá tudo certo. Acho que vai ser a primeira vez, um show de estreia da banda para esses países. E a gente está super feliz também porque já surgiram convites legais.

São produtores que já estão trabalhando com várias bandas e tudo mais. E ainda a gente vai fazer alguns shows com o Napalm Death nessa turnê. Então, já vai ter uma galera na casa que vai estar lá pelo Napalm Death e que vai conhecer a gente. 

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A gente está fazendo shows pensando tanto em apresentar a Eskröta pra essa galera que não conhece, tanto pra quem já tem ouvido falar alguma coisa. 

Minha mentalidade está nisso: falar um pouquinho de espanhol e tentar deixar todas as minhas unhas inteiras até lá, porque estou arranhando todas, está muito difícil.

Vocês também lançaram um álbum muito bom em 2023, que recebeu críticas muito positivas. Como é que foi o processo de produção dele? 

Esse álbum, assim como todos os outros da Eskröta, foi feito muito rápido, tudo na nossa carreira é muito rápido. A gente tem, desde 2018, um álbum por ano, praticamente. Acho que a gente só não lançou álbum em 2022 porque era pandemia e tudo mais, não deu tempo. 

Mas a gente lançou um álbum na pandemia. A Eskröta é uma banda que compõe muito rápido.

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Não necessariamente isso é bom, tá, galera? Isso é só um modus operandi que faz as coisas funcionarem aqui. E esse álbum, em particular, tinha acabado a pandemia já fazia um tempo e a gente queria retomar alguns princípios e valores que a Eskröta tinha desde o começo.

Por isso que o nome do álbum é “Atenciosamente, Eskröta”. É como se fosse uma carta para todas as pessoas que acompanham a gente, para as que passaram a conhecer, de mensagens que a gente acha que são importantes de frisar. 

Nesse álbum, a gente tem a Mosh Feminista, que é uma música que a gente já queria fazer há muito tempo.

A gente já tinha a ideia de fazer uma música que fosse para as minas entrarem no mosh e ocupar esse espaço. E nesse álbum a gente conseguiu. 

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A gente também fez uma música, a primeira do álbum, que se chama Cena Tóxica, que fala de às vezes você estar num rolê com pessoas que não são tão legais assim, que te puxam para baixo, ou que, às vezes, politicamente estão num lado que a gente considera que está errado. Enfim, a gente quis trazer algumas mensagens totalmente em português nesse álbum. 

Nos nossos outros trabalhos têm pelo menos alguma coisinha em inglês. Então, a gente gosta também de colocar algumas mensagens em inglês, mas esse álbum a gente decidiu que seria totalmente português para a gente se sentir à vontade e passar a mensagem. E também para a galera entender sem ter nenhuma sombra de dúvida, mas foi bem rápido e efetivo, porque a gente já saiu com o álbum pronto.

Tipo, galera, essa é a nossa mensagem. Muito obrigada! Quem quiser, contrate o nosso show e é isso. Então tem sido legal, porque as pessoas têm entendido o nosso posicionamento.

Também acho que a gente veio com muita segurança e mais forte nesse último álbum. Acho que tudo colaborou para a recepção dele ser legal também. A nossa comunidade aumentou.

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A gente tem vários amigos que são fãs, fãs que são amigos. A gente não sabe onde termina essa linha ainda, mas sei que essa galera tem aumentado. E acho que Atenciosamente, Eskröta colaborou bastante para isso. 

Vocês abordam temas sociais e de empoderamento feminino nas letras. Como esses temas influenciam a sonoridade e a composição das músicas? 

Isso vem desde o princípio da banda. A gente sempre pensou sobre o que seria a banda pra depois começar a entender qual seria o som. Então, primeiro veio a ideia. Basicamente, a gente queria que fosse uma banda com mulheres. 

Então, já começa daí o posicionamento. A gente precisa de protagonismo, a gente precisa de voz, a gente precisa falar das coisas que a gente gosta.

Então, não vejo a Eskröta falando de uma coisa completamente apolítica, que não tem nada a ver com o que a gente vive, com as nossas frustrações, com a nossa identidade. 

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Muita gente confundiu quando a gente lançou um álbum chamado T3rror (2022). “Ah, é um álbum que só fala de filme de terror, não tem nada a ver com política”. Mas ele é um álbum super político, sim, porque a gente trouxe só filmes que as mulheres são protagonistas, e a gente trouxe uma perspectiva não só do personagem ali, do filme de terror, mas também das mulheres que atuam nesses filmes.

Enfim, a Eskröta é sobre isso. A gente primeiro vem com a ideia, pensa muito sobre o que a gente vai falar, qual vai ser a próxima mensagem, e aí o som acompanha muito isso e vem essa revolta toda em forma de música e vira o que a gente tem lançado nesses últimos anos.

A participação de Milton Aguiar, da banda santista Bayside Kings, na faixa Pertencer e Conquistar, foi um dos pontos altos do álbum. Como surgiu essa colaboração?

Sou muito fã de Bayside Kings, já tinha ido em alguns shows deles, e aí vi que ele curtiu uma coisa nossa no Instagram. Se a pessoa curte uma coisa nossa, já me dou a liberdade de achar que aquela pessoa tem uma simpatia pela gente. E aí fui lá e mandei mensagem pra ele, tipo, ‘oi Milton, tudo bom? Sou fã da sua banda, o que você acha de fazer uma música com a gente?’ E ele super aceitou, e daí nasceu uma amizade, que foi para além da música, a gente já chegou a fazer várias coisas juntos, turnê com Bayside Kings, vários shows a gente fez depois disso.

E a Bayside também é uma banda que traz uma bandeira. Eles falam sobre muitas questões sociais dentro do hardcore, e a música também fala sobre você conquistar espaços, porque às vezes fica tão fechado em algumas bandas, algumas panelinhas e tudo mais. 

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E acho que a Bayside Kings, vindo lá de Santos, a Eskröta, aqui do interior de São Paulo, outras bandas que estão aí pelo Brasil, a gente tem que lutar muito pra conseguir um espacinho aqui na cena de São Paulo, um slot no festival, como o Rock in Rio, Knotfest, são coisas muito difíceis mesmo, então são conquistas pra gente. Acho que a Bayside tem a mesma veia, foi por isso que surgiu essa colaboração.

Queria saber o que a gente pode esperar em termos de lançamentos e projetos nos próximos meses. Tem novidade vindo aí? 

Tem, porque a gente, além de estar com esse monte de show, turnês e tudo mais, a gente deve entrar em estúdio ainda no final deste ano, no começo do ano que vem, para lançar o próximo álbum em 2025. Essa é a nossa meta. Tanto que agora vai ser outra exceção, provavelmente, acredito que em 2024 a gente não lance nada. 

Não posso prometer também, porque essa banda é muito dinâmica e doida, pode ser que a gente lance alguma coisa aqui no final do ano, mas, a princípio, a ideia é focar em 2025, entregar um material completo, várias músicas, também mostrar um pouco mais do que a gente aprendeu nos últimos anos de produção.

Quais os três álbuns que mais te influenciaram como artista? Por que?

De cara, o Brave New World, do Iron Maiden, porque foi a partir de The Wicker Man que decidi que queria tocar guitarra, aquele primeiro riff foi essencial para determinar que eu ia ser guitarrista e é isso.

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Depois colocaria o Bricks Are Heavy, do L7, porque é uma banda muito importante na minha vida, elas moldaram um pouco da minha personalidade punk, de como queria ser descolada e mina no punk, no metal e tal. O L7 tem uma contribuição muito grande de representatividade, senti como é que era ter mulheres ali tocando juntas e fazendo um som pesado.

E, por último, vou colocar o Bonded by Blood, do Exodus, porque acompanhou também muito da minha trajetória, apesar de não ser uma banda que ouço tanto hoje em dia. Mas teve uma época que ouvi muito e me ensinou muita coisa.

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