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Entrevista | Lobão – “É o disco da minha vida”

Aos 58 anos, Lobão – nome artístico de João Luiz Woerdenbag Filho – não sabe o que é ter papas na língua. O cantor, compositor, escritor, multiinstrumentista, cronista (ufa!) e vlogger é conhecido por suas críticas tanto nas músicas, quanto na política. Se em 1989 ele fazia campanha para Lula durante apresentação no Domingão do Faustão (Globo), hoje ele é um de seus maiores críticos.

“Que a Dilma saia, que o PT saia e todos os culpados sejam punidos. Tem gente que quer que a Dilma seja expulsa, mas votaria no Lula. O pai disso tudo é o Lula”, disse Lobão na edição de março da revista Veja, em papo sobre as manifestações do dia 15 daquele mês.

Não foi diferente no livro Manifesto do Nada na Terra do Nunca, que ele classifica como “um ensaio sobre a paralisia da cultura brasileira”. Ele acaba de lançar o trabalho em que conta seu processo de criação do novo álbum. É o terceiro livro de sua carreira. Os anteriores se chamam Em Busca do Rigor e da Misericórdia.

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No álbum, Lobão fez tudo sozinho. Produziu, cantou, tocou… Experiência inédita até então e que ele justifica ter se preparado durante anos. Lobão toca nesta quinta-feira, a partir das 21 horas, no Teatro Coliseu, em Santos. O cantor se apresenta em versão intimista, em voz e violão. Os ingressos custam de R$ 70,00 a R$ 90,00. O Coliseu fica na Rua Amador Bueno, 237, Centro.

Entre um ensaio e outro e o lançamento do livro, em São Paulo, Lobão se comunicou com o Blog n’ Roll, por e-mail, sobre o processo de criação, suas epifanias e negou boatos de que vai entrar na política, além de comentar sua atividade na internet. Veja a seguir.

Você está ansioso para tocar por aqui? Tem alguma lembrança que queria compartilhar da nossa região?

Sim! Adorava tocar no Caiçara Clube e fui o último a tocar lá. Começou a tremer tudo com a vibração do público e depois disso foi interditado. Isso é que posso chamar de um show demolidor!

Você está lançando mais um livro, Em Busca do Rigor e da Misericórdia, como você o define?

O novo livro, Em Busca do Rigor e da Misericórdia, é uma espécie de epifania. Para se ter um foco correto sobre o conteúdo desse meu terceiro livro, antes de mais nada devemos percebê-lo através de um relato em profundidade de como idealizei, compus, arranjei, toquei e gravei sozinho meu novo disco. É disso que o livro trata: uma busca pelo rigor e pela misericórdia.

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Toda a sua cosmogonia, os insights filosóficos, sua poesia, meu processo de criação poético-musical como autocura, as revelações transcendentais, a eternidade a um milímetro como companheira, a morte como estímulo da vida breve e da vida que está no por vir sugerida numa aurora, a solidão como aliada… Esse é o foco.

O rigor está presente em tudo no relato. Um rigor estóico (sic), rigor comigo antes de mais nada. Imaginar esse livro de outra maneira é um severo equívoco. O resto é mero acessório literário.

Por que você decidiu usar a plataforma crowdfunding, onde pessoas doam dinheiro para projetos autorais, para lançar o seu novo álbum?

Porque sou aventureiro e pioneiro nos empreendimentos. Inclusive, acabei de receber na semana passada o prêmio DMX de projeto mais criativo de crowdfunding. Seria muito saudável e de muito bom alvitre a classe artística enveredar por esse tipo de empreendedorismo.

Esse trabalho tem viés político? Você tem posição?

Não há este viés político! Há viés poético! Há o foco obsessivo em relatar a gênese das canções, como nasceu o conceito do disco, da história de suas letras, de como nasceram as melodias, os instrumentos que utilizei, como os microfonei e os gravei, os livros que li, meus diálogos com meus autores favoritos, meu dia a dia no meu estúdio.

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Eu só escrevi esse livro por achar uma verdadeira façanha compor, tocar, arranjar, gravar e conceber um disco todo sozinho e feito numa edícula no fundo da minha casa e com uma qualidade de som impecável, demencialmente (sic) fora da curva. Esse é o fascínio do relato. O resto é tentativa vã de fofoca.

Gostaria que comentasse um pouco sobre o processo de produção de O Rigor e a Misericórdia. Foi difícil gravar tudo? Como foi isso?

Foi, de longe, a coisa mais trabalhosa que já me meti a fazer! Entretanto, para minha fortuna, também foi o trabalho mais elaborado, mais bem concebido e mais bem produzido que já fiz. É o disco da minha vida. Conto tudo isso em detalhes no livro e é isso que venho tentando dizer desde o início da entrevista.

Você pretende entrar na política?

Isso nunca aconteceu. Nunca ouvi esses boatos e quem me conhece de verdade não haverá (sic) de prestar atenção a uma fofoca grosseira e sem o mínimo fundamento como essa. Eu sou um artista: estudei a minha vida inteira para obter a necessária excelência no meu ofício. Um político deveria se preparar com o mesmo afinco em sua área. Eu não tenho o mínimo preparo nem tampouco o mínimo interesse nessa ocupação.

As redes sociais caíram no seu gosto, não é? Aliás, você também responde a quase todo mundo. Fale um pouco dessa experiência.

Eu migrei para a internet em 1997. Minha meta desde então é ser independente totalmente, desde o nível criativo, musical, gráfico, até o empresarial, midiático e empreendedor. É disso que se trata a minha carreira. Fui um dos pioneiros a usar a rede e é por isso mesmo que hoje em dia posso escolher com muito conforto e severa seletividade aonde e quando aparecer.

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