A banda brasiliense Scalene está curtindo um momento novo na carreira. Além de seguir explorando possibilidades sonoras, o grupo também está com uma mudança importante em sua formação. O baterista Philipe “Makako” Nogueira deixou a banda e foi substituído por músicos convidados nos primeiros shows pós pandemia.
E por falar em apresentações, a banda está com duas bem próximas: sábado (6), às 20h, no Teatro do Sesc Santos. Posteriormente, em 11 de dezembro, no Cine Joia, em São Paulo. Ambas estão com ingressos à venda. Na Capital, o agora trio terá a companhia do Far From Alaska e Disaster Cities.
Além de um passeio pela discografia, os shows também contarão com os singles recém lançados. Até o momento, foram três novidades: Névoa, Tantra e Febril. As duas primeiras, aliás, chegaram na última sexta-feira.
O mais interessante notar é como a fórmula de transformação da banda segue apurada. Névoa e Tantra mostram uma banda que não se cansa de reinventar, explorar e experimentar. Por fim, vale ressaltar que faz isso com muito bom gosto.
O guitarrista Tomás Bertoni conversou com o Blog n’ Roll sobre a nova fase da Scalene e o que os fãs podem esperar sobre o formato trio, junto com Gustavo Bertoni (vocal) e Lucas Furtado (baixo). Confira abaixo.
Qual é a construção narrativa buscada por vocês nessa nova fase?
Tem sido uma mistura de um grande planejamento prévio com decisões/definições a cada nova etapa. Temos ideias de onde queremos chegar e como, mas deixamos o processo a cada dia ditar o caminho também.
Algumas faixas abordam o autoconhecimento e a busca por epifanias. O quão impactante foi o isolamento social nessa obra?
Febril tinha mais relação direta com as consequências do isolamento. De qualquer forma, autoconhecimento e a busca por epifanias foram muito afetados também e, às vezes, rola uma sensação de que a única coisa que podemos tentar ter controle nessa vida é do nosso próprio processo interno. E digo “controle” no bom sentido, inclusive abrindo mão dele quando necessário.
Muitos artistas optaram por lives, enquanto outros se trancaram em casa ou estúdio para ensaiar e gravar novos sons. Como manter a empolgação sem poder fazer shows neste período de composições em meio a pandemia?
Realmente é muito particular de cada artista e banda. Pro Scalene não faltou uma “empolgação” para fazer um novo álbum. Sem dúvida foi muito mais difícil, mas em grande parte porque a vida no Brasil e no mundo está difícil mesmo.
O tempo e energia investidos pra se estar na estrada fazendo shows não existiu mais e isso foi revertido pra outras coisas, dependendo de cada projeto. Pra nós, parte dessa energia foi destinada a podermos caprichar em detalhes na criação do disco e de todo conceito que nunca tínhamos tido como fazer ou nos permitido fazer.
Névoa e Tantra possuem sonoridades bem distintas. Vocês acreditam que elas resumem bem o que se pode esperar de um novo álbum da Scalene?
São singles de um novo álbum, então obviamente gostamos delas, mas o disco vai muito além. Acho que não colocaria que é um bom resumo de todo o resto.
O que representa a saída do Makako da banda? Vocês pretendem seguir como trio e chamar um músico convidado para os shows? Ou pretendem efetivar algum músico nessa vaga?
O Makako é nosso amigo de infância, acima de tudo. Foi uma separação, naturalmente difícil e é emocionante, às vezes, lembrar de tudo que passamos juntos e das razões do porque esse ciclo se encerrou. Vamos começar com músicos convidados até entender o encaixe, não só musical, com um novo ou uma nova integrante.
Como está a expectativa para o retorno dos shows? O que acreditam ser diferente daqui para frente, além das questões lógicas como máscara e álcool em gel?
Eu aprendi a não ter muitas expectativas com nada em relação à pandemia. Ainda mais com a crueldade insana que governa o país. Nem felicidade senti direito ainda, com shows voltando e nós mesmos tendo shows sendo marcados. Espero que as pessoas valorizem mais o que a arte traz e proporciona, seja qual for a linguagem.