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Crédito: Lucca Valor e Maria Luiza França / Divulgação

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Entrevista | Tontom – “Foi um susto muito positivo o sucesso de Tontom Perigosa”

Conhecida por cantar a música Tontom Perigosa, que viralizou no Tik Tok nas últimas semanas, Antônia Périssé, a Tontom, chegou a ter seu hit como top 1 do Spotify Brasil e lançou recentemente o EP Mania 2000, com cinco faixas.

Em entrevista ao Blog n’ Roll, a artista explicou como, mesmo de forma indireta, foi ter referências em sua casa desde pequena. Para quem não sabe, a jovem cantora é filha da atriz Heloísa Périssé. 

“Acho que esse estímulo sempre existiu, mas não de uma forma direta. Porque via minha mãe trabalhando muito. Ela não parava em casa, mas sempre estava muito feliz com o que ela fazia”

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A artista de 17 anos ainda está no ensino médio, e confessa ser estranho, mas muito satisfatório receber elogios de colegas de classe com quem não tem tanta proximidade. “Não é uma galera que cresci junto e que tenho tanta intimidade. Mas todo mundo comenta comigo no corredor, tipo, ‘ah, eu ouvi sua música’, ‘sei lá o quê’, ‘parabéns, tô viciada no seu EP’. E é muito legal estar sendo reconhecida”.

Tontom também falou sobre seu processo de composição. A cantora disse que ela costuma apenas sentar e esperar as letras virem na mente, geralmente expressando sentimentos. 

Crises 2000 foi uma música que comecei a escrever literalmente tudo que estava acontecendo comigo naquele momento. E, enfim, era um momento meio conturbado. E aí sentei na cama, peguei o violão e comecei a falar tudo”.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com Tontom.

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Você deu seus primeiros passos na música durante a pandemia. Como é que foi essa transição do hobby para o profissional? 

Então, na verdade, comecei agora, né? Tipo, como profissão mesmo. Na pandemia, acho que ainda levava como um hobby. Mas comecei a estudar mais, de certa forma. Levar um hobby mais a sério, sabe?

Mas agora que tô começando a ver isso de um outro jeito. Na verdade, acho que quando comecei a produzir minhas músicas, depois entrei nesse processo de lançar, foi quando essa transição começou a acontecer. Realmente, é uma coisa, assim, você ver que a sua paixão se tornou um trabalho também. E que coisas que você não ama vão se juntar a isso, sabe?

Mas acho que a minha paixão pela música sempre prevaleceu. Tanto quanto um hobby, quanto um trabalho. Então, acho que é um pouco de tentar separar as duas coisas dentro de você. Na vida, o trabalho e a música vão se misturar mesmo.

Você sempre teve esse estímulo em casa? A sua mãe é artista também. Você provavelmente a viu misturando o trabalho com a paixão. 

Acho que esse estímulo sempre existiu, mas não de uma forma direta, sabe? Porque via minha mãe trabalhando muito. Ela não parava em casa, mas sempre estava muito feliz com o que ela fazia.

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Então, nunca a vi reclamar de trabalho, nunca a vi triste. Mesmo estando exausta, sempre foi uma coisa que fez ela transbordar amor, sabe? Então, mesmo convivendo com ela tão perto e vendo o quão trabalhoso é, sempre pareceu algo muito legal, entende?

Acho que esse amor que minha mãe conseguiu levar pro trabalho dela é uma coisa que peguei também, de certa forma, porque, mesmo sendo uma coisa extremamente trabalhosa, é algo que amo fazer com todo o meu coração e estou muito feliz com isso fazendo cada vez mais parte da minha vida.

Como é que funciona o seu processo de composição? Você traz essas experiências que você vive? 

Acho que tudo acaba sendo baseado na minha vida. Escrevo músicas de uma forma muito orgânica. E a maioria das músicas que está nesse EP, escrevi elas sem necessariamente pensar em lançar. São coisas muito pessoais.

O meu processo geralmente é muito, tipo, sei lá, vem uma ideia aleatória, uma palavra que acho interessante de alguma forma, alguma frase, ou qualquer coisa, e anoto. E aí depois vou pro violão ou pro piano e tento desmembrar alguma coisa a partir disso, sabe? Esse é um dos processos que rola. 

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Ou então, às vezes sinto que tô criativa e que preciso colocar alguma coisa pra fora, e só sento no violão e escrevo, espero sair alguma coisa, sabe?

Crises 2000 foi uma música que comecei a escrever literalmente tudo que estava acontecendo comigo naquele momento. Enfim, era um momento meio conturbado. E aí sentei na cama, peguei o violão e comecei a falar tudo. ‘Palavras não saem, lágrimas caem, pensamentos é mil e as Crises 2000’. É muito um reflexo do que realmente acontece comigo na maioria das vezes. Por isso que acaba sendo uma coisa tão íntima.

O seu primeiro single, Tontom Perigosa, virou um hit muito rápido. Principalmente, em redes sociais, foi muito usado em trends também, né? Você esperava esse reconhecimento tão rápido? 

Não esperava que fosse acontecer tão rápido. Lancei de forma independente, sem gravadora. Então, estava esperando que fosse ficar mais no underground, as pessoas iriam me conhecer aos poucos.

Mas foi um susto muito positivo o sucesso de Tontom Perigosa. E é muito bom ver as pessoas se identificando com a música de alguma forma. Recebo muitas mensagens, tipo, ‘obrigado, essa música me dá vontade de viver, sei lá o que’. E quando escrevi essa música, não estava pensando tanto numa resposta do público, né? Era uma coisa muito mais minha. Ver essa troca é uma coisa muito incrível. 

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Você ainda está no ensino médio, certo? Como é que funciona isso na escola? Tem um reconhecimento da galera?

Acho que foi uma coisa meio orgânica. Já tinha mostrado para alguns, alguns já sabiam, outros não. E aí, entrei nessa escola esse ano, na escola que tô agora. Então, não é uma galera que cresci junto e que tenho tanta intimidade. Mas todo mundo comenta comigo no corredor: ‘ah, eu ouvi sua música’, sei lá o quê’, ‘parabéns, tô viciada no seu EP’. E é muito legal estar sendo reconhecida.

Porque, como tudo acontece online, ainda não tô fazendo show, por exemplo, tudo tá no virtual, é uma coisa que divide um pouco minha cabeça, me buga um pouco quando alguém me reconhece na rua.

É algo como ‘caraca, como é que você me conhece?’ E aí, sei que realmente está viralizando. Então, é uma coisa que ainda tô digerindo, mas é muito bom, é muito legal. Com certeza. 

Você tem a pretensão de excursionar com esse EP? 

Já tenho shows marcados pra agora. Vou fazer um dia 28 no Audio Rebel, lá no Rio. Tenho um 2 de outubro no Blue Note do Rio também, e algumas datas que ainda estão sendo resolvidas. Mas os shows são os próximos passos. Por enquanto quero aproveitar esse primeiro lançamento, antes de firmar um próximo lançamento. Mas com certeza tenho muita vontade de lançar um álbum, novos singles. São coisas que já estão sendo encaminhadas, mas mais pra frente. Por enquanto, o Mania 2000 é o que quero levar mais pra frente. 

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Você já deve ter escutado o pessoal comparando Tontom Perigosa com Rita Lee. Como você recebe esse tipo de comentário?

Acho engraçado as pessoas fazendo essas associações. Acho que quando escrevi a música, pensei logo de cara na Rita Lee também, porque foi uma música que surgiu a partir do título. 

E acho que o título é uma das coisas que mais se relaciona com ela. Mais até do que a música em si, necessariamente. Acho que, apesar da canção também ser parecida com o estilo de música que a Rita fazia, é legal as pessoas fazerem essas conexões. Ao mesmo tempo que tenho uma identidade própria também no que faço, sabe? E busco muito isso, criar uma coisa minha. Obviamente, com referências e inspirações que fazem parte, mas querendo sempre ser eu mesma, entende?

Além da Rita Lee, quais outras influências você carrega para o seu trabalho?

Acho que no meu EP tem muitas referências de muitos artistas. É uma coisa tudo meio junto e misturado, mas artistas que estava escutando muito na época eram Erasmo Carlos, Mac DeMarco, Billie Eilish, Gilberto Gil, Connan Mockasin, Beatles, que é uma referência máxima pra mim. 

Acho que esses artistas estão presentes no meu trabalho. Amy Winehouse também é uma artista que admiro muito. O meu produtor musical acha que Sunshine tem tudo a ver com ela, por exemplo. Não via dessa forma, mas acho que com certeza pode ter alguma coisa a ver, sabe? 

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Se você tivesse que criar uma playlist no Spotify, qual artista não entraria de forma alguma?

Não, sou meio contra isso. Acho que sou muito aberta pra escutar tudo. Não sei se tem algum artista que tenha em mente e me venha isso, sabe? Pelo contrário, acho que sou uma pessoa que sempre gosta de ouvir novas coisas e tá procurando novas referências. Acho que tudo é bem-vindo, sabe? E depois decido o que gosto e o que não gosto, mas não existe nada que diga não de cara.

Tontom, você consegue mencionar os três álbuns que mais te marcaram na sua formação musical?

Difícil, tinha que pensar um pouquinho. Acho que o Acabou Chorare (Novos Baianos). Alguns dos Beatles, com certeza, mas é muito difícil escolher qual, talvez o Álbum Branco esteja nessa listinha aí. 

Vou falar um que tô ouvindo muito no momento, o Pérola Negra, do Luiz Melodia. Ou Transa, do Caetano Veloso. Não sei, mas vou falar o Pérola Negra, tô escutando muito ultimamente.

São três álbuns que tenho um carinho gigante. Acho que o Acabou Chorare é um que faz parte da minha vida há muito tempo, com certeza teve muita influência pra tudo que já escrevi, sabe? 

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