“Num mundo tão incerto quero prosperar, então eu blindo meu caminho
A verdade não falha, penetra na alma
Fé na caminhada onde quer que eu vá
Desejos de paz para o mundo todo
Sei que vão chegar”Pedro Alex
Esse é um dos trechos otimistas da faixa Vibrações que está no novo álbum de mesmo nome do cantor Pedro Alex. O projeto acabou de sair e é o primeiro disco do cantor, compositor e multi-instrumentista brasiliense em parceria com a Sony Music.
Com letras recheadas de mensagens positivas, é claro que o trabalho transmite a paz que o artista deseja para o momento. Em uma mistura de black music, rap e R&B, Pedro conseguiu uma façanha: acalmar os corações mais agitados com música de qualidade.
“Desejo que as pessoas sintam isso. É aquilo: você entra no carro, liga o som e desliga um pouco a mente. Você sabe que vai ter que voltar para o mundo lá fora, mas vai fazer isso de maneira muito mais leve”, conta.
E se é para descrever o álbum, a palavra leveza é de fato o que representa as oito faixas do projeto que começou a ser produzido em junho de 2019. Apesar disso, o cantor já tinha algumas composições na manga, como é o caso da música Preta, que passou por uma reformulação durante o período de pandemia.
Influência dos pais
O jovem de 22 anos estreou com o disco no início do mês, mas a paixão musical e a “mão na massa” começaram desde cedo, por influência dos pais.
Aliás, se o timbre de Pedro parece familiar, provavelmente você deve ter acompanhado os votos de paz nas músicas da banda Natiruts, lá no começo dos anos 2000. Pedro é filho de Alexandre Carlo, vocalista do grupo de reggae, e é claro que ele não nega o interesse fomentado pelo pai, desde quando era apenas um menino apaixonado por futebol.
“Meu amor pela música começou em casa. Meu pai me incentivou muito, por ser cantor e músico e a minha mãe também sempre gostou muito desse universo. Mas ele foi minha principal inspiração para o álbum, trocamos muitas ideias e somos referência um do outro, claro, ele muito mais do que eu”.Pedro Alex
E é assim que o cantor cresceu, rodeado por muita música e com liberdade de criação para externar sentimentos através das melodias. Dessa forma, aprendeu baixo, piano, bateria, guitarra e violão, e dentro do estúdio montado no próprio quintal de casa produziu ou coproduziu todas as músicas do novo trabalho, envolvendo inspirações do soul, funk e afrobeat nas canções criadas.
“Eu quero que as pessoas me vejam como um artista bem versátil. Dentro do álbum tem várias atmosferas diferentes. Então você consegue enxergar vários lados do Pedro Alex dentro desse projeto. Além de cantor e compositor eu sou instrumentista e produtor musical, por isso, gostaria que as pessoas me enxergassem como alguém que pode produzir qualquer tipo de som”, explica.
Parcerias de Pedro Alex
Fora o auxílio do pai nesta jornada de criação do álbum, Pedro contou com a parceria de diversos amigos já envolvidos com música. Entre uma indicação e outra, o produtor Iuri Rio Branco, conhecido por trabalhar com artistas de R&B e hip-hop como Flora Matos e Jean Tassy, foi o primeiro a ser chamado para dar uma nova cara ao projeto. A sintonia de ambos bateu e o resultado foi o afrobeat moderno da faixa Vem Ficar e do reggae da canção Fala de uma Vez.
“A gente tinha vários amigos em comum, então o contato aconteceu de maneira muito tranquila e natural. Nos conhecemos já no dia de começar as músicas, então até poderia não bater a vibe e dar errado, mas pelo contrário, acabamos nos tornando amigos para fora do âmbito musical”.
O músico Kevin Ndjana também participou da canção “Vem Ficar”, uma vez que trabalhavam juntos no estúdio da casa de Pedro e acabaram por estreitar a amizade. O resultado: uma música cheia de melodia e um abraço para a alma de quem escuta.
Bell Lins e PRS
A cantora Bell Lins fez parte do projeto e emprestou a voz doce para um feat na faixa Calma, que teve produção de Iuri Rio Branco. A brasiliense foi apresentada pelo baterista do Natiruts, Lucas Pimentel, e no final, a parceria deu tão certo, que atualmente Pedro está produzindo o novo álbum da artista e amiga.
Outra participação especial foi a do músico PRS, o Peres. O rapper já é amigo de longa data de Pedro Alex, e é claro que não deixaria de fazer parte de um feat na música título do álbum.
Vibrações ganhou um toque único com a parceria do músico que faz parte também do grupo de hip hop Puro Suco e em breve vai lançar um álbum produzido pelo multi-instrumentista. Pedro Badke também participa do som.
“As relações das parcerias surgiram a partir de amizades, para além dos interesses fonográficos, mas obviamente chamei as pessoas que eu achava que seriam certas para compor todas essas músicas. Eu havia trabalhado junto deles de certa forma, mas o principal para esse álbum foi o afeto e o nosso contato”, diz.
Monkey Star
E das amizades do cantor, também surgiu uma marca de roupas cheia de significados. O sócio do projeto é melhor amigo de infância de Pedro. Bernardo Vieira fez parte de toda a trajetória do músico, desde os tempos de escola. Apesar de crescerem e seguirem cada um perspectivas diferentes de vida, sempre mantiveram o laço de união.
Com a troca constante de ideias, calhou de Bernardo ingressar como designer de moda em um momento em que o cantor queria muito lançar a própria marca com um estilo pessoal. Assim, uniram as duas vontades: a de conceber algo único através da própria criação e trabalho.
“A marca de roupas Monkey Star já era uma ideia antiga que eu tinha. Esse nome eu escolhi para poder ressignificar o termo pejorativo ‘macaco’ que é usado contra pessoas pretas. Na verdade o macaco é a estrela do show, é a pessoa que se destaca, que tem valor. Muito valor”, conta.
A ideia inicial não era lançar a marca juntamente com o álbum, mas devido à pandemia, acabou que ambos coincidiram. O projeto musical era para ter saído no ano passado, mas com a chegada do coronavírus, Pedro deu uma pausa no lançamento do disco e se juntou ao amigo para conceber a Monkey Star.
Assim, Pedro ajuda na criação dos conceitos das coleções e dos vídeos de divulgação da marca. Enquanto Bernardo cuida da concepção das roupas, desde a criação até a fase final de produção. A primeira linha foi lançada em março com estampas feitas pela irmã do músico e já são sucesso.
Preconceito
Com a marca de roupas, Pedro evidencia que se engana quem pensa que por cantar sobre amor e espiritualidade ele deixaria a crítica de lado. Pelo contrário, ele quer ser conhecido como um músico consciente, com letras, melodias e atitudes coerentes com o discurso que prega.
“Na minha caminhada eu quero mostrar isso. Que apesar de eu estar falando sobre coisas positivas eu não estou alienado. Quero fazer a minha caminhada e abordar preconceitos, de maneira que estejam atrelados ao meu trabalho, junto com a minha música, a minha marca e a minha história”, explica.
O multi-instrumentista acredita que em relação a outros momentos da história da música, apesar do período sinistro de pandemia e de certos discursos, os preconceitos estão caindo por terra.
Mesmo longe de uma realidade ideal, ele acredita que aos poucos pessoas pretas, mulheres e LGBTQIA+ estão sendo incluídos, mas Pedro destaca que muito disso é por interesse de quem está controlando as tendências e que utilizam de pautas em alta, como a homofobia e o racismo para ganhar dinheiro e não por estarem de fato preocupadas com essas questões.
“Falta mudar esse mindset, o modus operandis dessas coisas. É uma utopia pensar que todas as pessoas vão se conscientizar agora, mas ainda falta um pouco dessa visão. Está mudando para melhor, mas ainda falta muito para se falar, por isso temos que procurar sempre colocar isso em pauta, seja de maneira crítica ou de uma forma um pouco mais lúdica, trazendo algo mais bonito da diversidade. O importante é estar falando sobre isso conscientemente”.
Planos de Pedro Alex
Com o lançamento do álbum e da marca de roupas, Pedro não pretende parar. Somente esse ano ele quer lançar também dois álbuns que produziu. Em resumo, é um do grupo de hip hop Puro Suco e outro da banda Astronautas da Cidade Satélite. No segundo, fez em parceria com o Matheus Ronchi, produtor que mixou o projeto Vibrações.
Outra novidade que pode sair ainda em 2021 é o disco da cantora brasiliense Bell Lins, que já está no processo de produção.
Além disso, Pedro já preparou outro álbum solo com um estilo diferente deste primeiro. O trabalho já foi concluído, mas ele está aguardando o melhor momento para divulgar esse novo projeto. Aliás, ele conta com músicas mais orgânicas e uma estética totalmente distinta. Sem contar as participações com outros artistas que ainda não foram reveladas, mas que estão na etapa de produção e logo estarão nas plataformas também.
“Eu espero que escutem muito meu nome esse ano porque tem muita coisa ainda para sair. São esses três projetos, fora as outras músicas que eu já estou pensando para um terceiro álbum. Músico é assim né? Estamos sempre pensando no próximo. Temos que fazer a roda girar”, conclui.