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Entrevista | Zimbra – “Passamos a ter uma visão diferente sobre nós”

Um dos nomes mais festejados da cena musical santista, a Zimbra tem demonstrado cada vez mais o crescimento, e principalmente, amadurecimento que obteve no cenário que está inserida.

Influenciada por grandes nomes do pop rock nacional, dessa vez, a banda aparece com a mesma identidade, mas com uma forte produção de bastidores.

A grande verdade é que juntos, Rafael Costa (vocal e guitarra), Vitor Fernandes (guitarra), Guilherme Goes (baixo) e Pedro Furtado (bateria), estão expandindo o som da região para todo o país, e agora de maneira muito mais intensa do que já haviam pensado.

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Prova disto é o trabalho que desenvolveram com os produtores Andherson Miguez e Rick Bonadio, no mais recente trabalho intitulado Sala Dois. Um álbum reflexivo, nostálgico e com o estilo que somente a Zimbra poderia entregar.

Este foi o primeiro disco lançado pela gravadora Midas Music, o que simboliza uma virada de página na trajetória independente do grupo. Talvez, a etapa mais importante de uma nova fase da carreira dos quatro amigos.

“Está sendo incrível para gente. Nós já vínhamos buscando algum produtor para realmente acrescentar na nossa música. Foi muito legal tocar com o Andherson e com o Rick, que é um ícone da nossa cena e do rock nacional já há muito tempo”, explica o baterista Pedro Furtado.

Ida para a gravadora

Andherson Miguez foi quem levou a banda para a gravadora inicialmente. Sendo um produtor de Santos, se interessou pelo trabalho dos conterrâneos em shows. No estúdio só confirmou a sintonia com a Zimbra e foi quando apresentou os meninos para Bonadio.

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Rick, por sua vez, é conhecido por revelar, produzir e agenciar grupos como Mamonas Assassinas, Titãs, Nx Zero, Fresno e até a banda santista Charlie Brown Jr. Por isso, estar ao lado de ambos é um grande passo para os artistas.

“Inclusive, nosso primeiro contato com o Rick foi meio tímido, mas quando ele entrou no estúdio já falou tanta coisa, que pensamos ‘esse cara é o cara, vamos trabalhar juntos’. Ele ama música e a gente também”, acrescenta Pedro.

Este crescimento pode ser considerado um reflexo de anos de muito trabalho. A história da banda começou em 2010. Naquele tempo, se chamavam de Panorama. Foi só em 2012, que decidiram trocar o nome do grupo para Zimbra, uma gíria santista que define algo “divertido”.

De maneira independente lançaram três álbuns. Dois sob o olhar do produtor paulista Lampadinha – O Tudo, o Nada e o Mundo, de 2013, e Azul, de 2016 – e o terceiro com produção do músico Esteban Tavares – este chamado Verniz, do ano de 2019.

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Música da Zimbra em série da Globoplay

Além disso, o grupo também contabiliza dois EP’s – Mocado e Lua Cheia / Claro que o Sol – e uma lista extensa de singles. Um deles inclusive garantiu a vaga da banda na trilha sonora da série Shippados da Globoplay. A música Me Mude já ultrapassa 150 mil visualizações no Youtube e também foi produzida pelo ex-integrante da banda Fresno.

Foi dessa forma que conquistaram fãs e marcaram o nome Zimbra na região. Agora, os músicos estão lidando com as transformações trazidas por fazerem parte de uma grande gravadora.

“Eu acho que a principal mudança é o olhar que as pessoas que trabalham lá dentro têm sobre a banda. Como fomos independentes durante dez anos de carreira, partimos da nossa opinião para fazermos tudo o que sempre fizemos. Quando entramos em uma gravadora com essa quantidade de profissionais, passamos também a ter uma visão diferente sobre nós”, diz o vocalista e guitarrista Rafael Costa, mais conhecido pelo apelido Bola.

Influência para outras bandas

Como reflexo disso, a Zimbra se tornou referência para outras bandas da região. Ainda assim, são humildes ao dizer que não se consideram tão influentes por aqui, mas que sempre buscam ajudar quem está começando de alguma maneira.

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“Cada caso é um caso, mas se serve de conselho, é importante ficar atento nas coisas que estão acontecendo, continuar tocando e fazendo música. E claro, acima de tudo, é fazer aquilo que você se sente bem. Não adianta querer fazer música para ficar 100% famoso porque vai chegar um momento que você vai entrar em conflito”, diz o guitarrista Vitor Fernandes.

E até mesmo para quem já passou por mais de 10 anos de contato direto com uma trajetória musical, talvez seja difícil falar sobre a tão sonhada fórmula do sucesso.

“A gente nunca sabe muito bem o que falar. Fazemos isso até hoje com bandas que são referência para nós. A curiosidade é normal, fazemos parte de um mercado em que não existe um passo a passo. As coisas vão acontecendo de um jeito diferente para cada artista. Apesar de sempre querermos ajudar, buscamos explicar para as pessoas: não é uma regra, são erros e acertos”, complementa Rafael.

Inspiração de outros nomes

E seja qual for essa almejada fórmula do sucesso, foram nesses erros e acertos que a banda tornou-se conhecida. Em outras entrevistas já admitiram que as principais influências do estilo alternativo que carregam estão em um mix de artistas brasileiros e internacionais, indo de Tim Maia até Jamiroquai.

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Mas com tantas mudanças rápidas na carreira, as inspirações também se transformaram. Em uma fase considerada mais madura, os meninos têm se inspirado no próprio som para compor.

“A influência sempre acontece, embora a gente não consiga identificar de um jeito racional. De maneira mais explícita, não aconteceu muito. Até porque depois de tantos anos, já criamos certa identidade. Rola muita influência sim, mas de fato, esse é um disco que a gente tem se influenciado mais por nós quatro mesmo”, explica Rafael.

Antes de lançarem o álbum Sala Dois, os músicos tiveram a oportunidade de conduzir um EP. Lua Cheia / Claro que o Sol foi gravado pouco antes do período mais crítico de pandemia e lançado em março de 2020. Produzido por Bruno Pelloni, o trabalho reforçou os laços de união entre os integrantes da banda e foi forte influenciador para o novo disco.

“Tanto que no momento de gravar esse álbum, a gente estava à vontade com as ideias um dos outros e com o espaço. Então nossa dinâmica é algo muito louco, todo mundo influencia em tudo. É uma experiência coletiva e democrática da nossa intimidade de muitos anos juntos”, diz Pedro Furtado.

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Falando em estilo, a Zimbra faz parte de um pop rock reconhecido por outras bandas nacionais. Eles confessam que às vezes acabam sendo definidos por músicas “tristes”, mas que na verdade não se veem dessa forma.

Fato que também aconteceu com a própria banda Fresno durante muito tempo, mas que recentemente surpreendeu ao lançar o álbum Vou Ter que Me Virar, em um estilo dançante e mais animado do que o habitual. Reflexo de um mercado e um perfil de ouvintes que tem se transformado e misturado tendências e referências nas músicas.

“Acho que é um caminho natural. Entendemos que na maioria das vezes os artistas estão buscando novidades e isso é se modernizar e lançar novos elementos na sua música. É inevitável. Nós como músicos sempre tentamos nos atualizar, ver o que as bandas do momento estão fazendo e entender o que é ou não legal. Tentamos sempre fazer uma seleção criteriosa porque a única coisa que não queremos é forçar uma barra ou inserir algo que não gostamos apenas porque achamos que é o jeito do sucesso”, comenta Rafael Costa.

Ou seja, as mudanças podem acontecer na música da banda santista ao longo dos lançamentos, mas antes de tudo, os integrantes precisam gostar e aprovar juntos. Sempre com cuidado para não perder a essência construída ao longo dos anos.

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“O legal da gente é que sempre trocamos essas figurinhas de sons novos e se de alguma forma isso entra pra algum de nós quatro, automaticamente vai acabar refletindo na Zimbra. Mas é até engraçado porque nesse disco especificamente, a gente acabou não utilizando tantas referências como nos outros. Entramos no estúdio, usamos tudo o que adquirimos ao longo dos anos e saiu o Sala Dois. Esse negócio de influências tem que se dosar um pouquinho”, explica o guitarrista Vitor Fernandes.

Sala Dois

O mais recente trabalho da Zimbra é o disco Sala Dois. Um álbum feito na pandemia e consequentemente repleto de letras cheias de sentimentos e melodias reflexivas. Falar de música, como um todo, já é falar sobre emoção. Mas neste lançamento em específico, é trabalhar ainda mais saudade e nostalgia.

O álbum começou a ser produzido assim que a banda assinou com a nova gravadora, ao final de 2020. As músicas foram feitas durante o processo de quarentena, da mesma forma como a gravação que não foi nada fácil. Os parceiros de banda só podiam se ver no estúdio. Ao fim das passagens de som, era cada um na sua casa. Por isso, seria impossível que o isolamento não refletisse no resultado final.

Cada um absorveu este período de formas distintas e foi nesse cenário completamente abrupto e cheio de mudanças rápidas, que nasceram dez músicas. Dessas que prometem arrancar muitas memórias e a sensibilidade à flor da pele do público. Uma confirmação de que ninguém saiu ileso… Nem mesmo os próprios integrantes, que hoje já se enxergam mais maduros.

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“A única coisa que a gente tem certeza é que nos permitimos fazer coisas novas, experimentar sonoridades e formas de produzir música. Ao mesmo tempo, temos uma preocupação de preservar a identidade que criamos. Isso fica bastante evidente no álbum. Uma Zimbra mais experiente, e ao mesmo tempo com elementos que nos caracterizaram nos últimos anos”, conta Pedro.

Quanto às mudanças trazidas pela gravadora, um grande alívio. Os próprios integrantes buscavam novos aspectos dentro da carreira artística. As propostas trazidas dentro de um estúdio profissional foram bem recebidas. As influências não foram impostas, mas existiram de uma maneira benéfica para a Zimbra. Por fim, as decisões conjuntas tornaram possível o resultado do álbum Sala Dois.

“Assinamos com a gravadora e já nos vemos mais maduros em relação ao som. Essa segunda fase é fruto de todo esse trabalho com o estúdio profissional e também o que havíamos criado antes com a identidade da banda. Nós tínhamos medo de entrar e perder um pouco da Zimbra, mas isso nem chegou perto de acontecer”, conta o baixista Guilherme Goes.

E talvez até aqui tenha sido fácil perceber que não se trata apenas de música, mas sim, de uma amizade muito forte e duradoura entre os quatro integrantes. E mesmo em meio ao calor das gravações e opiniões que possam surgir divergentes, dentro do estúdio o regime é sempre democrático.

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“A gente tem um casamento na verdade. Somos casados há muitos anos. Obviamente a gente já brigou… Mas tentamos discutir e discordar sem nos ofender. E nesse álbum em específico, o processo foi super tranquilo. Diversas vezes discordamos, mas não teve nenhum atrito”, finaliza Pedro Furtado.

E as opiniões se dividem mesmo. Se pudessem indicar uma das dez faixas para o público, cada um definiria uma diferente. Na verdade, apenas o Pedro e o Guilherme concordaram com o título preferido de As Coisas São Como São, isso devido ao groove mais dançante.

Já o Vitor elegeu Abismo como a mais legal do álbum. E o vocalista Bola votou por Mundo ao Contrário, música que retrata uma grande vontade de viver, após momentos difíceis.

Videoclipe nostálgico da Zimbra

No cenário chamado de Pico do Olho D’Água, paisagem conhecida por vistas panorâmicas da cidade paulista de Mairiporã, que os integrantes gravaram o clipe da música Último Dia (Me Lembra). Seguindo a nostalgia já transpassada na letra de amor não romântica, as cenas são alternadas para transmitir memórias afetivas durante a construção do vídeo.

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A ideia do clipe partiu da produtora Carbono Filmes, que já trabalhou com a Zimbra antes e foi responsável pelo vídeo do single Abismo. A direção, por sua vez, ficou por conta de Lucas Guido e a fotografia elaborada por Vini Oliveira. A estética foi pensada como uma forma de eternizar lembranças boas.

“Foi reflexo desse disco na realidade. A mensagem que tentamos passar não é de algo triste, mas sim das partes positivas que você já vivenciou… Dos amigos que você fez… Da sua família… Acho que o elemento da foto remete muito bem isso. O clipe sintetizou o que queríamos. O álbum, de modo geral, fala bastante sobre esses sentimentos”, conta Bola.

Zimbra volta aos palcos

Após dois anos de pausa por causa da pandemia, retornar aos shows e eventos tem sido uma experiência transformadora para a Zimbra. Desde o início da banda, os integrantes estavam sempre viajando para divulgar os trabalhos. Em duas turnês pelo norte e nordeste do país chegaram a fazer 90 shows. Um ritmo puxado que precisou ser desacelerado por causa do coronavírus.

“Foi um período que ficamos bem desanimados, assim como a grande maioria das pessoas, mas era algo que a gente não fazia ideia de como solucionar, o quanto demoraria pra voltar… E voltar aos palcos dois anos depois é uma sensação que nem dá pra descrever. Emocionante. A gente nem lembrava mais. Foi renovador”, revela o vocalista Bola.

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Agora, os planos para o futuro envolvem muito trabalho para recuperar o tempo de pausa. A banda já confirmou uma turnê de divulgação do álbum Sala Dois. Com datas até outubro vão passar pelas regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. Os ingressos já estão disponíveis.

“O negócio agora é trabalhar, trabalhar, trabalhar… Tudo o que a gente não trabalhou durante os dois anos. Vamos viajar só para isso e curtir o nosso trabalho”, finaliza Vitor.

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