Você já conhece a produtora independente Favela Records? Não? Essa é a hora! Os criadores se colocam como “um grupo de amigos que sonha em viver da música”. A produtora elucida também que objetiva crescer para dar oportunidades para artistas da favela e é daí que surge Brisa MC, que gravou sua música Tipo Alerquina pelo Favela Records.
Preciso incansavelmente dizer o quanto esse som junto ao clipe me tocou! Agradeço também a Brisa Mc que concedeu entrevista ao Blog n’ Roll.
O início do clipe já é um choque! Várias mulheres juntas, com olhares de grande altivez caminham pela quebrada. Mulheres negras, brancas, gordas, magras, altas, baixas, de cabelos crespos, de cabelos coloridos. Quem puxa esse bonde diverso é Brisa MC, apontando o dedo em nossos rostos, gesto potente que combina com sua voz e composição:
Olha as Mandrake de Gotham
Esses moleque me esgotam
Hoje que eu to bem
Me notam
Sabem que eu tenho o dom
Cai fácil na minha lábia
Sabe que a menina é sabia
Seja de saia ou de calça respeito sempre é bom
Seu erro foi me subestimar
Ou tentar me limitar
Só que obedecer vacilão nunca foi a minha vocação
Fiz de tudo por ele e si ele não quis
Hoje é dia de baile e eu vou ser feliz
Fiz de tudo por ele e si ele não quis
Hoje é dia de baile e eu vou ser feliz
Refrão
Tipo Arlequina
Olha pro meu bonde as mais chave tipo aves de rapina.Trecho de Tipo Alerquina
Análise da música
O sentimento que me despertou foi um grande empoderamento de classe, utilizando-se de várias referências dos quadrinhos do Batman num trabalho lindo de ressignificação linguística e adaptação para o contexto brasileiro.
Mandrake originalmente era um mágico que fazia performances no teatro pelos anos 1920, usando uma cartola, capa de seda escarlate e um fino bigode. Entretanto, na obra de Brisa MC temos Mandrake como sinônimo de uma mulher que anda chavosa, ou seja estilosa pelas ruas de Gotham (a cidade em que o super herói Batman mora).
Referência pensada a fim de rimar com o trecho de que moleques a esgotam e nisso percebemos uma mudança nos papéis de gênero, retratando a mulher como a sábia e cheia de lábia, saindo do lugar de coitada ou aquela que espera como em contos de fadas e muitas outras músicas.
Subversiva, ela coloca que precisa ser respeitada não importando sua vestimenta. É, Tipo Alerquina virou minha música de dançar no quarto hahahaha
O que Brisa MC tem a dizer?
“Vamo lá! Vamos começar pelo meu nome. Meu nome é Brisa de documento, não é vulgo. Meu nome é Brisa Dourado Santos… muitas pessoas não sabem disso, né? (risos)
Eu tenho 21 anos, eu sempre fiz música, sabe? Desde os meus 13 anos, agora tô com 21, só que ainda não desisti, graças a Deus. Tenho esperança.
Esse som véi, eu escrevi ele quando eu tava muito bêbada (risos). Muito bêbada depois de um rolê lá em São Vicente. Tinha uma minazinha que eu ficava no carro e uma parceira nossa dirigindo o carro. E essa mina que tava dirigindo o carro, ela tava muito bêbada, a ponto de eu acreditar que ia morrer logo ali, tá ligado? (risos)
E eu tinha que mandar uma música pro Muzão. Muzão é um DJ que eu conheço há muito tempo. Ele é o produtor desse som, ele é do Favela Records, uma banca que eu tô fechando agora. Na verdade, eu fecho com duas bancas: Labuta hip–hop e Favela Records.
Ligação com heróis e heroínas
E o Muzão, a gente, desde 2017/2016 por aí, sempre ficou de lançar um som junto e aí, esses tempos agora vi os trabalhos dele saindo e falei: “pô Muzão, ainda vale aquele convite lá pra gente produzir junto?” E ele falou que valia, só me pediu para mandar a letra que a gente já começava a trabalhar, e nesse rolê que eu tava voltando muito louca, durante a semana inteira eu tava vendo aquele filme da Alerquina, Aves de Rapina, sabe? Aí eu tava a semana inteira vendo esse filme, a semana inteira e eu viciei depois que comecei a ver.
Mas assim, eu nunca fui muito de acompanhar os heróis, tanto da DC quanto da Marvel, nunca fui muito de acompanhar assim…e aí, nisso daí eu escrevi a letra doidona no carro, quase morrendo que a minha parceira tava muito louca dirigindo, e nisso saiu a letra.
Dentro do carro memo mandei mensagem pro Muzão e falei: “E aí Muzão, tenho a nossa música!” Aí ele já falou pra eu ir no dia seguinte gravar, e eu de ressaca fui gravar o som (risos). E aí, o som ficou bom e a gente quis gravar o videoclipe, né?
Ideia do videoclipe
O videoclipe só tem mina, os únicos homens no videoclipe são da produção e eles nem aparecem no vídeo. Como no meu primeiro videoclipe também, né? Tem uma trans também, como no meu primeiro clipe. E eu acho que assim, a ideia desse videoclipe foi fazer exatamente o que os meninos fazem em clipe de funk. Porém até quando as MC de funk gravam videoclipe, o que elas fazem? Elas colocam mais mano do que mina. Sempre, tá ligado? Aí, o que eu fiz? Botei uma pá de girl, uma pá de dançarina pra interagir. Só mina, tá ligado?
E deu um bom muito da hora! Essa música é um drill sabe? É um novo gênero…eu não sei se ele é novo…o Muzão me apresentou no dia que eu fui produzir. Eu falei: “Pô Muzão, fiz um trap.” Ai, o Muzão falou: “Nossa, isso aqui vai virar um Drill porque é mais parecido com Drill”.
Tipo, o trap é um subgênero do rap né, ele é o quê? Ele é o rap misturado com eletrônico, isso é o trap. E o Drill no caso seria o trap misturado com ritmo africano, sabe? É um Drill.
Bom, foi isso que eu te falei mesmo. A ideia do videoclipe foi falar da visibilidade das maloqueiras, entendeu? Porque o povo esquece que a gente também tá aqui, que a gente é underground da mesma forma e muitas vezes até MAIS que esses mano, tá ligado?
Onde ouvir
Disponível em todas as plataformas digitais, acesse a música no seu app preferido. Deezer / Spotify / iTunes/ Apple Music, entre outros.
Siga no Insta @brisamcoficial @portalfavelarecords
Artista/compositora: Brisa MC
Música: Tipo Arlequina
Produção: Dj Mu540
Direção de Vídeo: André Lopparelli (Cenarium Filmes)
Produtora: Favela Records
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Contrate os artistas: (13) 991875507