Recentemente, eu e o Prof. Dr. Sergio Bento realizamos uma entrevista com Mc Carol ou Carol Bandida como ela mesma cita na entrevista para evocar sua força. Tocamos em vários pontos desde feminicidio até a posição dela quanto ao (des) governo Bolsonaro.
Se liga aqui no Blog n’ Roll que tem muita coisa rolando ao mesmo tempo! Falando nisso, você assistiu minhas entrevistas no @blognroll? Não? Está imperdível! Tem Garage Fuzz, O Teatro Mágico, The Mönic, Afrodizia e muuuuito mais. Todas essas foram ações por conta do projeto Juntos pela Vila Gilda.
Entrevista – MC Carol
Por que o funk representa tão bem a voz da periferia carioca? E como você analisa o funk atual em outros estados?
É que o funk é a periferia. O funk, o rap, o samba. Surgiram da gente. Mas agora um momento bem estranho. O funk continua marginal, continua perseguido, mas a favela tá chegando em todo mundo. Não podem mais fechar os olhos pro funk. Só espero que as pessoas não fechem os olhos para a perseguição e usem o funk só quando for conveniente, sabe?
“Não foi Cabral” vem sendo usada por vários professores de história em suas aulas. Você acredita que a “História Oficial” que você crítica na canção está finalmente sendo desacreditada?
Eu não sei se desacreditada. Mas assim como não podem fechar os olhos pro funk, não podem esconder a verdade. Sempre fico feliz quando ouço que usam minha música na escola. Fico imaginando que meus professores devem pensar disso! (Risos).
Como você, mulher, funkeira e feminista, responde a quem acusa o funk de ser machista e objetificar o corpo feminino?
Eu falo pra ele prestar atenção nos pagodes, nos rocks, nos sertanejos. Não é o funk que é machista. O mundo que é e precisamos mexer com isso. Não só na mensagem, mas na postura das pessoas. Ser mulher é ter que se impor diariamente por coisas básicas. Mas eu já sou assim desde criança, Carol Bandida. (Risos) Então acho que imponho meu respeito na marra, nem que seja na porrada. E olha que já entrei na porrada.
Como você avalia o governo Bolsonaro para a população negra?
Olha, nem sei por onde começar. Sabe o que eu disse que ser mulher é ter que se impor por coisas básicas? A gente tá precisando se impor pro coisas básicas, para viver, para ter dignidade. Como mulher, negra e de comunidade, é cansativo…
Em tempos de pandemia, como você e sua equipe fazem para sobreviver da arte?
A gente sofre! (Risos) Estamos tentando fazer coisas que não envolvam o show, pensar novos lançamentos, ver outras coisas fora da música. Infelizmente tem muita gente que trabalha nesse meio, que vive do show, que tá em dificuldade.
Suas letras sempre falam de uma mulher forte, com muita altivez. Você já sofreu relacionamentos abusivos? Se sim, qual conselho você daria às mulheres?
Eu já sofri até uma tentativa de feminicidio. O principal é não se calem. Tudo e todos tentam nos calar, não se cale. Meu avô sempre me criou pra eu não abaixar a cabeça pra ninguém e sempre quis ser independente, achava que eu devia ter os mesmos direitos dos meninos que eu andava desde pequena. Queria ser respeitada! Seja na educação ou na base do barraco! (Risos)