Na ativa desde 1995, o Paura é um ótimo exemplo de banda que segue a risca o espírito do Do It Yourself e coloca em prática a ética do hardcore. Por isso, sua missão é levar uma importante mensagem de conscientização por meio da sua pesada sonoridade.
O quinteto será uma das atrações do Garage Sounds que acontece no dia 10 de agosto em Santos. Para saber como será a participação da banda no festival itinerante, conversamos com o vocalista Fabio Prandini. Assim, a conversa ainda se expandiu para a influência da política na cena hardcore atual e os planos para os próximos materiais.
Participação no Garage Sounds
Com 16 bandas, o Garage Sounds apresenta uma escalação bem diversificada de estilos. Por exemplo, do death metal do Vulcano ao som mais calmo de Esteban tem opção para todos os gostos. Então, a função do Paura será representar o hardcore dentro do rico festival.
Sobre essa pluralidade de gêneros, Fabio diz que é uma experiência genial. “Quem dera que todos os eventos fossem tão ou mais plurais quanto. Na real, pluralidade é mais legal em tudo na vida”, opina o vocalista.
Diante de um line up tão amplo, o músico deseja aproveitar o máximo as atrações quando não estiver em cima do palco. Entre as várias bandas que ele pretende assistir, ele destaca um grupo.
Para enfatizar só uma, que eu nunca assisti antes e espero muito vê-los no palco, é o Molho Negro”Fabio Prandini, vocalista do Paura
Por fim, o vocalista do Paura espera que o público da região compareça ao Garage Sounds, aproveitem o máximo o festival e reforcem o valor da cena independente.
“Mostrem a força que a Baixada Santista sempre teve na cultura underground”, pede Fábio. “Colem cedo, apoiem todas as bandas e os organizadores. Mas nunca deixem de apoiar as bandas e eventos locais. O cenário só sobrevive com isso!”.
Lembranças da Baixada Santista
Por ser uma banda paulistana, o Paura já desceu a Serra diversas vezes para se apresentar na Baixada Santista. Fabio revela que é difícil apontar uma lembrança especial, pois a banda sempre realizou vários shows marcantes na região.
“Sinceramente, a grande maioria foi momentos para lembrar para sempre!”, conta o músico. “Tanto em Santos, quanto em São Vicente, Praia Grande, Guarujá e Vicente de Carvalho”.
No entanto, o vocalista não está contente em apenas ter tocado nas cidades citadas. Então, ele deixa claro o desejo de se apresentar em mais municípios e, assim, aumentar a sua memória afetiva em relação à cena local.
“Nunca tocamos em Cubatão, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Então, vou distorcer a resposta e intimar promotores de shows dessas cidades para que nos levem até elas!”, conclui a resposta com risos.
Política e Hardcore
Em 2017, o Paura lançou o Slowly Dying Survival, um álbum já abordava diversos assuntos que hoje estão cada vez mais em pauta. Por exemplo, a preocupação com a democracia e a liberdade, assim como a luta contra o machismo.
Fabio reconhece que o significado de algumas letras se tornaram mais fortes e importantes nos últimos dois anos. Principalmente, por conta do atual governo e suas pautas cada vez mais caminham para o retrocesso.
“O que era emergente naquela época, tornou-se uma realidade escrota com a qual temos que lidar. A falta de vergonha da extrema-direita era um fantasma que tomou corpo”, comenta o músico.
Mas a incompetência administrativa do atual governo vai ser sua própria falência. É muito complicado lidar com as absurdas declarações diárias do mandatário militar, mas isso tem prazo de validade!”Fabio Prandini, vocalista do Paura
Em relação ao “crescimento” de pessoas ligadas ao hardcore que defendem pautas políticas de direita, Fabio acredita que elas não conseguiram compreender o conceito do gênero e ideias que são propagadas dentro da cena.
“Na minha opinião, os princípios do anarquismo sempre estiveram ligados intimamente à qualquer manifestação artística de contracultura. No hardcore não deveria ser diferente”, diz o vocalista.
“Então, acho que elas nunca entenderam o gênero. Essas pessoas não deram devida importância às mensagens que sempre foram explícitas. É o patético ‘curto pelo som e não pelas letras’. Que morte horrível!”, completa o pensamento.
Influências para o próximo trabalho
As recentes mudanças no nosso país, para bem ou para o mal, vão servir de base para o próximo trabalho do Paura. Porém, muito mais do que colocar evidência os problemas atuais, a banda pretende ser um ponto de referência e força neste difícil momento.
Já estamos trabalhando no próximo disco e essas questões vão influenciar o material. Mas estamos tentando encontrar e desenvolver uma mensagem mais positiva em relação à isso” Fabio Prandini, vocalista do Paura
“A união de quem resiste e não tem medo de expor pontos de vista de confronto à atual situação vai ser um belo combustível!”