Para os roqueiros com até 20 anos, o número 7 da Avenida Bartolomeu de Gusmão, no Boqueirão, em Santos, não tem nenhum significado especial. No entanto, o local hoje onde funciona a Arte Plena, loja de molduras, foi o coração do cenário underground por muitos anos: seja como Chopp Chopp, Ilhas Gregas ou Armazém 7.
O último ficou marcado como base para as bandas de hardcore, metal, punk e ska do final dos anos 1990 e início da década 2000. D-Cups, Turn Away, Punk Hyenas, The Bombers foram algumas das que fizeram do espaço as suas segundas casas. E no meio dessa bagunça efervescente, com paredes que “suavam”, a Drop Your Guns (DYG) se destacava com o som pauleira, certeiro e marcante.
Antes de chegar ao Armazém 7, Eduardo Falcão, ex-várias bandas importantes de Santos, reuniu seus amigos para alguns ensaios iniciais. “A Drop Your Guns surgiu de uma bagunça que fazíamos na casa do Falcão. Juntamos os amigos que “sabiam” tocar e assim nasceu a banda”, relembra Rafael Petit, ex-vocalista da DYG e atualmente na 100 Ilusões.
Além de Petit (vocal) e Falcão (bateria), a formação original da DYG contava com Erick (baixo), Geleia (guitarra) e Daniel Maçã (guitarra). Outros integrantes passaram pela banda como Thiago Buça e Fernando Pinga (guitarras) e David Gonzalez, atualmente baterista da 100 Ilusões e Bayside Kings.
As influências da DYG eram variadas. Segundo Petit, Ramones, Bad Religion, Pennywise, No Fun At All, Ratos de Porão e Sociedade Armada moldaram o som da banda. O vocal berrado e as guitarras pesadas, no entanto, lembravam mais as duas últimas.
Tal como o D-Cups e o Gas Burner, primeiras bandas da série do Blog n’ Roll, a DYG teve vida curta, mas um pouco maior que as duas. Iniciou as atividades em 1997 e permaneceu na ativa até 2002. Entretanto, foi tempo suficiente para duas demos e participar de várias coletâneas. A Razão (1998) e Nada Vai Mudar (2000) foram os dois principais registros.
“O Drop não era um primor de som, mas um dos que tinham mais atitude. Acho que Nada Vai Mudar, Amor e Ódio, Em Nossas Mãos e o Vento Levou eram as mais legais”, diz Petit sobre músicas prediletas.
As duas demos abriram espaço para DYG tocar com grandes nomes do hardcore nacional, tais como o Dead Fish, Garage Fuzz, Noção de Nada, Paura, Negative Control entre outros. “O (show) que mais marcou foi a gravação do documentário São Paulo Hardcore Scene junto com Paura, Fist, Food For Life e Questions”, afirma Petit.
Hoje, cerca de 12 anos após o fim da DYG, Petit diz que a maior parte dos integrantes saiu do hardcore. “Alguns são dentistas (Geleia e Maçã), analista de sistemas (eu), outros trampam no próprio negócio (Falcão, Pinga, Buça) e também tem advogado (Erick)”.
Reunir essa turma para um revival não será tarefa fácil, mas Petit não descarta. “Já pensamos (reunião). É uma ideia que existe, porém, ainda não foi realizada”, revela o integrante. Em 2007, a DYG se reuniu para um show com o Propagandhi em Santos.
Ouça A Razão, primeiro demo da DYG
Ouça Nada Vai Mudar, segundo demo da DYG
Assista show completo da banda