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História do Rock Santista

O dia que o Backyard Babies fez milagre e comeu feijão com arroz no Bar Goiás

*FABRÍCIO DE SOUZA
O show do Backyard Babies, banda sueca de hard rock, stoner e punk, que tem como fundador o guitarrista Dregen (Hellacopters) aconteceu numa terça feira, em 2002, no Bar do 3, em Santos. Era o local onde eu costumava fazer a maioria dos eventos com bandas internacionais e nacionais conhecidas da cena punk rock/hardcore/indie na época da famosa Califórnia Brasileira.

Por ser numa terça e também pelo fato do Backyard Babies não ser uma banda tão conhecida do publico santista, que estava mais na onda do hardcore melódico e punk rock naquela época, o show não tinha vendido muitos ingressos antecipados.

Diante dessa situação, tive que diminuir os custos do evento. Conversei com o dono do Bar do 3, e levantei a possibilidade de usar o sistema de som da casa. Dessa forma, evitaria o aluguel de uma empresa de sonorização. Me lembro que ele falou: “Fabricio, esse equipamento é pra rolar MPB e pagode, acho que não vai aguentar e ficar legal pro seu show”. Mas era o que dava pra fazer e manter as finanças do evento saudáveis.

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No dia do show, cheguei a tarde, logo cedo, pra verificar o som com os técnicos da casa. Ligamos  tudo e tava dando vários problemas. Devido a potência que precisávamos, mexe aqui, mexe ali, troca de caixa, mas a coisa estava bem estranha pra rock. Eu e os técnicos da casa de cabelo em pé!

Magia no som do Backyard Babies

Daí chega o pessoal da banda com sua “equipe”.  O primeiro a entrar na casa foi o roadie, também sueco, carregando um monte de equipamentos. Ele fez umas três viagens até a van pra pegar todo o equipamento. E eu ali, bem receoso sobre o som, perguntei para o responsável brasileiro da banda: “gostaria de falar com o produtor da banda, quem é ele?”

Daí ele me apontou o roadie. Falei: “legal! Quem é o técnico?”. Ele novamente me apontou o roadie. Naquele momento, ele já tinha feito umas cinco viagens até a van para buscar equipamentos.

Cheguei nele e expliquei a situação do som. Ele olhou, não falou nada e mandou a banda para o palco. Eles ligaram tudo e começaram a tocar. O roadie regulou tudo da mesa de som e quase cai pra trás. O som estava impressionante. Me lembro do dono da casa descendo do escritório e falando “Fabricio, tu não falou que não ia alugar equipamento?”. Respondi que não tinha alugado. Estávamos todos de cara com a qualidade, um milagre!

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Hora do feijão com arroz

Passado o susto com louvor, uma coisa interessante é que o pessoal da banda queria comer comida brasileira: arroz, feijão, salada. Me perguntei onde iria arrumar uma janta dessa por ali naquele horário. Lembrei do Bar Goiás, o popular “Manivela”, que ficava bem na esquina do Canal 3.

Eles foram super animados e adoraram a comida brasileira. A cena de ver os hard rockers suecos colando no “Manivela”, incluindo o fundador do Hellacopters, é inesquecível.

O show foi um dos melhores que organizei naquele período. Foi realmente muito bom! Me mostrou que com humildade, capacidade, talento, “sangue no zóio”, entendimento e empatia com o local que se está, mesmo com limitações, o resultado pode ser excelente. 

Que noite pra quem curte rock. Eu estava lá!!

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*Fabrício é baixista do Garage Fuzz e por muitos anos foi responsável pela vinda de shows internacionais para Santos.

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