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Entrevista | Wiseman – “Arte é vida. Arte é política e bem-estar”

A programação do Juntos Pela Vila Gilda tem vários nomes independentes que merecem sua atenção. Um deles é a banda paulistana Wiseman, que possui uma sonoridade carregada de influências de alto nível dos anos 1990.

Composta por Thiagones (voz e guitarra), Luiz Chagas (bateria) e Paulo Sepúlvida (baixo), a banda nasceu em meados de 2013. Lançou a primeiro demo Reflex em 2014 e também um EP promocional em 2016.

Apesar de carregar a influência de Nirvana, Seaweed, Quicksand, Farside e outras, o som do Wiseman não soa datado. Ao contrário, a banda trabalha bem as influências para entregar algo original.

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“Não queremos fazer músicas tipo banda X ou Y. Montamos, arranjamos, compomos os sons da forma que achamos que irão soar bem”, diz Thiagones.

“As influências fazem parte da gente e obviamente estarão em nosso trabalho, mas não buscamos soar similar a elas, sabe?”, complementa.

O álbum Mind Blown

Em 2018, o Wiseman lançou seu primeiro álbum, Mind Blown, trazendo à tona um som denso, pesado e consideravelmente “sujo” e distorcido com vocais transitando entre belas melodias, gritos rasgados cheios de fúria e agressividade.

O álbum possui dez faixas gravadas em inglês e a temática de não tolerar qualquer tipo de preconceito, como também não mais se submeter aos velhos preceitos e dogmas.

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O vocalista Thiagones reflete sobre as questões que englobam o mundo nos dias de hoje.

“A vida é feita de ciclos. Estes ciclos acabam se repetindo principalmente quando não aprendemos com o passado. O que acontece no Brasil (especificamente, pois é aonde temos a vivência) é meio que isso. O país nunca enfrentou o passado da ditadura, nunca puniu ninguém, ou corrigiu os rumos que a escravidão deu às vidas dos descendentes do povo negro. Nunca. Sempre foi no jeitinho”.

“Aboliram a escravidão. Deixaram os escravos à própria sorte, enquanto os colocavam sistematicamente à margem da sociedade. O resultado disso é esse populismo frouxo e tosco, que hoje flerta com o fascismo”.Thiagones, vocalista e guitarrista do Wiseman

Para ele, nunca houve uma educação realmente libertadora, que proporcionasse um direcionamento sobre o que é cidadania para o povo, bem como ensinasse senso de comunidade.

O vocalista acredita que enquanto o país se negar a aprender e corrigir os problemas do passado, não teremos um futuro.

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Por fim, Mind Blown contou com a produção e mixagem de Ali Zaher Jr e Thiago Babalú. Sua masterização foi feita em Los Angeles por Nick Townsend, que já trabalhou com bandas renomadas como Paramore.

Ouça Factory Floor:

Wiseman e os desafios da pandemia

Antes da pandemia causada pelo novo coronavírus, a banda tinha iniciado seus trabalhos para o desenvolvimento do novo álbum. Entretanto, com o presente momento, estão replanejando não somente o cronograma do grupo, como também suas vidas pessoais.

Sendo assim, a banda acredita que a retomada aos palcos deve começar a acontecer nos próximos meses, visando 2021.

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“O problema vai ser: as pessoas ainda estão interessadas em shows underground? Esse é um questionamento que vem desde muito tempo. Shows vazios, cenário com pouca rotatividade de atrações em eventos de maior porte”, comenta Thiagones.

“Esse vai ser o grande desafio do underground em 2021: atrair pessoas para esse rolê independente. Talvez as coisas migrem em parte para o ambiente virtual. Veremos…”

Wiseman no Juntos Pela Vila Gilda

Para o Juntos Pela Vila Gilda, a banda está preparando dois sons épicos de épocas diferentes, mas que possuem a mesma energia – claro, em um formato homeoffice e acolhedor.

Em síntese, eles acreditam que a participação e união dos artistas é algo muito importante para a causa.

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Arte é vida. Arte é política e bem-estar. Neste momento que o país atravessa, com essa quadrilha que está (des) governando o país, mais do que nunca somos nós por nós. Se não fizermos, eles não farão. Logo, se cada banda, artista, performer puder fazer um pouco, juntando tudo, será muito”, finaliza Thiagones.

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