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Grupo de rap Wufologos será uma das atrações da ação Juntos Pela Vila Gilda. (Foto: Divulgação).

Entrevistas

Entrevista | Wufologos – “Temos que fazer para os nossos!”

O grupo de rap Wufologos, da Baixada Santista, tem uma longa caminhada na cena. Criado em 1997, com 23 anos de estrada, conta na formação atual com Mysthério, 48 anos, Athayde Muñez, 27, e DJ Ice Boy, 44. Eles serão uma das atrações no Juntos Pela Vila Gilda, que acontece neste fim de semana.

Mysthério, no entanto, é o único integrante da formação original do grupo. O artista conta como era fazer rap naquela época, quando as condições eram outras.

“Quando começamos era tudo diferente. Não tinha internet, era mais complicado até para gravar, não tinha tanto estúdio igual tem hoje. Atualmente, as coisas são bem mais fáceis”.

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Mysthério está no Wufologos desde a primeira formação, em 1997.
(Foto: Arquivo Pessoal)

A voz do povo

O grupo gosta de trazer retratos das desigualdades sociais, racismo e formas de preconceito em suas letras. Isso porque querem dizer o que o povo tem vontade de falar.

“Queremos ser a voz do povo de verdade, o que eles gostariam de falar, mas não têm como. Então é como se estivessem falando por nós. Somos contra as coisas erradas do governo, do sistema que nos oprime. Escrevemos e transformamos isso em versos e rimas”, afirma Mysthério. 

Para seus próximos trabalhos, no entanto, o grupo cogita organizar uma produção com todas as parcerias internacionais que já fizeram. Os trabalhos já estão disponíveis no YouTube, mas eles pretendem fazer algo melhor com o material. 

Durante a pandemia, o grupo preza pelos ensaios solos, lives, estudos sobre produções musicais e assuntos relacionados a outros trabalhos e ações. Mysthério, por exemplo, mantém o canal Hip Hop Information Zero13, no qual entrevista rappers da Baixada Santista e de outras regiões do Brasil.

Como é fazer rap na Baixada?

Mysthério fala sobre a questão da localidade. “O desafio que a gente enfrenta é fazer rap na Baixada Santista, porque onde se respira o rap mesmo é na Capital. E é muito prazeroso pra gente quando artistas de lá comentam sobre a gente, é sinal que estamos no caminho certo”. 

O DJ Ice Boy aponta para a falta de investimento e mídia para os grupos e artistas da região. “Cada local tem sua linha e forma de fazer rap. A Baixada Santista tem uma característica diferente, o que falta muito é investimento, rádio aberta, mídia, organização”.

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“O público daqui também precisa fazer mídia, pois precisamos sair da fase de começo e ir para uma fase mais profissional. Produzir clipes, shows e começar a desenvolver o trabalho, tirar dinheiro do que se faz”.

DJ Ice Boy diz que é preciso investimento e mídia para fomentar o rap na Baixada Santista. (Foto:Arquivo Pessoal)

“A maioria dos grupos em São Paulo, por exemplo, já viraram marcas. Os grupos daqui precisam partir para esse campo. É desenvolver o mercado da Baixada Santista e começar a sobreviver do que produz”, conclui.

Athayde Muñez, de São Vicente, ressalta a falta de público:

Fazer rap na Baixada Santista é um desafio; é complicado, escasso. O pessoal meio que se divide e ainda tem aquele preconceito. A maior dificuldade de fazer rap aqui é a falta de público. A maioria das pessoas nos eventos são aquelas que vão cantar, poucos são plateia. Às vezes, são 15 artistas e eles são a própria plateia, e isso atrapalha bastante. Athayde Muñez

Athayde reforça a questão do público para fomentar a cena da Baixada Santista.
(Foto: Divulgação)

“Também há falta de recursos pra ficar indo pra outros lugares. Mesmo assim a gente não para por nada, isso faz parte da nossa vida!”, enfatiza.

Wufologos no Juntos Pela Vila Gilda

Os integrantes comentam a importância de sua participação no evento. O grupo se apresenta no primeiro dia de festival (25), portanto, acompanha outros rappers da região, o Facção Caiçara.

É muito importante, eu tenho alguns conhecidos na Vila Gilda, só que nunca tive a oportunidade de participar de uma ação como essa. A Vila Gilda pode contar com o Wufologos quando precisar. É um povo guerreiro, batalhador, povo que trabalha, que luta. Temos que fazer para os nossos, isso é muito importante!Mysthério

DJ Ice Boy comenta a necessidade de organização política. “Pessoalmente, não conheço a Vila Gilda,  pois estou há dois anos aqui na região. Sei que é uma comunidade que passa pela carência do Estado e de políticas públicas, como a maioria das comunidades da Baixada Santista e São Paulo. Cabe a população se organizar, saber lutar pelos seus direitos e cobrar do poder público”, destaca.

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