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Kings of Leon confirma vocação para U2 do ‘southern rock’ alternativo

O Kings of Leon é o U2 do southern rock. Para o bem e para o mal, foi isso o que a banda norte-americana mostrou como headliner de sábado (6), segunda noite da edição deste ano do Lollapalooza, em São Paulo.

A banda da família Followill (três irmãos e um primo) fez o tipo de show de estádio que os irlandeses patentearam ainda nos anos 80. Efeitos visuais atrativos, músicas que já passaram a fazer parte do inconsciente coletivo, performance de palco profissional, interação com o público – tudo estava no lugar, e ninguém saiu com motivo para pedir o dinheiro de volta (ao contrário do que aconteceu na noite anterior, com o Arctic Monkeys).

Desde que estourou mundialmente com o quarto álbum, Only by the Night (2008), o Kings of Leon abriu mão de fazer o vigoroso rock alternativo com sotaque sulista (a banda é de Nashville) da fase inicial, e aderiu de corpo e alma a um template sonoro feito propositalmente para agradar multidões. Objetivo alcançado com suas duas músicas mais populares, as power ballads Use Somebody e Sex on Fire – não por acaso, os pontos altos do show, em termos de animação da plateia.

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Os paralelos do Kings of Leon com o U2 vão mais longe. Ambos surgiram em cenas de limitado alcance comercial – os irlandeses, no pós-punk do final da década de 70, e os americanos, na cena indie do início dos anos 2000. Os dois começaram fazendo um som urgente, sem concessões, fiel aos respectivos cenários de origem, e com o tempo foram se modelando conforme as demandas do mercado, até atingirem o status de mega-atrações.

Foto: Camila Cara (Equipe MRossi / Divulgação)

No show do Lolla, o único resquício dos tempos em que o Kings of Leon fazia um southern rock alternativo livre de inclinações comerciais mais claras foi Molly’s Chambers, a música que ainda sintetiza, no caso deles, o espírito original de diversão e talento orgânico para canções memoráveis. Dos dois primeiros – e melhores – álbuns da banda, só essa e The Bucket (outro sucesso inicial) tiveram espaço num set list dominado pelo repertório de Only by the Night (das 11 faixas, sete foram tocadas ao vivo).

É fato que, durante boa parte da apresentação, eles mantiveram um pé em faixas que não foram lançadas como singles e, portanto, revelavam o lado mais áspero – ou rock – da banda. Mesmo assim, não dá para confundir um show dos Followill com algo que possa sugerir algum tipo de confronto com o público, ou que traga qualquer risco para as expectativas de uma hora e meia de músicas para cantar junto.

Não é por nada que músicas como Use Somebody e Waste a Moment, do último álbum WALLS (2016), recorrem a infalíveis “uo ô ô”. É para que não haja dúvida de que o público deve cantar junto, com as mãos para cima e filmando cada segundo no celular. E foi o que o público fez, embaixo de uma chuva intermitente que teria esfriado a recepção, caso fossem músicos menos hábeis no palco.

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Como atração para festivais do tipo do Lollapalooza, o Kings of Leon é ideal, porque tende a ser competente, acima de tudo, e entregar o que o público pagou para ver. Como banda, por mais que cresça em status comercial, os Followill nunca serão maiores ou melhores do que já foram quando ainda tinham convicção para fazer rock sem olhar para quem.

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