LUCAS KREMPEL E BRUNA FARO
Transcrição: Bia Viana
Foto: Wilmore Oliveira
O rapper carioca BK’ nem imaginava que um dia apresentaria suas rimas em grandes palcos ao redor do Brasil. Abebe Bikila Costa Santos cresceu com o funk e até arriscou gravar algumas batidas antes de ser considerado um dos grandes rappers da nova geração. Hoje em dia, com o baiano Baco Exu do Blues e o mineiro Djonga, forma a nova cara do rap nacional.
“Baco e Djonga são meus amigos, meus companheiros de trabalho. A diferença entre nós é que a gente vive outro momento, tanto Facção quanto Mano Brown abriram caminho para gente poder passar, tenho gratidão enorme pelos caras”.
Agora BK’ se prepara para ser um dos três representantes do rap nacional no Lollapalooza, junto com Rashid e Gabriel o Pensador. O artista de 30 anos vai invadir o palco Budweiser, no domingo (7), e envolver a plateia com suas rimas carregadas de críticas sociais.
Rap Nacional
Como um dos principais nome do rap atual, BK’ acredita que a indústria musical está finalmente percebendo a força e o peso do gênero. “A gente tem toda uma influência norte-americana, mas consegue dar a nossa cara, fazer da nossa forma abrasileirada e mostrar que o rap faz parte da realidade e da música brasileira.”
O discurso rítmico, popularmente conhecido como rap, surgiu nos anos 1970, e desde então vem conquistando seu espaço com as poesias cheias de melodia. “É a arte de combinar, ele bebe de muitas fontes, e a gente tem a liberdade de explorar isso. A gente pode pensar de várias formas”, reflete o músico.
Para conseguir trazer aos seus fãs um “rap de respeito”, BK’ gosta de escutar um pouco de tudo e aos poucos encontrar o ritmo certo. “Eu ouço vários tipos de música preta, e quis trazer um pouco disso para esse universo. A galera sempre vai bebendo de várias fontes e trazendo pro rap. E é isso que eu gosto, ouço dos raps mais pesadão até jazz, MPB. Tento trazer esse monte de coisa pro disco e fazer com que fique com a nossa cara”, comenta.
Gigantes
Antes de se tornar músico, BK’ passou por uma carreira de videomaker e muito desse seu passado é refletido em seu trabalho atual. No seu álbum Gigantes, lançado em 2018, a grande ideia era contar uma história a cada batida.
“Acho que o Gigantes trouxe um outro lado que a galera não conhecia. Foi uma parada chamada de storyteller, de contar história, que você consegue prestar atenção na música como se fosse um filme, marcando bem as situações e falando da vida real”.
Com versos recheados de críticas a sociedade, ele fala sobre violência, preconceito, vaidade, luxúria, avareza… Um grande retrato da sociedade, representada como os sete pecados capitais.
A canção Exóticos, é finalizada com a seguinte frase: “A carne mais barata do mercado é a carne negra e é servida crua”. Já a faixa Julius fala sobre uma mulher da comunidade que acaba se envolvendo com o mundo do crime.
“São vários contos que você consegue navegar e tirar bastante informação delas. Além de pensar na musicalidade a gente penso em contar bem essas histórias. E como eu quis contar várias histórias, eu também quis fazer com que cada música tivesse uma textura e sabor diferente”, explica BK’.
Apesar de Gigantes ter sido lançado ano passado, o rapper não perde tempo e já está com um disco praticamente pronto, além de alguns singles que vão ser lançados durante a finalização do novo álbum.
“Vamos esperar dar um ano de disco pra lançar. Talvez eu não esteja como narrador da história, mas sim como um personagem dessa vez”.
O timing é o melhor possível, já que o rapper se encontra em uma ótima fase, cheio de inspiração para escrever seus versos.
“Tô numa vibe boa pra caramba e escrevendo muita música, criatividade tá batendo na cabeça. Tô dormindo, acordo e já pulo escrevendo!”.
Expectativa para o Lollapalooza
Essa é a primeira vez do rapper no festival. “Não consegui ir no Lollapalooza ainda, mas agora a gente vai para trabalhar né, falta pouco!”, comenta aos risos. “É um festival mundial, quando rolou a confirmação, a ficha nem caiu na hora, fiquei ‘vamos esperar pra ver se é isso mesmo’. Tô curioso pra ver como vai ser, vai ser quase uma primeira apresentação, um outro começo. A gente tá curioso e feliz!”
O setlist, vai focar no álbum Gigantes, mas não vai deixar de fora algumas faixas do disco Castelos & Ruínas (2016) e dos seus EPs.
“A gente vai trazer um mix de tudo, mostrar como a gente amadureceu artisticamente, conquistar pessoas novas e tentar agradar o nosso público, não vamos decepcionar! Vamos mostrar por que estamos aqui”.
Serviço
A oitava edição do Lollapalooza Brasil contará com os headliners Arctic Monkeys, Tribalistas, Sam Smith e Tiësto, no dia 5 de abril; Kings of Leon, Post Malone, Lenny Kravitz e Steve Aoki, no dia 6 de abril; Kendrick Lamar, Twenty Øne Pilots e Dimitri Vegas & Like Mike no dia 7 de abril.
As entradas para o Lollapalooza Brasil 2019 podem ser adquiridas pelo site oficial do evento, bilheteria oficial (sem taxa de conveniência – Credicard Hall, em São Paulo) e nos pontos de venda exclusivos: Km de Vantagens Hall Rio de Janeiro e Km de Vantagens Hall Belo Horizonte.