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Os segredos da trilha sonora de Kill Bill Vol. 1

Como escrevi na estreia do Ouvi no Filme, Quentin Tarantino tem um talento para encaixar grandes músicas com grandes cenas. A filmografia do diretor americano é marcada por trilhas com uma excelente curadoria. E muitas dessas canções ficaram eternizadas na cultura pop.

Completando 15 anos de lançamento, Kill Bill Vol. 1 (2003) é mais um filme com uma trilha excepcional. E mais do que isso, ela esconde dicas das influências cinematográficas do próprio diretor, um cinéfilo nerd mais do que declarado. Nesta edição vou mostrar algumas curiosidades sobre as canções escolhidas para o longa.

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Dividido em duas partes, o filme conta a história da Noiva (Uma Thurman), membro de uma equipe de assassinas batizada de Deadly Viper. Traída por suas parceiras no dia do próprio casamento, ela embarca em uma jornada por vingança. Mas para simplificar, vamos ao tradicional trailer da “película”:

https://youtu.be/4LwX8fwomQ4

Organizador e colaborador

A trilha sonora de Kill Bill Vol. 1 foi organizada e produzida por RZA, rapper conhecido por ser líder do Wu-Tang Clan. Segundo ele, o processo de seleção das canções foi como uma colaboração com Tarantino. “Ele tinha uma visão quando escreveu o roteiro. Minha função era supervisionar e seguir o que ele desejava. E se algo estivesse errado, eu consertava”.

Foi realmente isso que ele fez com a faixa Crane and White Lightning. O tema originalmente teria a participação do Metallica. Porém, RZA não gostou do que foi apresentado e preferiu trazer algo mais próximo da batida hip hop para o tema. O resultado aparece rapidamente em uma das cenas mais sangrentas do cinema, dando o tom para o “aquecimento” da luta entre a Noiva e a gangue 88 Crazy.

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O assobio mortal

Além de colaborar com alguns temas originais, RZA fez um ótimo trabalho de curadoria ao buscar referências em filmes antigos. E boa parte deles influenciaram Tarantino na hora de escrever o roteiro de Kill Bill. E algumas canções que foram resgatadas pelo rapper ganharam uma segunda chance.

Esse é o caso de Twisted Nerve, composta pelo maestro americano Bernard Herrmann para o suspense britânico A Morte Tem Cara de Anjo (1969). O assobio intencionalmente psicopata aparece em uma das primeiras cenas do filme quando Elle Driver (Daryl Hannah) tenta matar a Noiva no hospital.

Curiosidade: Influenciado pelo sucesso do filme, o tema foi remixado para as pistas de dança na época. E muitos anos depois, ela foi sampleada pelo rapper americano Rob $tone na faixa Chill Bill (2016).

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https://youtu.be/E84OWq6z3IQ

Calmaria oriental

Focada na sua vingança, a Noiva resolve ter uma arma a altura para enfrentar suas antigas companheiras. Então, ela viaja para Okinawa no Japão para obter uma espada do lendário ferreiro Hattori Hanz. E todo o processo de fabricação da katana acontece ao som de The Lonely Shepherd.

A faixa escrita pelo compositor alemão James Last e executado pelo flautista romeno Gheorghe Zamfir era tema de abertura da minissérie australiana Golden Soak (1979) baseada na obra do escritor britânico Hammond Innes. E em Kill Bill, ela se encaixa perfeitamente com a proposta da cena de retratar uma arte quase esquecida.

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Homenagem audiovisual

Outra série homenageada é O Besouro Verde (1966-1967). Flight of the Bumblebee ou apenas Green Hornet foi composta pelo o russo Nikolai Rimsky-Korsakov e executada pelo trompetista americano Al Hirt. A faixa com jeito dinâmico é apresentada quando a Noiva viaja para Tóquio para finalmente enfrentar sua ex-companheira O-Ren Ishii.

Além do tema Green Hornet, existe outra sutil homenagem a antiga série. As máscaras utilizadas pela gangue Crazy 88 são idênticas a do personagem Kato, interpretado originalmente por Bruce Lee.

Sangue e neve

Tarantino se inspirou em diversas obras orientais para escrever Kill Bill. Obviamente, os filmes de kung fu foram fundamentais para as cenas de luta. Mas a principal fonte de inspiração para a Noiva é Lady Snowblood (1973). Inspirado no mangá de mesmo nome, o filme mostra a protagonista Yuki em busca de vingança pela morte da sua família.

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Além de “copiar” o enredo, o diretor trouxe a canção tema do filme The Flower of Carnage para uma das cenas. Logo após a Noiva derrotar O-Ren Ishii, o tema da produção japonesa aparece na película americana. A faixa é cantada pela atriz Mieko Kaji, a protagonista de Lady Snowblood. E a cena fica ainda mais rica ao ver os respingos de sangue na neve.

https://youtu.be/91pSPstrGuo

Uma trilha tarantinesca

Mesmo com o apoio de RZA, a trilha sonora de Kill Bill Vol. 1 tem tudo o que já esperamos de uma seleção de músicas do Tarantino. Muitos clássicos, muitas canções pouco conhecidas do grande público e partes de diálogos da produção. Hoje em dia, seria uma playlist bem cultuada no Spotify, por exemplo.

Para essa minha lista, escolhi algumas músicas que tinham alguma curiosidade por trás. Mas existem muitos outros “petardos” no álbum. Bang Bang (My Baby Shot Me Down) de Nancy Sinatra, The Grand Duel de Luis Bacalov e Don’t Let Me Be Misunderstood de Santa Esmeralda são alguns deles. Sem esquecer da “fofinha” Woo Hoo do The 5.6.7.8’s.

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Bem difícil não se encantar com essa compilação que você pode escutar abaixo:

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