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Ouvi no Filme - Lupa Charleaux

Por que o argentino Lalo Schifrin merece o Oscar Honorário?

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas revelou recentemente que o compositor argentino Lalo Schifrin vai receber em novembro um Oscar Honorário por conta da sua carreira. Com mais de 100 composições no currículo, incluindo importantes trilhas para o cinema e televisão, nada mais justo que ele recebesse esse título.

Afinal, ele é o criador de uma das mais famosas leitmotiv do cinema: o tema de Missão: Impossível. Mas Schifrin é muito mais do que isso. Por isso, esta semana o Ouvi no Filme vai destacar alguns dos principais trabalhos do compositor portenho de 86 anos.

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Suas origens

Nascido em Buenos Aires, Lalo Schifrin teve contato com a música desde cedo; seu pai foi o segundo violinista da orquestra do Teatro Cólon por quase 30 anos. E apesar de estudar sociologia e direito, o compositor foi aprovado no Paris Conservatoire aos 20 anos e assim ingressou de vez no mundo da música.

Após retornar da França em 1957, o músico colaborou pela primeira vez com uma trilha sonora. Ele compôs alguns arranjos para o musical argentino Venga a Bailar el rock, produção inspirada na febre do rock’n’roll com canções em espanhol.

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No começo da década de 60, Schifrin mudou-se para Nova York. Lá ele tornou-se pianista da big band de Dizzy Gillespie e compôs arranjos para orquestras latinas. No mesmo período, pegou seus primeiros trabalhos dentro da indústria cinematográfica, como a aventura americana Rhino (1963) e o longa francês Joy House (1964).

A influência do jazz

Após obter a cidadania americana, Shifrin mudou-se para Los Angeles. Mais próximo de Hollywood, passou a criar composições para diversos longas metragens, documentários e séries de televisão. Sua marca registrada era trazer cada vez mais ritmos populares, como o jazz para a sétima arte, como fez em Cool Hand Luke (1967).

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Bullitt (1968) é considerado um dos seus grandes trabalhos ao lado de Missão: Impossível. Para escrever esse material, ele contou com músicos consagrados do jazz como Bud Shank, Howard Roberts e Larry Bunker. Até hoje, o disco sempre é citado como uma das melhores trilhas sonoras do cinema. E curiosamente, conta com diversas versões alternativas com faixas mais pops ou mais obscuras.

Uma dose de ousadia

Os trabalhos com Missão: Impossível e Bullit lavaram Schifrin a compor os temas de Dirty Harry: Perseguidor Implacável (1971). Para esse longa, o compositor conseguiu juntar música clássica com jazz e rock psicodélico da época. O álbum é considerado a primeira obra de acid jazz, 25 anos antes do gênero ser inventado.

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Operação Dragão (Enter the Dragon, 1973) é outra trilha sonora notável na carreira de Schifrin. O compositor trouxe uma mistura de sons orientais, batidas de funk e efeitos dos pedais wah-wah. Sem contar o trabalho de incluir os kiais (gritos de guerra) do ator Bruce Lee em algumas faixas do álbum. Apesar de tudo, o resultado final é inquestionável.

Projetos cancelados e séries de TV

Curiosidade: Em 1973, Schifrin foi convidado para criar a trilha sonora de O Exorcista. Contudo, o trabalho foi rejeitado pelo diretor William Friedkin durante os testes para audiência, pois o público ficava extremamente assustado com a combinação de sons e imagens na tela.

Durante o fim dos anos 70 e todo os anos 80, grande parte das composições de Schifrin eram para filmes e séries produzidos para televisão. Planetas dos Macacos (1974) e Starsky & Hutch (1975-1979) foram os principais trabalhos do compositor na época.

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O retorno às origens

Ao longo dos anos 90 e começo dos anos 2000, Schifrin teve poucas participações em trilhas sonoras. Foram poucos os temas marcantes como a contribuição com trilogia A Hora do Rush (1998-2007). Contudo, suas composições para o filme espanhol Tango (1998) é uma das obras mais em lembradas pelos críticos, mesmo 20 anos depois do lançamento.

Influência além das telas

Outro detalhe importante sobre Lalo Schifrin é que ele nunca ficou atrelado apenas a trilha sonoras de filmes e séries. Como músico, ele possui uma extensa discografia direcionada para a música latina, bossa nova e jazz. E isso influenciou muitos artistas e de diferentes gêneros.

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Por exemplo, Portishead fez uso de um sample de Danube Incident, parte da trilha de Missão: Impossível, na faixa Sour Times. Assim como o grupo de hip-hop Heltah Skeltah utilizou o mesmo tema em Prowl.

Se quiser conhecer ainda mais sobre a obra de Lalo Schifrin, recomendo ouvir a playlist do Spotify This Is: Lalo Schifrin em que reúne 50 faixas que apresentam bem a discografia do compositor nos cinemas e fora da Sétima Arte:

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