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Pega a Visão - Isabela dos Santos

Mariana Mello: planos futuros, dualidade humana e trajetória

ISABELA DOS SANTOS

Ao terminar a conversa com Mariana Mello, rapper caiçara, cria de Santos que encontra-se atualmente em São Paulo, sinto como se tivesse acabado de ouvir uma música sua. A artista passa a sensação de pura transparência, como se o som fosse uma extensão de quem ela é.

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Após o lançamento do EP Eu, Mariana (2017), ela teve uma aparição notória no RAP Box com a música Da onde eu vim, dando uma lembrada no pessoal de Santos, resgatando um pouco sua trajetória, mostrando agressividade, ao mesmo tempo delicadeza, sempre com rimas inteligentes e reflexivas. Porém, depois do lançamento, a artista divulgou poucos trabalhos e fui procurá-la para perguntar sobre projetos futuros.

“Tem um single que vai sair. Na verdade é um feat com alguém que chegou estourando e tem muito potencial. A vibe da música é bem pra cima. Não posso dar muitos detalhes”, afirma. Estas foram as informações que consegui sobre os futuros trabalhos. Porém isso deu brecha para uma conversa sobre o conceito para os próximos trabalhos. Pergunto se seria como o último lançamento solo dela, a música Sem Limites, que diferente de muitas outras como Quem te viu passar, tem uma energia “alto astral”.

“Sim. Eu pretendo caminhar por este lado, até pra mim mesma, porque a gente não é uma coisa só. Eu mostro muito o lado ‘dramático’, mas a gente é uma dualidade, eu acredito que todo ser humano é constituído do bem e do mal e mostrar as duas faces é ser transparente. Quero sair um pouco da tristeza agora. Claro que continuarei falando dos sentimentos como um todo, mas pretendo tendenciar para este lado no próximo projeto. Eu espero que meu público se anime, que as pessoas se encontrem, curtam, quero levar a energia de solução, sabe? Tipo colocar a cabeça pra fora d’água, um respiro!”, explica.

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Identidade própria e dualidade

Mariana também revela a pretensão de cantar em músicas, como fez em Me Disseram, e colocar um “pézinho” no pop sem perder a essência do RAP. Questionada se haverá uma pegada com crítica social ela responde “ Eu prefiro falar sobre os sentimentos como um todo. Para fazer crítica social tem que saber muito do que tá falando, vivenciar bastante, e eu não tenho isso e não gosto de ser alguém que não sabe o que fala”, esclarece.

O primeiro EP ganhou o título Eu, Mariana, porque foi um jeito dela tornar sua identidade conhecida e representar as músicas que têm muito do seu ponto de vista e de suas experiências. Levou cerca de nove meses para finalizá-lo e ele foi disponibilizado em 2017. No meio do RAP sabia que não seria tão bem aceita.

“Primeiro porque a cena tá bem competitiva, não entendo isso. Ainda mais por eu ser mulher de um rapper muita gente me julga, mas fazer RAP sempre partiu de mim, a paixão foi algo inesperado”. Já para o público e pela crítica, as faixas foram bem recebidas. Ela é citada por muitos como representante do RAP feminino e já foi elogiada como uma das “melhores da atualidade” por Karol com K.

“Eu realmente não esperava a repercussão da música, nem o convite pro Rap Box. Eu sou uma pessoa que dá a cara a tapa, mas ao mesmo tempo não espero nada, tipo um bicho grilo. Então, fiquei bem surpresa com a aceitação do público. Também acho que a atenção é por causa da maneira como me expresso. Eu não tenho um padrão, tenho essa dualidade e não sei definir. Ao mesmo tempo que ela consigo me soltar, sou bastante reflexiva. Nunca deixei minha personalidade”, comenta.

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Mariana passou o último ano trabalhando com publicidade, oportunidades que apareceram, sendo possível ela se manter, pois trabalha como artista independente. Mesmo com toda dificuldade se orgulha de ter conseguido conquistar o público de maneira orgânica.“ Tive ajuda de muita gente, claro, mas tudo foi muito meu, as ideias, foi tudo muito intuitivo, o que pode ser perigoso para um artista ainda mais no início. Mas deu certo. Agora estou tomando mais cuidado com isso. Quero entender o que estou fazendo e que as pessoas cantem junto, então estou mais atenta”.

O Sonho da poeta caseira

A caminhada de Mariana, que está com 24 anos, começou ainda jovem, quando escrevia em casa, já com cunho reflexivo. E ela queria expressar seu sentimentos cantando, mas afirma que não achava sua voz boa o suficiente. Tentava expressar essa sensibilidade em sua atitudes, e também por meio de fotos e imagem. Mas o mundo digital foi aproximando do mundo artístico e da música.

Costumava frequentar shows em Santos aos 18 e 19 anos. Acabou conhecendo pessoas que puderam auxiliar e impulsionar este desejo de cantar. Ela cita um episódio no qual teve a coragem de acreditar em si, pagar um beat e ir gravar a primeira música em um estúdio.
”Fui movida pela fé, o sonho, a mensagem pra passar, não ia ficar sossegada”. A faixa nunca foi divulgada pois segundo ela “era muito amadora. Eu comecei sozinha, sem ninguém. Então, não tinha muita técnica. Mas me deu ânimo pra melhorar, continuar”.

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Ainda em Santos, teve a experiência de trabalhar com o DJ dos Racionais, mas não deu muito certo. Ela começou a ir para São Paulo onde tempo depois seria sua nova cidade. Lá, encontrou mais ajuda para realizar seu sonho. “Muitas pessoas me incentivaram, inclusive meu noivo que na época era meu amigo. Ele foi a pessoa que disse ‘vai, você consegue’”. Ela lançou a primeira música chamada Universo em Crise feat Guerrilheiros e Poesia da Casa em 2016. Depois disso resolveu se dedicar ao EP.

“Peguei letras que já tinha, escrevi mais, fui aperfeiçoando porque tinha que adaptar pro beat. Demorou uns nove meses para finalizá-lo e ainda um tempo pra por na rua. Nessa época eu estava grávida da minha filha”, relembra. Além de outros trabalhos, este é um dos motivos de Mariana não ter lançado tantos após o primeiro trabalho, pois também se dedica a criança de dois anos e sete meses. Enquanto isso, ficaremos no aguardo para os próximos lançamentos da artista.

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