ISABELA DOS SANTOS
“Ghetto Woman, preta periférica
Da América Latina
Eles latem pra mim,
Só porque sou mina de ninguém”
Essa é a letra que inicia o recente single lançado pela rapper Lay, MINADENINGUÉM. O lançamento faz parte do seu próximo EP intitulado Gatilho. Lay foi uma artista que encontrei aleatoriamente no Youtube e fiquei impressionada. Ouvi as músicas de seu primeiro EP, 129129, lançado em 2016, e baixei todas logo em seguida. Fiquei esperando outros lançamentos e nada. Minhas esperanças já haviam diminuído, até que esse mês ela soltou o nova música.
A faixa parece mais comercial do que seu single de estreia Ghetto Woman, uma escolha apropriada já que seu talento é muito bom pra ficar condensado em um público só. Mas o fato parece não tirar a essência da artista, na faixa já é possível notar como Lay continua se dedicando ao feminismo e na vibe de trechos de músicas como Mar Vermelho e Ressalva,continuará utilizando ações atribuídas a “animais famintos” para descrever os comportamentos do homem em relação às mulheres.
Sinto que Gatilho pode atingir um público maior, sendo uma extensão do anterior, que faça as pessoas também escutarem o 129129. Espero para esse novo EP outro choque, pois minha expectativa está elevadíssima, já que quando escutei suas músicas pela primeira vez fui surpreendida.
Lay tem o que todo (a) rapper deveria ter: composição, flow, conhecimento e representatividade. O Poder Feminino não é só falado, é sentido também. Dá pra perceber que todo o trabalho, o flow e as letras de suas músicas são únicas, profundas, chocante, versátil, independente e afrontosas. As rimas são imprevisíveis e inteligentes. É algo a mais do superficial.
Juntamente com a matéria, aproveito para deixar aqui o pedido que Lay publicou, na última semana, em um comentário do clipe Mina de Ninguém no Youtube, prezando pela expansão de seu trabalho.