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Poesia e Rock # 33 – Rock colorido

FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA

O rock nasceu e é por essência libertário. Nasceu sob a égide do sol rascante, vibrátil, rompedor da pasmaceira conformista do pós guerra. Desdobrado o tempo foi hippie & beatnik: a libido era elemento fundamental do ritmo estilo epidérmico. Não! não tecerei considerações sobre homossexualismo esteriotipado no rock. É a diferença, o que inquieta, o não sondado à primeira vista. Talvez Michel Stipe seja meu paradigma: estranho, sensualmente estranho, sem obviedade na militância, liberto de culpa autocondescendente. Há sempre estranhamento na revelação por ser um gênero coletivo: banda, troupe, excursão…. Everybody Hurts soa tão paleolítico ainda que atemporal e tão presente. Resistir com sutileza, rasgar-se de temores, vencer por pontos e não nocautes o preconceito… Ou o rock representa espaço de soltura, liberação, um corpo criativo sem órgãos ou não é…. a porta aberta a desregramento é sua tônica essencial…

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Ouço uma experiência em rock de Somewhere Over the Rainbow por Jimmy Hendrix: tinha que haver algo nisso assim lancinantemente belo. Essa canção na voz de Judy Garland, óbvio hino gay, inspirou todas batalhas de contestação a partir do bar Stonewall no final de junho de 1969. Foi a Bastilha homossexual do planeta. Bem que poderiam adotar Ziggy Stardurst ou o lindoooo Reel around the Fountain, dos Smiths, como contrapartidas pós modernas desse movimento.

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Gay pode ser tanta coisa e no rock ser soft cool ou hard feito assim esse bólido de energia que é Rob Haldorf que nos ensina que nenhum ritmo foi tão detonador de arquétipos quanto esse caleidoscópico rock. Que o diga o denso rosto com relevo profundo de Lou Reed entoando: I´m Waiting for my Man tão assim bem acompanhado de Velvet Underground. Nada da obviedade queer: boys bands com rostinhos lindinhos. Rock e arco íris aqui é mais beat que onda rosa desbotada. Imaginem Renato Russo e Cazuza nessa sintonia… uma trilha rock poético progressiva?

Se tu define um livro rock ele é rock: Uivo de Ginsberg é pura sinfonia de amor gay e rock. Outras referências que me vêm aqui quando escrevo de ouvido: o teclado de Roddy Bottum no Faith no More ou a languidez de Morrissey. Importante nesse mês da diversidade que o arco que acolhe sentimentos, expressões e afeições gays é tão amplo quanto meu conceito de rock. Para falar das meninas porque não considerar Meredith Jane Monk e Tulipa Ruiz, formas estilizadas dum rock diáfano e exótico? Tudo assim é se assim lhe parece….. beijos entendidos!

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