FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA
Foto: Breno Galtier/Divulgação/Lollapalooza
Quando aceitei convite inusitado para escrever sobre rock aceitei de cara pelo empenho jornalístico de Lucas Krempel e por sentir de pronto que o rock e a poesia têm os ligando a essência do experimento. O velho rock de Chuck Berry depois de 60 anos continua tão atuante quanto nos primórdios quase caricatos de Bill Halley. O Rock in Rio se reinventa porque o ritmo possibilita. Rock é poesia eletrificada em experimentação, inquietude e renovação constante. Permitam-me o lugar comum: rock é pedra rolando sem dar tempo para o limo do cansaço.
Nesse pós carnaval que escrevo rememoro Duran Duran, que soa hoje tão breguinha e docemente breguinha…. era a banda preferida de Lady Di ( alguém ainda se lembra da princesa? ) e o grupo ouvido por esse escritor na virada dos 1980. Gosto de gostar das coisas dizia o pop rock Andy Warhol e assim eu posso curtir tanto a patota de Simon Le Bon quanto ouvir com mesmo prazer os jovenzinhos irlandeses do The Script.
Ah! A melodia com ares melancolicamente wildeanos de Danny O´Donoghue que bombaram em alguns círculos no Rio em 2015. O ecletismo do que seja rock facilita tanto quanto o caleidoscópico caldeirão representado pelo jazz e pela poesia. Mas o rock tem ainda um apelo maior de renovação por ser arte de massa! Essa linguagem universal que faz com que meninos da periferia de Dublin, vizinhos da fábrica da não menos deliciosa Guinness, sejam consumidos por todo planeta.
O rock e o poeta inovam-se conjuntamente: aos 53 anos não fico preso aos hits de Boy George para citar um astro da minha geração. Nesse Oscar mesmo uma maravilhosa fita nos oferece todo um revival dos já tão citados anos 1980.
Recomendo aos estetas assistiram ao lindo Me chame pelo seu nome, que torço fature todas estatuetas! Por exemplo quem recorda de Richard Butler com o delicioso Maybe someday, que foi resgatado quase como cápsula do tempo que explica o cerne da trama?! Ai que filme que amo rever e que puta orgulho deu perceber quanto o bom e velho rock está presente nessa trama homoafetiva, que é só bom gostos do começo ao fim….
Talvez Eric Clapton tenha sido nosso Rimbaud da guitarra desistindo de aprofundar sua enteléquia: tenho comigo que essa liga é da mutação, o rock zen, a crisálida entoando mantras infinitos. O rock é o que não está no gibi.