FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA
Foto: Ale Frata / Código 19/ Folhapress
Nada mais distante da falta de interesse cultural, especialmente, que o rock! Até os anos 1970, o jovem que curtisse Eric Clapton e/ou James Taylor era o mesmo que ia às peças de resistência, “a caretice ocidental e as ditaduras latino-americanas”, curtia o cinema libertário inglês a começar por Laranja Mecânica e obviamente lia, lia avidamente aqueles livros que o faziam passar por estranheza no pátio do colégio… Sim, nesses tempos ainda de pátio do colégio e uma farta biblioteca lateral para abastecer a ânsia revolucionária recôndita de roqueiro intimista.
Hoje, talvez, o perfil desse roqueiro cult seja aquele que curte assistir Roma, para espanto dos mais efusivos, além de entender cada take de Guerra Fria, e também ler todos os lançamentos de Yuval Noah Harari, sem desdenhar o pop Bohemian Rhapsody.
O jovem roqueiro pode até, hoje, ganhar horrores (sim, horrores porque o capitalismo é um horror) no mercado financeiro ainda que vá até a Berrini de patinete. O roqueiro cult, por mais neoliberal se torne torcendo pelo ministro Guedes, sempre guarda o que o rock lhe deu: poesia, sensibilidade e multiculturalismo. Nada tão longe quanto o imbecil chanceler Araújo, esse horror jeca do Olavo-carvalhismo tão anti-rock! Aliás, anti-tudo que é belo nesse mundo pós Hendrix. Sim! Porque o roqueiro cult celebra todas datas comemorativas em torno de Nick Drake a Heath Ledger, ator arquetípico para o rock e seu entorno maldito.
Sempre reflito quais livros indicar aos meus alunos de oficina literária. Aliás, nada mais contemporâneo no Brasil que a tradição (?) das oficinas criativas para poetas, escritores, interessados em literatura que obviamente escutam muito Always Ascending (Franz Ferdinand) e conhecem de ouvido qualquer coisa do Garage Fuzz.
Dedico aos meus leitores desse prestigiado blog, se é que os tenho, uma lista básica para candidatos a cult no que tange a literatura… Os tais livros obrigatórios na mochila dos roqueiros.
1- As Folhas da Relva, de Walt Whitman
2- Macário, de Álvares de Azevedo
3- Cantos de Maldoror, de Lautreamont
4- Uma Temporada no Inferno, de Arthur Rimbaud
5- O Anticristo, de Nietzsche
6- As Portas da Percepção, de Aldoux Huxley
7- História do Olho, de Georges Bataille – (sim, o olho do cu mesmo)
8- Sexus, de Henry Miller
9- Pergunte ao Pó, de John Fante
10- Howl, de Allen Ginsberg
Detalhe: todos em PDF na internet porque não tem desculpa para ficar preso com a namorada lindinha assistindo Desesperate Housewives ou o famigerado BBB da temporada numa recaída tua de imbecilidade amorosa. E se forem generosos procurem um dos meus 14 livros de poesia nas melhores livrarias.