MARCELO ARIEL
“Mísica para mim é som organizado em tempo, é uma forma de expressão artística e de conexão. Para mim particularmente, é uma forma de tentar compreender sentimentos complexos através do compartilhamento deles através desse meio.”
Sabine Holler
Mother of transition de Sabine Holler é um cristal onde a voz desenha canções com uma precisão cromática, é como um quadro expressionista pintado com técnica pontilhista, a voz se estende e flutua sobre arranjos com um belo, forte e sutil acento sinfônico.
Em Japanese Food, Giovani Cidreira canta com um lirismo cortante, muitos textos sobre esse disco apontam a ligação com o Clube da Esquina, com a lírica de Lô Borges & Milton Nascimento, ela existe, mas há algo nesse disco que faz dele mais do que uma confluência de tempos e continuidades, a exposição de uma sinergia que atua em ressonância com a retomada da força da palavra.
Recomeçar de Tim Bernardes se desdobra como uma sinfonia e um estudo sobre a dor, a paixão e o cansaço como fonte de energia.
Estes três discos são pequenas pérolas que comprovam a profunda força que tem a canção para traduzir estados inomináveis e como diz Sabine no início dessa coluna, sentimentos complexos, estar vivo é se sentir perdido, dizia um conhecido filósofo dinamarquês, é bom estar perdido e vivo, se existem canções como as destes três discos, como nuvens transparentes no céu de um mundo em ruínas, já coberto por grama e galhos prontos para florescer.