Não dá para negar que a Netflix vem conquistando o mundo com seus seriados ficcionais. Sempre que acontece alguma estreia, as redes sociais se enchem de comentários, resenhas e críticas. Infelizmente, o mesmo não acontece com outras de suas produções originais e esse é o caso dos mini-documentários de Explicando.
Com novos episódios todas as quartas-feiras, a série explora em até 20 minutos os mais variados temas dentro de categorias como: saúde, sociedade, economia e cultura. Uma grande surpresa foi que o último lançamento, do dia 30 de maio, fala sobre o fenômeno do K-Pop e como um gênero musical da Coreia do Sul conseguiu alcançar o patamar que se encontra hoje.
Em um dos posts dessa coluna eu comentei sobre o início do gênero, mas o mini-documentário vai além. O episódio começa dando um panorama histórico e falando sobre a apresentação de Seo Taiji & Boys, em 1992, durante um programa de talentos.
O trio subiu ao palco cantando, fazendo rap, usando roupas largas e coloridas, dançando como b-boys e ainda apostando em letras que falavam sobre os pontos negativos da Coreia do Sul, o que anteriormente era estritamente proibido devido à ditadura de Park Chung Hee (1963-1979). Foi algo totalmente novo para os padrões do país. A mudança foi tanta que a mídia começou a chamá-los de os New Kids on the Block coreanos.
Até chegar a situação que encontramos hoje em dia, o mini-documentário ainda fala sobre o grupo H.O.T, que também ajudou a formar o K-Pop que conhecemos. A criação das empresas de entretenimento, o modo de seleção dos futuros idols (nome dado aos membros dos grupos), a importância das diferentes funções de cada integrante dentro de um mesmo grupo, as referências usadas para o grande mix de gêneros musicais nas canções, o viral de Gangnam Style, as estratégias de marketing, como o fato de termos e frases em inglês estarem sempre presentes nas músicas, são outros assuntos abordados.
Pressão social
O episódio também aborda a rígida pressão que os membros dos grupos sofrem para manter uma boa impressão. Esse é um ponto que difere muito os artistas ocidentais dos orientais. Na Coreia do Sul, se você é uma figura pública, você precisa ter um grande zelo com a imagem. Os artistas não podem se envolver em casos de falta de respeito, em escândalos amorosos ou problemas com álcool ou drogas.
As consequências disso podem ser enormes. Um exemplo aconteceu no ano passado, quando estourou uma polêmica envolvendo o rapper T.O.P, do BIG BANG, um grupo muito famoso na Coreia do Sul. Ele foi acusado de ter utilizado maconha líquida durante seu período de alistamento militar, que dura dois anos. Uma investigação comprovou o uso do entorpecente e por isso ele poderia ser expulso do exército, tendo que se realistar e cumprir o serviço do zero.
Também por causa do ocorrido, ele sofreu muita repressão da sociedade coreana, já que o uso de qualquer tipo de droga é extremamente malvisto. Ainda mais vindo de uma celebridade, que é alguém que exerce certa influência nas outras pessoas.
T.O.P precisou pedir desculpas publicamente, dizendo que estava muito envergonhado e que não queria ter desapontado tantas pessoas. Ele também fala no pronunciamento que estava passando por um momento depressivo. A situação chegou a um nível extremo quando ele teve uma overdose de medicamentos para ansiedade e ficou internado na UTI.
O documentário não podia deixar de fora a expansão global do grupo BTS. Na série, eles explicam alguns motivos que podem ter o levado a se tornar tão popular fora da Coreia do Sul. O sucesso é tão grande que depois de ser o primeiro grupo de K-Pop a se apresentar em uma premiação americana, o American Music Awards 2017, ele também alcançou o primeiro lugar no Billboard 200 Chart com o álbum Love Yourself: Tear.
Participam do mini-documentário nomes como Gyu Tag Lee (especialista em K-Pop), Primary (produtor musical), Caesar e Loui (produtores da música Red Flavor, do girl group Red Velvet), Sun Kyu Yang (dono da Def Dance Skool), Yoon Ha Kim e Hui Ah Park (locutoras de rádio), membros do grupo de hip-hop Epik High e Tamar Herman (coloboradora da revista Billboard).
Em 20 minutos, Explicando entrega ao público uma verdadeira aula para quem deseja entender mais sobre K-Pop de maneira geral. Além disso, também já estão liberados na Netflix os episódios que falam sobre diferença econômica racial nos Estados Unidos, DNA projetado e monogamia.
