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Pop Punk Academy - Lupa Charleaux

25 anos de “Smash”: um capítulo importante na história do The Offspring e Epitaph Records

LUPA CHARLEAUX

No dia 8 de abril de 1994 chegava às lojas de discos norte-americanas um álbum intitulado Smash. Com 14 faixas, esse era o terceiro trabalho do The Offspring, um quarteto natural de Orange County, na Califórnia. O que poderia ser só mais um lançamento qualquer para época, logo se tornou o disco independente mais vendidos da história com mais de 11 milhões de cópias no mundo.

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Vinte cinco anos depois, Smash tem uma importante influência no legado construído por Dexter Holland, Noodles e Greg K. Junto com o Dookie do Green Day, também lançado em 1994, o disco trouxe definitivamente o punk rock para o mainstream nos anos 90. Porém, ele tinha um simples diferencial que era o apoio da Epitaph Records, selo independente comandado por Brett Gurewitz (Bad Religion).

Hoje resolvi contar um pouco das curiosidades sobre Smash, mas nas palavras dos próprios integrantes. Bem-vindo a mais um “PPA: Clássicos do Pop Punk” (ou algo assim)!

Self Esteem

Recentemente comecei a ler Smash!: Green Day, The Offspring, Bad Religion, NOFX, and the ‘90s Punk Explosion (2018), livro escrito por Ian Winwood, importante colaborador de publicações musicais americanas como a renomada Kerrang. Focado na explosão do punk pop nos anos 90 como um todo, o sexto capítulo é dedicado a história por trás de Smash e como tornou-se o lançamento que mudou a história da Epitaph Records e do The Offspring.

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É interessante acompanhar como tudo aconteceu de forma orgânica e inesperada. Durante o livro, Dexter conta que na época a banda não tinha nem equipamentos bons o suficiente para gravar um disco e que tiveram que juntar dinheiro ou pegar emprestado para comprar um novo amplificador e uma nova bateria.

“Mas não foi algo como ‘Nós precisamos fazer isso por que o nosso futuro depende disto’. Foi mais o caso de ‘Isso parece ser uma ótima ideia.’ Analisando hoje, isso acabou sendo bem importante”, reflete o músico em um dos seus depoimentos para o autor do livro.

“Não gastamos muito dinheiro ao gravar o Smash. Nem tínhamos como bancar um quarto de hotel para o nosso produtor Thom Wilson. Ele teve que dormir em uma van durante todo o processo de gravação do disco”, comenta Noodles sobre a situação financeira pouco favorável da banda na época.

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Come Out And Play

Apesar dos problemas típicos de uma banda independente, o sucesso de Smash começou até mesmo antes do lançamento do disco. Quem estava ao redor do The Offspring acreditava que o material era incrível, mas não o suficiente para sair da sua bolha e alcançar o “mainstream”. Fazendo uma breve comparação, nem mesmo o Dookie do Green Day, lançado dois meses antes por uma major, tinha atingido o grande público ainda.

“Eu não conseguia acreditar como as músicas eram tão boas. Enviamos Come Out And Play para KROQ, uma rádio de Los Angeles, e eles me ligaram dizendo que iam colocar a faixa para ser tocada em todos os horários. Então, ficou impossível ouvir a principal estação da cidade e não escutar a música”, revela Brett Gurewitz

“Foi surpreendente como as coisas aconteceram rapidamente. Dois anos antes, não havia punk rock no mainstream. Simplesmente nada. E nós sabíamos disso. Dizíamos que iríamos nos mudar para Sunset Boulevard e virar uma banda de hair metal. Mas isso não era a gente… E então, de repente, estávamos em todas as rádios e na MTV também”, conta Dexter sobre o sucesso que o disco atingiu em um curto espaço de tempo.

Durante esse período também surge uma das histórias mais engraçadas do The Offspring. Ao longo de boa parte da carreira do grupo, a banda nunca foi a principal atividade dos integrantes, que mantinham empregos comuns. Mesmo com o disco vendendo um volume absurdo de cópias e o quarteto fazendo diversos shows pelo Estados Unidos, ninguém largou o trabalho.

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O guitarrista Noodles manteve seu emprego como zelador de uma escola em Anaheim por mais três anos após a banda estourar na mídia. O músico tinha feito uma promessa para o seu chefe de não largar a vaga até o fim do ano letivo. “Tinha uma garota do colegial que sempre me parava pela manhã e dizia ‘Cara, o que você está fazendo? Eu vi você na MTV!”, conta.

Something to Believe In

Inicialmente, acreditando no potencial do The Offspring, Brett Gurewitz achou que 50 mil cópias seriam suficientes para atender a quantidade de fãs da banda. Um número de exemplares considerado uma aposta alta para os padrões de uma banda independente nos anos 90.

Mas Smash tornou-se tão grande que, meses depois, o chefe da Epitaph Records teve que usar sua própria casa como garantia ao pedir um empréstimo no banco para poder prensar mais cópias do álbum e conseguir atender a demanda. Bem como, alugar um espaço a maior que o escritório da gravadora em Los Angeles apenas para guardar o grande número de discos – mas que acabavam rapidamente.

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“Na época, nós mediamos o sucesso das bandas de punk rock utilizando o Bad Religion como referência, os reis da Epitaph que venderam 100 mil discos. Esse era o limite, era o mais longe qualquer banda poderia chegar. E isso era o máximo que eu acreditava que poderíamos fazer também”, conta Dexter sobre seu referencial de vendas.

Entre junho e julho de 1994, considerado o verão americano, Smash estava vendendo 100 mil cópias por semana. Logo, o álbum conquistou certificado de Ouro e Platina em diversos países. Nos Estados Unidos e no Canadá, eles conseguiram seis vezes essa marca ao vender 6,3 milhões de cópias e 600 mil cópias em cada país respectivamente.

What Happened to You?

Smash era um disco de punk rock e ponto. E estava sendo lançado por uma gravadora que era dedicada a lançar materiais de punk rock e hardcore em uma época que tais estilos estavam bem em baixa e limitados ao underground. Por obra do destino, ou realmente pela qualidade dos singles como Come Out and Play e Self Esteem, The Offspring conseguiu atingir algo inédito na história da música.

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Para Epitaph Records, o sucesso do álbum foi fundamental para mostrar para as gravadoras majors que os selos independentes também podem promover uma banda. Mesmo sem um investimento tão alto, ou pedindo empréstimo para isso, é possível gerenciar bem um artista.

No fim, tudo isso foi essencial para que Brett Gurewitz tivesse argumentos para convencer o Rancid, outra banda fundamental para explosão do punk rock nos anos 90, a continuar com ele e seu selo independente. Mas isso fica para um outro PPA.

Por isso, recomendo que você leia Smash!: Green Day, The Offspring, Bad Religion, NOFX, and the ‘90s Punk Explosion. Essa obra de Ian Winwood ainda não foi lançada no Brasil, mas está disponível em inglês para Kindle na Amazon. Em breve vou publicar um review sobre ele por aqui no PPA! E por essa semana, é só!

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