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PPA #100 – Afinal… o que é pop punk?

Sempre que comento com alguém que escrevo sobre pop punk, logo em seguida tenho que responder a pergunta que dá o título ao post. É contraditório colocar a palavra pop ao lado da palavra punk, que representa um movimento cultural que vai contra o sistema e tudo mais. Porém, isso é possível.

Na 100ª edição do Pop Punk Academy, resolvi fazer um guia sobre o que é pop punk. Além de dar uma definição ao gênero, dividi a história dele em 5 eras para tentar contextualizar melhor sua origem e o que ele se tornou hoje. Hey Ho… Let’s go!

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1ª Era – A Origem (Anos 70)

O pop punk começa apenas alguns anos depois do punk rock. E o conceito básico do gênero está em Ramones (1976), álbum de estreia de uma das bandas mais importantes do rock. Ele apresenta os elementos que são copiados por diversas bandas até hoje: canções rápidas, melodias simples e letras sobre o cotidiano adolescente.

O quarteto tinha uma vida bem desajustada, mas após os Ramones tocarem na Inglaterra, outros artistas adaptaram essa “fórmula” para a realidade deles. E assim temos Buzzcocks escrevendo os clássicos Ever Fallen in Love with Someone (You Shouldn’t’ve) e Orgasm Addict. E o Generation X cantando Ready Steady Go e Kiss Me Deadly.

The Clash e Sex Pistols foram importantes para a popularização do punk rock no mundo. Contudo, nem todos gostavam da pauta politizada. Nem todos queriam ser durões e anarquistas. Ou seja, o pop punk ia contra o próprio punk rock ao falar de outros assuntos.

Poder fazer música simples e rápida era atraente para os jovens europeus que celebravam a juventude e compartilhavam fatos sobre suas vidas. A política era importante, mas às vezes os problemas do fim da adolescência precisavam ser expostos. Então, o The Undertones escreve um clássico como Teenage Kicks.

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2ª Era – Os primeiros subgêneros (Anos 80)

Crescendo na Inglaterra, o punk rock se tornou ainda mais agressivo. Na Europa, o street punk e o Oi! punk tomaram conta da cena. Nos Estados Unidos, o hardcore era a arma para os questionamentos políticos. De ambos os lados do oceano, tudo era bem brutal. Mas havia espaço para outras bandas quebrarem essa “regra”.

The Incredible Shrinking Dickies (1978) do The Dickies apresentava algo bem menos agressivo com letras bem humoradas e fazendo referências à cultura pop. Uma zoera sem limite com direito a uma versão de Paranoid do Black Sabbath. Logo, a imprensa os classificou como “punk easy listening”.

Quem entrou nessa categoria foi o Descendents. Apesar da fazer parte da cena hardcore, Milo Aukerman e banda abordavam assuntos bem distantes da política. Milo Goes to College (1982) fala sobre amores não correspondidos (Hope), pescaria (Catalina) e crítica sarcasticamente a vida nos subúrbios (Suburban Home). Um álbum que pode ser considerado a origem do hardcore melódico e forte influência para o pop punk.

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Outro “subgênero” que dos anos 80 é o bubblegum punk. Basicamente, ele pegou os acordes básicos dos Ramones e acrescentou mais energia. As letras costumam ser “contos” sobre garotas, amor, bebedeiras e histórias de terror. Sem dúvidas, Screeching Weasel e The Queers são os principais nomes desse estilo.

Muito comum na Inglaterra, o punk pathetic também merece uma menção como “punk pop”. Um derivado light do street punk, ele traz músicas cheias de bom humor e com referência à rotina da classe trabalhadora. The Adicts, Toy Dolls e Peter and the Test Tube Babies influenciaram muitas bandas de pop punk dos anos 90.

3ª Era – A Explosão (Anos 90)

Apesar do Nirvana trazer o punk para as massas, a tristeza do grunge deixou algumas pessoas incomodadas. Eles queriam algo mais enérgico e que representasse melhor o cotidiano deles. No meio da década, uma série de fatores colaboraram com o crescimento do pop punk. Ou nu punk, como chegou a ser chamado na época.

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Em 1994, o Green Day lançou Dookie, terceiro álbum da carreira e o primeiro por uma grande gravadora. O disco trazia de volta a “fórmula” que encontramos lá nas primeiras bandas do gênero: músicas rápidas, melodias simples e a fúria adolescente de forma crua. O resultado foi um sucesso de crítica e mais de 10 milhões de cópias vendidas.

Outro disco que foi importante para o gênero foi Smash (1994) do The Offspring. No entanto, ele utiliza a mesma “fórmula”, porém com uma visão mais adulta. Lançado de forma independente, o álbum conseguiu o número de 11 milhões de cópias vendidas. E junto com o Dookie, eles foram responsáveis por ampliar a cena punk rock/pop punk nos anos 90.

Como ambas as bandas eram californianas, os olhos do mundo se voltaram para o estado americano. E nos anos seguintes conhecemos artistas como Rancid, NOFX, Bad Religion e muitas outras que são queridinhas do público e porta de entrada para o estilo. Apesar de quase todas rejeitarem esse rótulo “pop”.

Influenciados pelo “punk class of ‘94” e outras bandas dos anos 80, as primeiras bandas de pop punk/bubblegum surgiram no Brasil no fim dos anos 90. Holly Tree, Carbona e Tequila Baby foram as bandas que mais representativas que beberam bastante da fonte do pop punk.

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4ª Era – A contradição do Emo (Anos 2000)

Na virada do milênio, o blink-182 passou a ser a principal referência do pop punk no período, enquanto surfava no sucesso de Enema of the State (1999). Essa exposição ajudou a trazer muitas outras bandas para a grande mídia. Sum 41, Simple Plan, New Found Glory, Yellowcard e All Time Low embarcaram no mesmo trem do hype.

Na mesma época surge o emo pop, a mistura do pop punk com emo. My Chemical Romance, Fall Out Boy, Good Charlotte e Paramore começam a se destacar na mídia, principalmente na MTV. Contudo, nem todos queriam ser comparados com as bandas com franjas e lápis nos olhos. Nem os artistas e nem os fãs queriam ser relacionados com o estilo.

Enquanto o mainstream inflava com as bandas seduzidas pelo hype do estilo, o underground americano fornecia artistas tão bons e talentosos quanto. The Ergs, The Copyrights e Teenage Bottlerocket são exemplos de materiais de qualidade.

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Por influência internacional, o gênero também chegou ao mainstream no Brasil. Strike, Forfun, Houdini e Cueio Limão foram grandes representantes do pop punk nacional na época. Conquistaram espaço na MTV e nas TVs abertas, além de serem headliners de festivais e eventos dedicados ao público pop punk/hardcore melódico.

5ª Era – O pop punk hoje

No fim da primeira década dos anos 2000, o pop punk sofreu uma queda de popularidade. Green Day e blink-182 continuaram sendo a porta de entrada para o gênero, enquanto outros artistas foram amadurecendo, mudando de estilo ou se moldando para o mercado.

Timidamente, as bandas que surgiram modificaram um pouco da fórmula “implantada” pelos Ramones. Influenciados principalmente pelo New Found Glory, o easycore ganhou vida. Um som muito pop para o punk e muito punk para o pop. A Day To Remember, The Story So Far, Four Year Strong e Neck Deep são algumas das bandas que utilizam essa receita que ficou bastante popular entre os fãs do gênero.

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Fugindo disso, temos artistas que se inspiram no emo dos anos 90 para renovar seus trabalhos. Sentimentais, mas sem forçar a barra, eles abordam as dificuldades da vida adulta dos millennials. The Wonder Years, Waterparks e Real Friends são artistas que apresentam bem esses temas nas canções.

E o que rola no Brasil hoje?

O pop punk cresceu bastante nos últimos anos no Brasil. E o mais incrível é que pode ser separada em duas cenas bem ricas e com bandas de qualidade. Em São Paulo, por exemplo, o easycore é um dos subgêneros mais populares.

Por exemplo, Dinamite Club, Never Too Late e Navy Blue são alguns nomes que merecem sua atenção quando o assunto é pop punk “PT-BR”. Mas vale destacar a volta dos cariocas do Phone Trio.

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Curiosamente, o bubblegum punk está bem concentrado na região sul. Flanders 72, Rotentix e Magaivers já possuem uma longa estrada, mas sempre representam bem o jeito “ramônico” de tocar. Sukinho di 10, Os Intrusivos e Cine Sinistro também reforçam a cena “chiclete”´em outros estados.

Espero que tenham gostado desse extenso guia sobre o que é pop punk. E que também tenha sanado algumas dúvidas sobre o assunto que é tão polêmico. E se você chegou até aqui, obrigado pela atenção.

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