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Pop Punk Academy - Lupa Charleaux

PPA #125 – Os 25 anos de “Dookie”, um clássico do Green Day

Dia 1º de fevereiro de 1994. Essa foi a data que as lojas de discos americanas receberam um disco chamado Dookie, o terceiro trabalho de um trio californiano chamado Green Day e o primeiro por uma grande gravadora. Depois, já sabemos como esse álbum tornou-se um dos clássicos do rock moderno.

Essa doida jornada sobre o começo da vida adulta foi relembrada recentemente em um belo depoimento do próprio Billie Joe Armstrong no Instagram. E as 15 faixas que compõem o disco mudaram não apenas a vida dele, de Mike Dirnt e Tré Cool. Elas foram importantes para muitos fãs de diversas gerações.

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Por isso, resolvi conversar com alguns músicos que são fãs da banda para saber qual foi o impacto do Dookie na vida deles e compreender como esse álbum ainda continua tão influente até hoje. Bem vindos ao “especial” de 25 anos do Dookie no PPA!

Peel me off this Velcro seat and get me moving!

É muito comum as pessoas falarem que certos álbuns mudaram a vida das pessoas. Seja por ser trilha de um momento especial ou por realmente fazer as pessoas saírem do lugar. E com Dookie não foi diferente. Ele inspirou muitos músicos de diversas formas, como conta Guilherme Lopes, vocalista e guitarrista do Shileper High.

“Foi uma revolução na minha vida! Ele me levou diretamente para o punk rock e para o mundo da música. Influenciado por ele aprendi a tocar guitarra e posteriormente formei a minha banda”, diz o músico que também é o “frontman” do Green Day Cover Brasil.

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Para Ivy Sumini, guitarrista do Naome Rita e Elementos Gorfantes, o disco teve um peso importante em diversos aspectos. “Comprei o disco quando eu tinha uns 15 anos e o ouvia no repeat o dia todo. She foi a canção que fez a minha cabeça para comprar a minha primeira guitarra, montar a primeira banda e mostrou-me que não estava sozinha” revela.

O punk pop de Dookie foi o norte musical para diversas pessoas, um estilo que pudesse acompanhar os pensamentos. Esse é o caso de Luke Mello do Low High. “Passei quase minha pré-adolescência inteira ouvindo hard rock e heavy metal. E sempre tentei fazer minhas próprias músicas, mas não conseguia me expressar como queria. Esse disco apareceu na minha vida no momento certo. Ele me pegou pela mão e disse: ‘faz assim’”.

O álbum traz a fórmula básica do punk rock – três simples acordes e muita energia -, porém acrescentou elementos novos a química que começou com os Ramones. E depois, Billie Joe Armstrong entregou uma nova receita para a geração que viria depois. “Ele moldou o meu jeito de fazer música, de cantar e de tocar. Foi mágico. E se não fosse pelo Dookie, hoje eu talvez estaria fazendo cover de Kiss por aí, eu acho”, confessa Mello.

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Do you have the time to listen to me whine?

Qualquer pessoa que conheça um pouquinho sobre o Green Day sabe que um dos seus grandes sucessos é Basket Case. Um dos singles preferidas entre os fãs, ele fala sobre ansiedade e faz referência uma cena peculiar d’ O Apanhador no Campo de Centeio de J.D. Salinger. Ao mesmo tempo, apresenta uma energia impactante e bastante influente.

Basket Case é especial para mim pois foi meu primeiro contato com a banda. Ouvi pela primeira vez em 1995, com 10 anos, e aquilo mudou minha vida de verdade!”, conta Paulinho Tscherniak, vocalista e guitarrista da Flanders 72. E fica claro como uma música de apenas 3 minutos foi o suficiente para transformá-lo em um punk rocker e até fazer a tatuagem que aparece na capa desta matéria.

A faixa número 7 de Dookie também foi bastante influente na vida de Guilherme Lopes. E quem já foi em um show da banda sabe bem das sensações que ele sente também. “Basket Case, sem dúvidas, é a minha música favorita! Além de ter sido a primeira que ouvi do Green Day, é a única que consegue me arrepiar todas as vezes que ouço”.

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It’s real and it’s been fun

As melodias de Dookie são uma obra a parte e talvez o segredo para o seu sucesso. Enquanto o grunge, que se destacava na época, era bastante denso e melancólico, o trio californiano conseguia apresentar uma fúria adolescente e ao mesmo tempo apresentar uma sonoridade mais trabalhada que as outras bandas punks contemporânea a eles.

“Fiquei abismado quando ouvi Basket Case pela primeira vez, mas foi com Longview que o bicho pegou”, diz Tércio Testa, guitarrista do Lomba Raivosa e Better Off Gone. “É o exemplo perfeito de que, se algum dia você for usar três acordes para fazer uma canção, saiba escolher estes muito bem. É a música perfeita para quem quiser conhecer a banda”

Quem também é fã da faixa número 4 de Dookie é Guile “Joe” Scarantino, guitarrista do Boobarellas. “Ela é minha música favorita, porque além de ter arranjos de baixo e bateria alucinantes, a letra dessa música é genial. Foi amor a primeira vista!”, comenta o músico. E ele revela que o Green Day é a principal inspiração para sua banda ser um trio até hoje.

Não são apenas os singles de peso como Basket Case, Longview, She, Welcome to Paradise e When I Come Around que se destacam no quesito de composição musical. Alguns “lados b” conseguem espaço na lista das melodias favoritas dos fãs. Esse como é o caso de Sassafras Roots para Geanine Inglat, baixista do Crazy Bastards.

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“Além de ter uma das minhas linhas de baixo preferidas do Mike, a letra é super bonitinha. Ela me faz querer me apaixonar sempre que a escuto”, conta a música que teve a oportunidade de subir no palco e tocar com o Green Day no show em Porto Alegre em 2017.

Maybe it’s just jealousy mixed up with a violent mind

Dookie foi responsável por construir um legado para o Green Day. Ele também ajudou a popularizar o punk pop ao lado de outros discos, como Smash do The Offspring e Stranger Than Fiction do Bad Religion – também lançados em 1994. Porém, o som do trio de Oakland sempre foi muito mais comercial que seus contemporâneos.

Isso que fez muitos fãs de punk rock torcerem o nariz para a banda logo que eles estouraram. Entretanto, depois eles avaliaram melhor a importância que o disco tem para o gênero em si. Um exemplo disso é Álvaro Dutra, guitarrista e vocalista do Dissonicos.

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“Como todo bom jovem punk rocker, tive uma certa aversão ao ver o quão pop o Green Day tornou-se por causa do Dookie. Demorou muitos anos para compreender a dimensão desse fenômeno e quão difícil é para qualquer artista fazer algo que capture os sentimentos e frustrações de uma geração a ponto de transbordar para fora do underground e ser relevante para tanta gente”, explica o músico.

In The End

Para finalizar: minha humilde opinião. Como fã, Dookie foi um disco que embalou muitas tardes de trabalho desde que eu tinha 13 anos. Um álbum que “previu” alguns acontecimentos da minha vida, e por muito tempo foi o motivo de querer ter uma banda de punk pop. E se ele não fizesse sucesso, eu não conheceria um número enorme de pessoas incríveis que compartilham o mesmo amor pela banda.

Como “jornalista”, ele é mais um exemplo como 1994 foi um ano sensacional para a música, independente do gênero. É um disco que mostra que o punk, mesmo sem querer, soube se renovar e atingir novamente o mainstream. E assim, passar a ser parte importante da cultura pop ao ser tocado nas rádios e virar trilha sonora de filmes.

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