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Entrevista | Henrique Badke (Carbona) – “Sou grato por cada disco, cada música, cada show vivido com o Carbona”

Com 20 anos de carreira, o Carbona é referência na cena punk rock e no underground brasileiro. Até aqui já foram nove discos de estúdio, muitos quilômetros rodados e muitas amizades feitas pelo caminho. Tudo isso embalado pelo ritmo dos três acordes do bubblegum.

O quarteto já passou da marca dos 550 shows, incluindo algumas turnês famosas como a Chicletour ao lado dos curitibanos do Magaivers, em 2005. Ou excelente show que virou o DVD Fábrica de Acordes junto com os brasilienses do Gramofocas. Já dividiu o palco com o Social Distortion, Marky Ramone e entre outros grandes nomes do punk rock. Ou seja, um currículo invejável.

O ano de 2017 vem sendo muito especial para a banda que está fazendo diversas ações para comemorar a marca de duas décadas. Junto com as duas coletâneas de raridades, nos próximos dias o EP Fórmula Mágica chega às plataformas digitais e também ganha uma versão em vinil pela Morcego Records.

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Henrique Badke, vocalista e guitarrista do Carbona, conversou comigo recentemente. E neste bate-papo exclusivo para o Blog n’Roll, ele contou um pouco mais das novidades da banda para este ano e também fez uma análise de todos esses anos de punk rock.

A Morcego Records é um selo independente capitaneado por você. Queria que você falasse um pouco dessa ideia de criar a própria gravadora. Qual foi a inspiração para investir nessa nova empreitada?

A Morcego é sonho antigo. Eu me dei conta de que talvez lá na frente fosse ficar tarde demais para realizá-lo. Venho trabalhando com música digital há oito anos e tocando há quase 25. Pensar em desenvolver projetos na música é algo que faz todo sentido quando olho pra minha vida até aqui.

Acho que o momento é mais positivo para investimentos e são muitas as bandas das quais sou fã e estão com vontade de trabalhar, trocar, somar. A experiência tem sido incrível, tornar o projeto sustentável é um grande desafio. Mas independente de qualquer coisa, fechar este semestre tendo trabalhado com os artistas e bandas que vamos lançar é motivo de orgulho e felicidade para mim.

Os primeiros lançamentos da Morcego Records foram as coletâneas Rock n’Roll High Skull do Carbona, dois compilados com raridades de duas fases da banda. Como foi mexer nesses arquivos logo no ano que a banda completa 20 anos?

Este projeto foi idealizado e produzido pelo Melvin Ribeiro, baixista do Carbona, e pareceu encaixar muito bem no planejamento que tínhamos feito para o ano de 2017, quando comemoramos 20 anos. O processo de redescoberta de algumas daquelas músicas foi muito legal.

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O volume 2, em português, trouxe várias músicas inéditas. Resgatou sessões demos interessantes e passear pelo tracklist foi meio que uma viagem através do tempo. Eles foram pensados como lançamentos exclusivamente digitais, algo voltado para quem é fã mesmo. E além disso já sabíamos que iríamos fechar o ano com EP. Resolvemos não trabalhar três discos oficialmente.

Em maio deste ano você fizeram um show com músicas de todas as fases no Hangar 110. Lembro que pouco tempo antes da apresentação, você comentava bastante no Instagram sobre reaprender algumas músicas e reouvir os discos. Como foi revisitar os antigos trabalhos?

Olha, hoje olho pra trás e sou grato por cada disco, cada música, cada show, cada minuto vivido com o Carbona. O Straight Out of The Bailey Show (2000), por exemplo foi um disco gravado inteiro em 24 horas. Sendo que no meio a gente ainda fez um show no Hangar. Chegamos no sábado em São José dos Campos, gravamos, fizemos show a noite e domingo fui gravar vocal (risos).

É engraçado revisitar os discos, essas histórias. Mas, acho que essa é a parte legal de ter 20 anos. De ter vivido intensamente cada fase da banda como foi. Eu não voltaria a gravar em inglês agora com o Carbona, mas tenho muito orgulho de tudo que gravamos e fizemos.

Deixando o passado um pouco de lado, o EP Fórmula Mágica será lançado em setembro com seis músicas inéditas. Até onde sei, o Pedro Roberto (baterista) e o Bjorn Hovland (guitarrista) estão morando fora do Brasil. Então, bateu a curiosidade em saber como foi o processo de composição e gravação do material. Qual foi o segredo?

Foi muito legal o processo. A gente tinha três ensaios para fazer os shows em São Paulo e no Rio de Janeiro em maio. Pegamos 15 minutos finais de cada ensaio para passar rapidamente duas músicas por dia.

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Quando chegamos no estúdio, a banda mal conhecia as músicas. Mas aí entra em campo o fator 20 anos. O Pedro fez uma gravação incrível de batera mesmo sem estar tocando direto. Eu, Melvin e Bjorn fomos trocando ideia, fazendo solos, tudo ali muito rápido e prazeroso.

Depois fiz um dever de casa nos backings e voltei para gravar já mais ajeitadinho. Há muito tempo a gente vinha conversando sobre a viabilidade de até mesmo gravar à distância e este disco veio mostrar que nem mesmo essa distância vai nos impedir de fazer música.

O EP Fórmula Mágica realmente comemora bem essas duas décadas, pois ele conta com bandas parceiras de estrada. Ele tem a participação de Christian Satã do Julio Igrejas e do Victor Stephan do Os Estudantes, além da masterização de Davi Pacote. Como foi reunir tantos amigos em um só trabalho?

Esta é uma parte muito prazerosa. Eu tinha um sonho de ter uma capa do Carbona com o Victor Stephan. Não sei porque diabos isso não tinha acontecido até então. Mas também quando veio, veio no melhor formato possível, com o vinilzinho 7 polegadas que permite explorar melhor a parte gráfica.

O Christian Satã, da banda Julio Igrejas, é autor da música em que ele canta, a Amor em Doses Homeopáticas. Quando ouvi a música pela primeira vez lamentei não ter sido eu o compositor (risos). Pensei: “não escrevi, mas posso gravar”. E aí acabamos levando pro estúdio.

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Engraçado que acabei me enrolando no estúdio e fiz uma péssima execução nos vocais da música que são imprescindíveis para a música. Nessa o Christian e Pacote se agilizaram rapidamente nos presentearam com a participação.

E o Pacote, falar o que? O cara é muito competente dentro de estúdio e fora do palco. Os lançamentos da Morcego de 2017 devem muito a ele. Muito! O Alexandre Griva já tinha feito um puta trabalho de gravação e mixagem e o Pacote foi lá, masterizou e mandou para rede! (risos)

Uma das ações durante esse ano de comemorações dos 20 anos da banda foi colocar toda a discografia do Carbona nas plataformas digitais. E fiquei surpreso ao saber que o Fórmula Mágica será lançado em vinil. Como dono de uma gravadora, qual são os desafios e vantagens de trabalhar com duas mídias tão diferentes?

Acho que hoje em dia um artista e uma gravadora têm que buscar a diversificação. O desafio é justamente esse: fragmentação de formatos e plataformas. Não dá mais para pensar somente em ser músico e fazer álbuns. Há de se pensar em formas diferentes de fazer sua música chegar para diferentes formas também fragmentadas de se ouvir música.

No caso do Carbona neste ano, lançamos b-sides em formato exclusivo digital, agora vamos fazer o EP comemorativo em vinil, trouxemos toda a discografia para os serviços e no ano que vem pretendemos seguir pensando nestas diferentes frentes.

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O Carbona completou 20 anos de carreira em 2017 com coletâneas de raridades, shows especiais e lançamento do EP. Mas, a pergunta é: você consegue fazer um balanço de todos esses anos na estrada? Quais foram os aprendizados e as melhores memórias desses anos?

Ah, o aprendizado é que você vive mais aonde você é feliz. Quando olho para estes 20 anos é fácil perceber que o tempo foi muito bem aplicado. Que estivemos fazendo aquilo que realmente importava. Ter banda não é fácil até porque a banda está inserida dentro de algo grandioso que é a vida. E são quatro vidas individuais que se cruzam numa atividade coletiva. Soubemos caminhar juntos, flexibilizar juntos, acelerar e frear juntos e conseguimos chegar até aqui.

As memórias pra mim vêm todas em forma de viagens! Viagens rodoviárias à noite, com som rolando na van, carros passando de um lado pro outro, uma sensação de plenitude e conformidade em estar ali. E isso que guardarei pra mim.

Muito obrigado pela atenção Henrique. Gostaria que você deixasse um recado para o pessoal do Blog n’Roll e para os fãs também.

Eu que agradeço o espaço e interesse pelo trabalho do Carbona. A todos os leitores do Blog n’ Roll e aos fãs do Carbona eu faço um brinde! Que possamos seguir fazendo da música um motivo de alegria e energia para seguir em frente.

Quem quiser novidades sobre a Morcego e o Carbona, segue lá instagram.com/morcegorecords. Ou no facebook: facebook.com/morcegorecords

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