Na terceira parte de nossa viagem pela discografia de Madonna, conhecemos suas influências mais modernas. A diva se manteve no páreo, mesmo com todas as artistas mais jovens conquistando espaço no pop.
Da América à Europa, viaja o mundo em busca de novas influências – e certamente as incorpora ao seu próprio ritmo como ninguém. Vamos mergulhar na Madonna dos anos 2000 e sua multiplicidade:
2005 – Confessions on a Dance Floor
Os anos 2000 marcam a volta de Madonna ao trono do pop. Lançado em 11 de novembro pela Warner Bros. Records, o disco marca sua reaproximação da música disco e dance contemporânea.
Abandonando os focos político e artístico, este trabalho, além de mais descontraído, é um ponto de alívio em sua discografia. Por mais que evolua das canções mais alegres e felizes para melodias mais sombrias, o álbum é, em sua totalidade, uma trilha para coreografar.
Foi o sexto disco mais vendido de 2005, um feito grandioso para um álbum lançado com praticamente um mês para o fim do ano. No topo em 40 países, Confessions on a Dance Floor entrou para o Guiness Book como recordista nas paradas musicais. Com 11 milhões de cópias vendidas pelo mundo, Madonna levou os principais prêmios da temporada e conquistou certificações.
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Os quatro singles tiveram grande sucesso comercial. Hung Up, Sorry, Get Together e Jump também foram febre nos canais televisivos, com videoclipes cativantes. Trazem a essência das noites em Nova Iorque, reunindo a energia que moveu Madonna durante sua jornada.
Influências de sucesso
Com Confessions, Madonna queria trazer dança e leveza ao seu redor. “Há muita loucura no mundo à nossa volta, e eu quero que as pessoas sejam felizes”, disse a cantora em entrevista para a MTV em 2010. Para tal, buscou influências em ABBA, Donna Summer, Pet Shop Boys, Bee Gees e Depeche Mode. Mesmo assim, as letras tratam de temas importantes. Fala de correr riscos, amor, fama e as relações entre passado e futuro.
A Confessions Tour arrecadou US$ 194,7 milhões, um marco de maior arrecadação por um artista solo. A produção apaixonada, regada a elementos criativos, trouxe de volta a essência da Rainha do Pop.
2008 – Hard Candy
Cada vez mais atenta às mudanças da era moderna, Madonna investe no cenário jovem e urbano com Hard Candy. Lançado em 19 de abril, foi o último álbum de Madonna com a Warner Bros. após 26 anos de contrato.
A cantora fez duas parcerias que encaixaram como uma luva. Pharrell Williams e Justin Timberlake, os principais colaboradores no projeto, trabalharam com Madonna por um ano na criação do álbum. Outras parcerias foram com Timbaland e Kanye West.
Madonna surfou na onda dos beats de hip hop e R&B, estreando mais uma vez no topo. O álbum lançou já no primeiro lugar das tabelas e paradas musicais em 37 países. Depois de tanto tempo de carreira, Madonna mostrou que sabia manter-se em relevância.
Entre os três singles lançados, o carro-chefe foi 4 minutes, com parceria de Justin Timberlake. Give It 2 Me e Miles Away também tiveram forte desempenho, emplacando em todas as rádios.
Músicas do mundo de Madonna
Mesmo que boa parte das canções tenham um apelo sexual, para a cantora, há muitas reflexões sociais nas canções. Em I Am Because We Are, por exemplo, ela reflete sobre sua visita à África, interpretando o sofrimento humano.
Falando em influências de viagens, muitos dos instrumentos utilizados na produção vieram de inspirações globais. Na mesma canção, são incorparadas batidas de bhangra, ritmo originário da Índia e Paquistão. O ritmo de Give It 2 Me conta com percussão e chocalhos do oeste da África.
Duas turnês divulgaram o álbum. A primeira, Hard Candy Promo Tour, passou pelos EUA e Reino Unido, enquanto Sticky & Sweet Tour rodou o mundo e superou seu próprio recorde. Com referências rock e homenagens a Michael Jackson, que faleceu na mesma época, Madonna criou mais apresentações de tirar o fôlego.
2012 – MDNA
Em 23 de março, Madonna lançava seu 12º álbum de estúdio. MDNA foi a estreia da artista com a Live Nation Entertainment e Interscope Records. Acomodada ao dance e pop, o álbum recebeu críticas mornas, classificado como genérico.
Mesmo com estreia em primeira colocação em 30 países, o álbum teve uma queda de quase 90% em suas vendas na segunda semana. O ponto mais lucrativo do lançamento foi sua turnê, MDNA Tour, que contou com o giro mais lucrativo do ano.
Tratando tanto seu lado hipnótico e sensual como a mulher menina, que continua jovem e brincalhona, MDNA tem uma estética mista. As canções contemplam sua rebeldia, desconstruindo principalmente aspectos relativos à idade.
Madonna sempre no topo
O nome MDNA, sugerido por M.I.A., brinca com as iniciais da diva pop. Ao mesmo tempo, faz uma alusão à sua identidade. “O mais importante é o ‘DNA de Madonna’”, disse Martin Solveig, produtor do álbum, em entrevista ao The Graham Norton Show (2012). Independente de seu impacto comercial moderado, o álbum serviu para provar que Madonna continuava no topo por sua iconicidade.
Também com quatro singles, a cantora apostou em parcerias modernas. Give Me All Your Luvin, com as rappers Nicki Minaj e M.I.A., traz mais da roupagem urbana adotada para o álbum. Os outros três singles, Girl Gone Wild, Masterpiece e Turn Up the Radio também alcançaram o topo das paradas. Neste ano, a cantora alcançou a marca de 43 faixas chegando ao topo.
Sempre atenta à estética de cada detalhe, Madonna levou seu conceito de identidade à apresentação no Super Bowl XLVI, conduzindo MDNA em uma apresentação temática de futebol americano. A performance, orientada por coreógrafos do Cirque du Soleil, contou com apresentação de Vogue, Music, Give Me All Your Luvin e Like a Prayer. Entre as participações especiais, estiveram presentes LMFAO, Nicki Minaj, M.I.A. e CeeLo Green.
2015 – Rebel Heart
Também junto à Interscope Records, Madonna lançou em 6 de março seu 13º álbum. Lançado às pressas após um vazamento de 30 demos do álbum na internet, Rebel Heart atingiu primeiro o streaming digital, mas vendeu mais de 2,7 milhões de cópias pelo mundo.
A divulgação do material foi um pouco diferenciada. Madonna começou postando séries de fotos no Instagram, sugerindo quem seriam os colaboradores e escritores do álbum. Entre várias hashtags, citou Avicii, Diplo e Natalia Kills. Posteriormente, Kanye West também retornou como colaborador.
A Madonna do coração rebelde
Rebel Heart trata de duas faces da diva. De um lado, a mulher romântica que só deseja ouvir seu coração e ser sincera consigo mesma. Do outro, a renegada que vive lutando contra as regras, uma mulher que nasceu rebelde.
Entre os quatro singles lançados, o maior destaque vai para Bitch I’m Madonna, que conta com várias celebridades aparecendo de surpresa em seu videoclipe. A canção tornou-se particularmente popular no Brasil. Living for Love, Ghosttown e Hold Tight também compõem a lista de singles.
EDM, eletro folk e dance pop são os ritmos predominantes, além de algumas experimentações com reggae, ska e dubstep. Também há referências religiosas, que remetem ao tempo de baladas e toques gospel da Madonna nos anos 1990. Liricamente, faz referências escandalosas. Em Devil Pray, por exemplo, conta como uma pessoa recorre às drogas para se conectar a Deus. Ghosttown fala sobre uma civilização pós apocalíptica, tratando da esperança além da destruição.
O visual da MDNA World Tour também trouxe diversas questões polêmicas. Entre elas, violência, direitos humanos, nudez e política foram as mais recorrentes. As apresentações culminaram em várias ações judiciais contra a cantora.
2019 – Madame X
Seu mais novo lançamento é Madame X. Com estreia em 14 de junho pela Interscope, o álbum retoma algumas raízes criativas dos primórdios de sua carreira. Remete, principalmente, à vida em Lisboa, quando se mudou em 2017. Bem experimental e pouco linear, o álbum é complexo e não foi tão bem recebido pela crítica.
Em 2018, a cantora já manifestava que estava em processo de criação. Em apresentação de Like a Prayer no Met Gala, no mesmo ano, Madonna então revelou um trecho de uma das novas faixas, que seria Dark Ballet. O extenso processo de criação contava com novas raízes.
Em Portugal, experimentou referências lusófonas. Foi do fado ao samba, estudando a música de Angola, Brasil e Cabo Verde. Passou também por influências da Espanha e França, que contribuíram com algumas das parcerias feitas.
Madonna: Madame Alter Ego
Junto a Maluma, Quavo, Swae Lee e Anitta, Madonna lançou seu novo álbum. A nova identidade, assumida por Madame X, é uma luta por liberdade. Segundo a definição de Madonna, ela concentra diferentes personas: uma dançarina, mestre, prisioneira, estudante, mãe, filha, professora, santa e prostituta. Em resumo, “Madame X é uma agente secreta, viajando ao redor do mundo, trocando de identidades”, como afirma a cantora no teaser de seu álbum.
Confuso, Madame X trabalha diferentes influências, mas não chega às expectativas de álbuns anteriores. É ousado, mas as decisões estéticas sóbrias chegam ao bizarro. Entre os singles, Dark Ballet é o grande destaque, com fortes críticas à igreja católica e uma amostra de dança de Tchaikovsky, o Quebra-Nozes das Flautas de Bambu. Os outros singles são I Rise, Crave e Future.
Medellín, cantada com Maluma, foi atração principal do Billboard Music Awards de 2019. As três influências em destaque no álbum são a música latina, trap e art pop. Justamente nessa linha, o disco faz um belo trabalho com diversidade linguística, sendo o primeiro da cantora com realização em três idiomas: inglês, espanhol e português.
Disputa no páreo
Em sua longa discografia, Madonna atravessou momentos diversos. Dos maiores hits, que marcaram época, às apostas modernas e ousadas, ela continua em evidência como mestre da adaptação.
A cantora brinca com os contrastes, mescla tendências e contempla as controvérsias como parte da criação artística. Mesmo nos momentos mais diversos, nunca deixa de lado sua autenticidade. É isso que a fez Rainha do Pop, e desse título, ela não abrirá mão tão fácil.