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Primeiro Acorde - Bia Viana

O punk rock está vivo com Dream Wife

Se você acha que Bikini Kill e The Slits foram os últimos suspiros do punk rock feminino, está errado! A banda londrina Dream Wife veio provar que o gênero ainda tem vida longa. Enquanto houverem motivos para lutar contra misoginia, estereótipos e opressões, grupos como este continuarão fazendo seu trabalho.

Inicialmente, o trio composto pela vocalista Rakel Mjöll, guitarrista Alice Go e baixista Bella Podpadec não tinha a intenção de trabalhar com música a sério. A banda surgiu como um projeto de artes para a Brighton University, em 2014. O conceito do projeto era formar uma “falsa Girl Band” e exibir sua trajetória em um micro documentário.

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Com a sintonia entre as três, veio o desejo de continuar a banda para valer. O nome Dream Wife surgiu de uma comédia romântica homônima lançada em 1953. Estrelando Cary Grant e Deborah Kerr, o filme conta a história de Clemson Reade, um empresário que larga Effie, sua namorada diplomata, pela Princesa Tarji. Ele buscava uma esposa submissa, que tivesse como único objetivo cuidar de seu marido e filhos.

No entanto, Effie é designada para acompanhar o casamento e impedir que ele prejudique um acordo internacional. Indiretamente envolvida com a Princesa, a protagonista passa a ensiná-la sobre emancipação feminina. Nada mais apropriado para um trio de mulheres dispostas a discutir papéis de gênero e feminismo, não é mesmo?

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É uma prioridade para a banda deixar que as fãs se sintam livres para organizarem seu mosh. Por isso, convidam as mulheres à frente em seus shows. Essa promessa atesta a ideologia da banda, de dar espaço e voz às mulheres. Suas performances marcantes possibilitaram várias turnês conjuntas, como aberturas para The Vaccines e Garbage no Reino Unido.

Algumas desses artistas constituem algumas de suas principais referências. Além destas, nomes como Be Your Own Pet, Le Tigre, David Bowie, Madonna, Grimes e Debbie Harry também são citadas pelas garotas como influências marcantes.

Seu primeiro EP, homônimo, veio em 2016. Gravado na casa de Go, contaram com seu pai nas gravações de bateria. Com quatro canções, o material revelou boas perspectivas. No ano seguinte, lançaram o EP Fire (2017). Considerando que as três nasceram em signos de fogo – sagitário e leão -, trouxeram mais intimidade ao material.

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Na sequência, lançaram seu primeiro álbum, Dream Wife (2018). Estreou com críticas positivas, além de ocupar boas posições nas paradas britânicas. Com alguns de seus hits anteriores e composições inéditas, o álbum totaliza 11 canções. Mesclando referências punk, pop e indie, o conjunto traz versatilidade e riqueza de detalhes. Canções como Lolita e Act My Age lembram o estilo de bandas como Hole e Nirvana, com refrões marcantes e riffs acelerados. Love Without Reason e Kids são mais modernas, agregando referências pop punk.

Em todas as músicas, o principal fator comum são as letras. Sempre defendendo autonomia feminina, igualdade de gênero e pautas feministas, o trio investe na conscientização. Em Somebody, com o refrão I am not my body/I am somebody!, Mjöll brada pela liberdade dos corpos femininos. Mantendo acesa a chama das Riot Grrrls, elas discutem a imagem da mulher do milênio, abraçando influências pop ao mesmo tempo que acendem suas críticas.

Com uma atitude inteligente e letras intensas, as garotas investem no modelo DIY (Do It Yourself, ou Faça Você Mesmo) para seus shows. Mesmo com apoio de gravadoras e novas parcerias, o trio acredita que manter sua identidade e fazer suas próprias regras é o que torna seu trabalho relevante. Em um universo de bandas comerciais, é bom encontrar um alívio musical de ideologia forte! Em turnê pela Europa, a Dream Wife ainda tem muitas realizações pela frente – e com certeza vamos ouvir falar muito mais sobre elas.

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