Diretamente de Red Lion, na Pensilvânia, a banda de hard rock Halestorm tem rodado o mundo para compartilhar sua música. Graças ao talento e ousadia da frontwoman Elizabeth Hale, mais conhecida como Lzzy Hale, a banda marcou presença em grandes festivais, fez grandes parcerias no mundo do rock e conquistou fãs por todo lado com muita energia e riffs de peso, resgatando o espírito do rock n’ roll nas rádios.
A história do Halestorm começa em 1997, quando os irmãos Lzzy e Arejay resolveram investir nos estudos musicais. Lzzy estava com 13 anos e Arejay com 10 quando partiram do ritmo e melodia dos pianos até encontrarem suas vocações musicais – respectivamente no violão e na bateria. Aos 16 anos, Lzzy iniciou a prática da guitarra, permitindo que o Halestorm lançasse seu primeiro EP, Do Not Mess With the Time Man, em 1999. Contaram com o apoio de seu pai, Roger Hale, como baixista nas primeiras aparições da banda.
O resto de sua formação inicial foi bem problemática, com inúmeras mudanças em meio a um intenso processo de gravações, shows locais e composições. Antes da oficialização da banda, ela mais parecia uma reunião de família. Em 2004, sua formação ideal finalmente estava completa: com Lzzy no vocal e guitarra-base, Arejay na bateria, Joe Hottinger na guitarra-solo e Josh Smith no baixo. O grupo conquistou grandes públicos na Pensilvânia, o que resultou em um contrato com a Atlantic Records, com quem lançaram o EP One and Done (2006).
O grupo lançou seu álbum de estreia auto-intitulado em 2009, contando com as canções I Get Off e It’s Not You como principais singles. Também foram lançados vídeos para Love/Hate Heartbreak e Familiar Taste of Poison no ano seguinte, além de um CD/DVD chamado Live in Philly 2010 para divulgação do disco. Com grande sucesso de crítica e público, o álbum alcançou o 40º lugar na Billboard 200 e a 11ª posição como os melhores álbuns de rock dos EUA. A certificação de ouro foi uma bela surpresa, que demonstrou o que já estava certo: o hard rock do Halestorm estava pronto para alçar novos voos.
As oportunidades para shows e turnês fora do país surgiram aos montes. Em 2011, a banda lançou o EP ReAnimate, com covers das mais variadas canções: de Out Ta Get Me do Guns n’ Roses até Bad Romance de Lady Gaga, o trabalho foi tão bem recebido pelo público que se tornou uma tradição. As duas edições seguintes de ReAnimate, lançadas em 2013 e 2017, contemplam covers muito versáteis de Marylin Manson, The Beatles, Skid Row, Fleetwood Mac, AC/DC, Pat Benatar, Joan Jett, Metallica, Whitesnake, entre outros.
Lzzy acredita ter se tornado um exemplo construtivo para mulheres e meninas que buscam uma recolocação na indústria do rock. Sua potencial vocal, ótimo senso de humor e forte presença de palco lhe garantiram forte notoriedade. A artista recebeu convites para participar de shows com bandas como Shinedown, Seether, Adrenaline Mob e Stone Sour. Junto ao Halestorm, entrou em turnês com Alter Bridge, Papa Roach, Disturbed, Avenged Sevenfold, Evanescence, The Pretty Reckless, Lita Ford e Bullet for My Valentine, além de receber inúmeros convites para festivais, como o Loud Park Festival, no Japão, em 2010.
A partir desta época, o Halestorm ficou conhecido como uma banda de turnês sem pausas, chegando a atingir metas de 250 shows por ano. Sempre altamente elogiados pelas performances ao vivo, foram presença garantida posteriormente no Rock in Rio e no Maximus Festival.
Em 2012, o Halestorm faz dois grandes lançamentos: o EP Hello, It’s Mz. Hyde, e seu segundo álbum, The Strange Case Of…, ambos com estreias de sucesso. O álbum estreou no 7º lugar dos melhores álbuns de rock e na 15ª posição no Billboard 200, com recorde de 24 mil cópias vendidas logo na primeira semana. Conquistaram posições de destaque nas paradas do Reino Unido e Japão, além de mais uma certificação de ouro.
Mais pesado e mais veloz, The Strange Case Of… trouxe mais da essência de palco da banda, trazendo momentos explosivos como a introdução com Love Bites… (So Do I), Freak Like Me e You Call Me a Bitch Like It’s a Bad Thing. A acidez e ousadia dos vocais de Lzzy dá o tom perfeito às canções, garantindo uma ótima sonoridade. O bom e velho hard rock nunca fica de fora, presente em músicas como American Boys e Don’t Know How to Stop. Para o contraste, In Your Room e Break In mostram outra perspectiva dos vocais de Lzzy, compondo as baladas favoritas dos fãs.
Em dezembro de 2012, durante um dos shows em Wisconsin, o guitarrista Hottinger interrompe a apresentação de Lzzy no piano para dizer que a canção Love Bites… (So Do I) tinha sido nomeada para o Grammy de Melhor Performance de Hard Rock/Metal. Lzzy compartilhou a surpresa com o público, que vibrou em comemoração. No ano seguinte, Halestorm foi a grande vencedora, tornando-se a primeira banda liderada por uma mulher a conquistar o prêmio nesta categoria.
Sempre buscando a interação com os fãs, Halestorm fez a divulgação de seu terceiro álbum online, postando em sua página as letras que formavam o título do novo disco embaralhadas para que o público descobrisse a novidade. Intitulado Into The Wild Life (2014), o álbum teve críticas severas, acusado de ser um produto mainstream e uma versão “plastificada” da banda. Mesmo com tantas controvérsias na indústria, o álbum teve bom rendimento entre o público, ocupando posições notáveis nas paradas de Áustria, Canadá, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. Mais suave, o álbum tem como destaques as baladas Dear Daughter e Bad Girl’s World, além de outros pontos fortes como The Reckoning, Mayhem e Apocalyptic.
Na mesma época, participaram do álbum de tributo Ronnie James Dio This Is Your Life, prestando homenagens ao músico. Halestorm foi a última banda a dividir o palco com Dio como banda de abertura do Heaven And Hell na Atlantic House of Blues, em 2009.
Ainda em 2014, Lzzy conquistou sua assinatura de guitarra na Gibson, apareceu como vocalista no álbum da violinista Lindsey Stirling, gravou com orquestras e participou de diversas apresentações com convidados. Mais a frente, colaborou com os vocais do álbum The Astonishing (2016), do Dream Theater.
O Halestorm teve como lançamento mais recente o álbum Vicious (2018), que resgatou por completo a essência que virou marca registrada da banda em seus primeiros trabalhos. Abordando temas sexuais, Lzzy foi entrevistada pelo Consequence of Sound sobre a influência dos movimentos feministas em suas composições. Mesmo afirmando que não gosta de se posicionar sobre política e religião, a frontwoman deixou claro que observa efeitos crescentes destes movimentos em seus shows: “Onde tradicionalmente tínhamos 60 homens para 40 mulheres por show, agora temos mais mulheres que homens comprando ingressos – e o que percebemos bem na nossa cara, é que esse estilo musical não tem gênero”.
Em turnê com mais duas bandas lideradas por mulheres, In This Moment’s e New Years Day’s, Lzzy percebe a importância da jornada feminina na indústria do rock. “Estamos em uma turnê ou em algum show, eu começo a tocar minha guitarra e alguém sempre viria me dizer algo como ‘Oh, minha namorada nunca faz isso por mim’ ou ‘A mesa para vender camisetas é ali’ ou ‘Quem você namora da banda?’ […]. Então, você meio que acaba usando isso como uma arma mais tarde, como ‘OK, você não está esperando que eu faça parte da banda, então eu farei’. A artista também comentou sobre sua inocência no início de carreira: “Eu cresci numa casa onde nunca discutimos o fato de que assim que você chega no mundo real, as pessoas vão te dizer que não pode fazer algo porque é uma garota. Ninguém nunca discutiu isso comigo”.
O trabalho duro com turnês grandiosas e músicas em todas as rádios fortalece o sentimento de superação. Como comentou com a amiga Maria Brink, vocalista do In This Moment, que”tem sido uma coisa linda ser um exemplo para tantas meninas que estão lutando contra isso”, sobre as barreiras de gênero do mercado.
Sua paixão pelo rock n’ roll a define, como faz questão de pontuar. “Eu acho que é importante representar quem você é, e o rock n’ roll é uma enorme parte de quem eu sou”. Sempre prezando pela autenticidade, Lzzy afirmou que nunca pensou em atuar em outros gêneros musicais ou passar para as novas tendências. Ela também destaca muitos destes pensamentos em seu blog pessoal, The Diary of Lzzy Hale, onde conversa com seus fãs sobre música, amor, saúde mental e valores pessoais.
O grupo vive hoje uma de suas fases mais populares, com agendas lotadas e singles no topo das paradas globais. Vicious marca seu auge, trazendo o melhor do hard n’ heavy em sons para ninguém botar defeito, com os vocais cada vez mais poderosos de Lzzy Hale.