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Primeiro Acorde - Bia Viana

Hole: uma década de sucesso e confusão

O Hole é considerado uma das mais importantes bandas representantes do rock feminino dos anos 1990. Entre suas diversas formações e mudanças, o único fator comum na banda foi a vocalista e guitarrista Courtney Love. De 1989 a 2014, a banda de rock alternativo contou com indicações ao Grammy, hiatos, brigas e polêmicas. Sem esquecer da conflituosa relação entre Love e Kurt Cobain, vocalista e guitarrista do Nirvana.

Pretty on the Inside

Para entender a história do Hole, precisamos entender as dificuldades da vida da própria Courtney. Desde a juventude ela enfrentou muitos problemas familiares. Passou vários anos indo e voltando de lares adotivos e foi abandonada pelo antigo padastro depois de ter sido presa, aos 14 anos, por roubo. Legalmente emancipada dois anos depois, ela trabalhou como stripper e DJ para estudar na Portland State University, onde cursou inglês e filosofia.

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Depois de experiências frustradas com as bandas Faith No More e Sugar Baby Doll, a vocalista decide montar sua própria banda. Recrutou o guitarrista Eric Erlandson, que respondeu seu anúncio em uma revista. Em seguida, foi a vez da baixista Lisa Roberts, vizinha de Courtney, que abandonou o projeto rapidamente, dando lugar a Jill Emery. Por último, a baterista Caroline Rue completa a formação.

Até o primeiro show do Hole em Hollywood foram três meses de ensaio. Entretanto, em pouco tempo eles conquistaram a cena indie, tocando em bares e clubes por Los Angeles. Depois do lançamento de Retard Girl (1990), seu primeiro single, embarcaram em uma turnê nacional.

A banda cresceu rapidamente, o que rumou para o lançamento de seu primeiro disco: Pretty on the Inside (1991). Gravado em apenas quatro dias, ele foi produzido pela baixista Kim Gordon (Sonic Youth) e Don Fleming (Gumball). Entre muitas influências punk, o material fugiu da onda em que a banda se destacava até então.

Microfonias, gritos, riffs raivosos. O álbum recebeu críticas positivas nos EUA e Europa, colocando o single Teenage Whore no top das paradas. Literalmente, o sucesso do Hole naquele ano eram os famigerados minutos de fama antes da desgraça acontecer.

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Live Through This

E quando digo desgraça, falo do início do polêmico relacionamento entre Courtney e Kurt Cobain. O Hole iniciava sua turnê pela Europa quando o casal se apaixonou. Ela interrompeu as composições do novo álbum e apresentações, dando prioridade para a relação com o líder do Nirvana. Casaram-se em 1992, pouco antes do nascimento de sua filha, Frances Bean Cobain.

A personalidade de Courtney sempre foi considerada temperamental. E com o relacionamento ousado, que figurava em todos os tabloides, descobriu-se também o vício compartilhado pelo casal. Os problemas com heroína fizeram com que o casal perdesse a guarda da filha. Em meio a todo o caos pessoal, o Hole subia cada vez mais nas paradas.

Uma péssima reputação era tudo que a indústria fonográfica americana esperava para uma banda punk. Depois de muitas disputas contratuais, o grupo assinou com a Geffen, mesma gravadora do Nirvana. Simultaneamente, a formação da banda era abalada: Rue foi despedida e Emery decidiu deixar a banda. Mas logo foram substituídas por Patty Schemel na bateria e Leslie Hardy no baixo. E desta maneira a banda seguia no auge.

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Em março de 1994, o Nirvana embarcou em uma turnê pela Europa. Courtney abandonou a Hole mais uma vez para acompanhar o marido, quando em Roma, Kurt sofreu uma overdose de champanhe com Rohypnol, a droga do estupro. Nas semanas seguintes, o estado de saúde do guitarrista se agravava rapidamente. Ainda no mesmo mês, o casal se internou em centros de reabilitação em uma tentativa de se reerguer e fugir dos próprios vícios. No entanto, poucos dias depois, ele foi encontrado morto com um tiro na cabeça, no sótão de sua casa, em Seattle.

Em meio a esse turbilhão de acontecimentos, a turnê da Hole pelos EUA foi cancelada. Duas semanas após a morte de Kurt, Live Through This, o segundo álbum do grupo, foi lançado. Uma infeliz coincidência, já que o álbum fala justamente de superação. Aclamado pela crítica mais uma vez, o disco soa mais polido com muitas referências pop misturadas com vocais mais suaves e distorções.

Miss World

As tragédias perseguiam o Hole; e a banda precisou trocar novamente de baixista. Kristen Pfaff, que assumia o baixo durante o período de pós gravação de Live Through This, é encontrada morta por overdose de heroína. Então, o grupo escolhe Melissa Auf Der Maur para assumir o novo posto. Indicada por Billy Corgan, líder dos Smashing Pumpkins e ex-affair de Courtney, a música tocava na banda Tinker.

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Retomando a carreira em agosto de 1994, a banda seguiu entre grandiosas apresentações. Participaram do Reading Festival, na Inglaterra, e abriram shows para o Nine Inch Nails. A vocalista se envolve amorosamente com o vocalista da banda, Trent Reznor, e mais uma vez arrasta polêmicas de sua vida pessoal para a banda.

As coisas para Courtney vão de mal a pior. Ela é presa em um voo por agredir uma comissária de bordo, abandona vários shows e é hostilizada pelo público diversas vezes por seu suposto envolvimento da morte de Kurt. Seu temperamento manchava cada vez mais a imagem da banda, que ficava associada aos comportamentos inconsequentes da artista.

Quando o Hole participou do Lollapalooza, o assunto mais falado foi a briga comprada com Kathleen Hanna, vocalista do Bikini Kill. Nos bastidores, Courtney agrediu Kathleen, que entrou com um processo na justiça e ganhou a causa. O resultado: a líder do Hole foi sentenciada a atender um programa de controle da raiva, e foi obrigada a melhorar sua postura.

Curiosidade rápida: Kathleen e Kurt eram grandes amigos desde novos. Sendo ela a responsável pela nomeação do hit Smells Like Teen Spirit do Nirvana. Segundo a “história”, o guitarrista era tão “apegado” com Tobi Vail, baterista do Bikini Kill, que ele tinha o cheiro do desodorante feminino Teen Spirit.

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Após Courtney passar pelo programa de controle de raiva, o Hole voltou a rotina de apresentações bem-sucedidas. Foram ao BBC Londres, MTV VMA e até MTV Unplugged. Seu álbum atingiu um milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos.  Então, chegava a hora de voltar a compor.

Celebrity Skin

Celebrity Skin (1998) levou quase um ano e meio para ser finalizado. Ainda mais pop, o álbum foi mais um sucesso crítico e com grande volume de vendas de singles. A faixa-título Celebrity Skin e Malibu são algumas das canções mais conhecidas da banda. E a banda passou também por mais uma mudança de baterista. Com a entrada de Samantha Maloney, o quarteto embarcara em turnê pela Austrália e Nova Zelândia.

Nos anos seguintes, muitas coisas influenciaram o andamento da banda, como Melissa Auf Der Maur deixar a banda rumo ao Smashing Pumpkins. O Hole começa novas composições, mas não há tempo de finalizar. Em total desentendimento, Love e Erlandson declaram oficialmente que estavam encerrando as atividades em uma nota no site da banda em 2002.

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Resumindo a carreira do Hole: no primeiro momento foram três álbuns de estúdio e oito milhões revertidos em vendas. Vários shows importantes dissolvidos em polêmicas protagonizadas pela vocalista. Várias mudanças de formação e desentendimentos. Tudo isso em apenas dez anos.

Nobody’s Daughter

Anos após a separação, Courtney anuncia, em 2009, o retorno do grupo. Erlandson, que não concordava com o retorno, negou essa possibilidade e ainda disse que a vocalista não tinha o direito de promover novos lançamentos em nome da banda. Depois de mais discussões públicas via Twitter, a líder anunciou três shows e lançou um novo site.

Em 2010, saiu o último álbum da banda, Nobody’s Daughter. As canções foram em sua maioria escritas por Love enquanto estava em reabilitação, em 2005. Íntimas e passionais, as canções contemplam vários momentos da vida de Courtney, contando com artistas como Linda Perry na produção e Billy Corgan como coordenador. Stand Up Motherfucker, Sunset Marquis e Pacific Coast Highway são bons exemplos da melancolia que cerca o álbum. Todas as músicas têm ar confessional, contando até com vídeos de making of. E com a turnê deste álbum, o Hole veio ao Brasil e participou da edição 2011 do SWU.

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Depois de muita discussão, em abril de 2012, a formação quase original da banda faz sua primeira reunião em 15 anos. Love, Erlandson, Auf Der Maur e Schemel se reuniram em Nova York para apresentar duas músicas: Miss World e Over the Edge. Mesmo com apresentações espontâneas nos anos seguintes, o Hole nunca mais voltou ao ciclo musical de forma sólida.

Falando de feminismo, trazendo novas influências e abrindo o caminho para outras bandas femininas, o Hole teve papel fundamental na música americana. Mesmo minado pelas confusões de sua frontwoman, de pouco importa a reputação da banda. Mesmo como uma carreira turbulenta, marcada pela incerteza e mudança constantes, sua música cumpriu seu papel no registro de uma época marcada por muitas inseguranças.

https://youtu.be/f2AaTAqIH2E

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