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L7: Scatter the Rats marca retorno morno, mas com potencial

Em 1985, L7 eram quatros mulheres da cena punk obcecadas por Ramones, Black Sabbath e a destruição do patriarcado. Hoje, não tem a mesma força dos anos 1990, mas carregam em sua música os mesmos gostos e desejos.

Scatter The Rats marca o retorno de uma das bandas punk femininas mais explosivas já existentes. O trabalho reúne 11 canções que intercalam entre forte peso e nuances de velocidade. Ao mesmo tempo em que pode soar como seus trabalhos anteriores, ele esfria em muitos momentos que poderiam ser melhor explorados.

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O disco foi produzido por Nick Launay, que trabalhou com Nick Cave e Yeah Yeah Yeahs. Enquanto, a gravação ficou por conta da Blackheart Records, fundada por ninguém menos que Joan Jett. Com isso, o selo confere à banda muito mais autenticidade no quesito girl power.

Novas canções, velhos costumes

Em Scatter the Rats, as alfinetadas políticas e desabafos bem-humorados continuam como assinatura da L7. Novamente, Donita Sparks, vocalista e principal letrista, reúne bons discursos e mantém sua identidade.

Por exemplo, Burn Baby e Garbage Truck, fluem energia, agitando o álbum com riffs acelerados. A primeira canção foi lançada com vídeo em fevereiro, com som e estética que lembram Hole e Sonic Youth. Enquanto a faixa título Scatter the Rats também é identificável com essas referências, mesmo sendo mais lenta. Ela até pode até soar arrastada, mas não foge da proposta musical e conta com marcação constante das guitarras.

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Stadium West traz riffs mais dançantes, refrões grudentos e um visual atraente. Seu vídeo, que marcou o retorno da banda, representa perfeitamente sua essência.

Fighting the Crave, Proto Prototype e Ouija Board Lies concentram-se nos graves. Essas canções lembram bastante algumas fases do Nirvana, sustentando o estilo noventista que marca todo o disco.

Murky Water Cafe pode ser considerado o ponto mais fraco do álbum. Desde os clichês da letra, que forçam em mostrar o acompanhamento de tendências culturais, a canção não tem momentos de explosão ou versos marcantes.

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Holding Pattern é a maior surpresa. Destoa das demais, com letra e sonoridade mais sensíveis e mínimas distorções. Ao mesmo tempo, ela traz um lado vulnerável de Donita, servindo perfeitamente para aliviar o ritmo do álbum.

Uppin’ the Ice é o toque de puro rock n’ roll perfeito, com riffs pausados e vocais enérgicos. Cool About Easy também dá maior foco nas distorções, trazendo uma pegada Riot Grrrls que não poderia faltar.

O veredito

É claro que a L7 não manteve o ritmo de seu início, porém consegue provocar uma forte nostalgia que remonta aos anos 1990. Enquanto muitas canções resgatam sua essência, outras apresentam diferentes faces e até pequenas inconsistências.

Mesmo oscilante entre picos de energia e momentos mais cansados, nada disso abala a experiência. Presenciamos o retorno de uma das bandas femininas mais marcantes do rock, que já deixou um gosto de quero mais. Ainda há muito a ser explorado, e tenho certeza que a L7 ainda pode surpreender quando embalar em novos ritmos.

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