O padrão da mulher loira de batom vermelho pode ser um estilo consagrado por muitas artistas ao longo dos anos, mas com certeza foi Gwen Stefani a grande responsável por desconstruir esse estilo como a frontwoman rebelde do No Doubt. Por mais que você se lembre do grupo ska como um ícone dos anos 2000, o No Doubt está na estrada desde 1987 e conquistou grandes feitos na música.
A banda iniciou sua carreira como Apple Core, um cover da banda ska inglesa Madness, mas não demorou muito para que mudasse de nome e começasse a trabalhar em músicas autorais. No Doubt enfrentou mudanças drásticas em sua formação ainda no início da banda, como a saída do irmão de Gwen, Eric Stefani, que foi um dos idealizadores do grupo.
Sua formação oficial ficou com Gwen Stefani no vocal, Tony Kanal no baixo, Adrian Young nas baquetas e Tom Dumont na guitarra.
Com o sucesso promovido pelo estilo e presença de palco de Gwen, não demorou muito para que a banda despertasse o interesse das gravadoras. Seu primeiro contrato foi com a Interscope Records, que lançou o auto-intitulado No Doubt (1992), um álbum controverso e considerado fracasso de vendas que teve como único single a canção Trapped in a Box.
Suas nuances no grunge deixaram tanto gravadora como público decepcionados, o que foi ruim o suficiente para garantir que sua turnê nacional também fosse um fiasco, sem apoio da própria Interscope.
The Beacon Street Collection (1995), segundo álbum da banda, foi lançado de forma independente em estúdio caseiro. Com muito mais ska e um leve toque indie, o disco foi uma boa surpresa que convenceu a gravadora a dar uma segunda chance ao grupo. Com isso, foi aprovada a gravação de um terceiro álbum, que seria sublicenciado pela Trauma Records.
No meio tempo, enquanto começavam sua carreira, Gwen e Tony mantiveram um relacionamento amoroso que durou por sete anos. Quando terminaram, em 1994, a situação ficou tensa. Boa parte das músicas retratadas em Tragic Kingdom (1995), terceiro álbum de estúdio do No Doubt, conta um pouco da história do casal e suas dificuldades. Foi com o fim deste romance que a banda emplacou seu primeiro hit, o single Just A Girl, que lhes garantiu o sucesso comercial e muitas aparições na MTV.
Os dois singles posteriores, Spiderwebs e Don’t Speak, ultrapassaram as expectativas e lançaram o grupo ao estrelato: Don’t Speak permaneceu na Billboard Hot 100 Airplay por 16 semanas. O álbum é hoje um dos 100 álbuns mais vendidos da história, certificado como diamante com vendas mundiais equivalentes a 16 milhões de dólares.
Em 1996 e 1997, vieram turnês internacionais, indicações ao Grammy e todo o sucesso merecido pela banda. Mesmo de corações partidos, Gwen e Tony se reconciliaram e mantiveram trabalho e amizade como os pilares da banda, focando em sua paixão pela música para continuarem juntos.
Os álbuns seguintes tiveram ampla recepção da mídia e dos fãs. Com Return of Saturn (2000), se inseriram a fundo no new wave e rock alternativo, repetindo a fórmula em Rock Steady (2001), que combinou diferentes estilos musicais e manteve a banda no topo das paradas com hits como Hey Baby, Hella Good e Underneath It All.
O sucesso do No Doubt alcançou a televisão, levando a banda a participar em seriados norte-americanos como Dawson’s Creek e Gossip Girl. Com It’s My Life, cover lançado como single da banda em 2003, o No Doubt conquistou as rádios internacionais por meses.
Gwen Stefani foi ainda mais longe: em 2004, começou sua carreira solo, mais orientada ao pop. Buscou novas experimentações audiovisuais em seus videoclipes e conquistou espaço entre as favoritas da televisão internacional.
Com Love. Angel. Music. Baby. (2004), recebeu várias indicações ao Grammy, conquistou a multiplatina em diversos países e vendeu cerca de 7 milhões de cópias.
Com apoio de artistas como Dr. Dre, Andre 3000 (Outkast) e integrantes das bandas de Prince, New Order e Depeche Mode, o álbum foi um enorme sucesso na crítica e lhe rendeu uma nova roupagem como artista.
Seus principais sucessos foram Hollaback Girl, Rich Girl e What You Waiting For?, que também contaram com o apoio de Linda Perry e Pharrell Williams nas composições.
Seu visual irreverente e suas performances sempre espontâneas e imprevisíveis renderam a Gwen muita notoriedade. Na moda, a artista reuniu referências jamaicanas, guatemaltecas e japonesas e fundou sua própria linha de roupas, L.A.M.B., que contou com criações pautadas pela autenticidade.
Suas contribuições em diferentes segmentos lhe conferem enorme credilidade, fazendo de Gwen um modelo de visão empreendedora e criativa no mundo da arte.
The Sweet Escape (2006), seu segundo álbum solo, alcançou as paradas mundiais com o single homônimo cantado junto ao Akon. Participou de filmes como O Aviador (2004), deu voz a jogos de videogame como Malice e iniciou sua carreira em programas musicais na televisão, como American Idol e The Voice.
No meio tempo, teve três filhos em seu casamento com o vocalista e guitarrista da banda Bush, Gavin Rossdale, de quem se divorciou em 2016 para assumir seu relacionamento com o cantor country Blake Shelton, colega de trabalho no The Voice.
Gwen voltou a trabalhar com o No Doubt em novas músicas e turnês, mas seu trabalho solo continua se destacando entre projetos paralelos muito premiados. Também se engajou em projetos filantrópicos, dedicando sua atenção à fundações como Save The Children e trabalhando na arrecadação de fundos para causas emergenciais.
Suas contribuições artísticas, tanto junto ao No Doubt como sozinha, lhe renderam prêmios, homenagens e incontáveis oportunidades, colocando-a como uma das principais referências femininas do pop rock nos anos 2000.