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Primeiro Acorde - Bia Viana

The Bangles: a receita do sucesso

Muitas bandas dos anos 1980 sentiram sua originalidade escapar-lhes pelos dedos em meio aos inúmeros apelos da indústria pop. As bandas femininas foram uma das principais fórmulas: quando perceberam esse nicho, vários produtores investiram nos grupos femininos para garantir máquinas de dinheiro. Alguns grupos, entretanto, pegaram essa fórmula pronta e transformaram em uma identidade. As Bangles, por exemplo, deram sua própria personalidade aos moldes já pré-concebidos. Entre baladas e melodias mais agitadas, elas viraram o jogo e conquistaram o mundo com sensibilidade única.

Inicialmente, o trio formado por Susanna Hoffs e pelas irmãs Vicki e Debbi Peterson se chamava The Bangs. Partindo de Los Angeles, a banda se lançou com um som carregado de influências dos anos 1960 e um visual colorido e excêntrico. Todas cantavam e participavam das composições.

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Não demorou muito para lançarem seu primeiro single: Getting Out of Hand/Call on Me foi produzido em 1981, pelo seu próprio selo, DownKiddie Records. No mesmo ano, assinaram um contrato com a Faulty Products, quando adicionaram a baixista Annette Zilinska ao time. Com Susanna e Vicki nas guitarras e Debbi na bateria, tinham o grupo completo – em 1982, se tornaram The Bangles.

Lançaram então seu primeiro EP, homônimo, que contou com o single The Real World. Entre problemas com a redistribuição do EP e mudanças no selo com que trabalhavam, tiveram mais uma mudança de formação, substituindo Annette Zilinska por Micki Steele, que já era conhecida pelo trabalho como baixista na famosa The Runaways.

Com seu álbum de estreia, All Over the Place (1984), lançaram dois singles: Hero Takes a Fall e Going Down to Liverpool, contando com um videoclipe que alavancou suas vendas. Com boas críticas e aumento de audiência, a banda se aproximou de ícones pop como Cyndi Lauper e Prince, que fez para elas uma composição que acabou em enorme sucesso: Manic Monday. A música se tornou a segunda maior das Bangles nas paradas pelo mundo, conduzindo as garotas ao mainstream em uma velocidade instantânea.

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Com influências de ABBA, vocais à la Madonna por parte de Susanna e arranjos calculados, o álbum Different Light (1986) teve cinco singles e foi um sucesso de vendas. Sua fama mundial veio com Walk Like an Egyptian, a canção que colocou os rostos do quarteto na memória de todas as jovens que buscavam por novos modelos de estilo. Listado pela Slant Magazine como um dos melhores álbuns dos anos 1980, este trabalho serviu como divisor de águas às Bangles, levando a banda ao estrelato. Aproveitaram o ápice e realizaram grandes turnês, consagrando seu espaço no pop rock internacional.

Os shows sempre cheios de energia e muitas estratégias visuais, como grande uso de iluminação e cores, contribuíram para a interação com o público, fortalecendo a identidade das Bangles. Seu estilo conquistou principalmente as meninas mais jovens, que as transformaram em verdadeiros ícones femininos. A banda trabalhou com maestria todos os elementos e recursos que estavam em alta, projetando-se tanto pelo fato de serem um grupo inteiramente feminino como também por manterem o foco no entretenimento, evitando os apelos políticos que impediram muitos grupos femininos de alcançarem o sucesso comercial.

Em 1987, lançaram a regravação do single A Hazy Shade of Winter, de Simon & Garfunkel, compondo a trilha sonora do filme Abaixo de Zero. Com If She Knew What She Wants e Walk Like an Egyptian, a banda entrou nas paradas norte-americana, britânica e alemã, antecipando o sucesso que estava por vir com seu próximo lançamento.

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O álbum Everything (1988) foi a cartada final: Eternal Flame, single mais vendido da história da banda, teve retorno imediato e rendeu enorme sucesso da crítica e do público. A balada íntima e extremamente sensível foi um hit mundial, sendo considerado o maior single de uma banda feminina de todos os tempos. Eternal Flame ofereceu às garotas uma chance de demonstrarem seu alcance vocal e sua harmonia coesa. Porém, no ápice do sucesso, as relações de trabalho entre a banda chegaram ao ponto de ebulição: a chama foi forte demais para mantê-las unidas, e em 1990, a banda anunciou seu hiato.

O grupo só se reuniu em 1998; a desculpa foi a gravação da trilha sonora de Austin Powers: The Spy Who Shagged Me, filme dirigido pelo marido de Susanna, Jay Roach. Com o lançamento da canção tema, Get The Girl, em 1999, a banda seguiu em turnê pelos anos 2000, embarcando em uma nova gravação de fãs ao mesmo tempo em que foram incorporadas ao Vocal Group Hall of Fame.

Lançado em 2003, o álbum Doll Revolution não teve grande repercussão crítica, mas permitiu às garotas novas participações na mídia e mais turnês. Eventualmente, mudaram de formação mais uma vez após a saída de Micki Steele. Seu último álbum, Sweetheart of the Sun, lançado em 2011, reforçou sua presença no power pop e garantiu aos fãs uma faísca do que fora o sucesso das Bangles em seu ápice.

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Marcando presença no pop rock, as Bangles são um exemplo de sucesso comercial e também um modelo de estilo. Trouxeram inúmeras baladas emocionantes às rádios e muita autenticidade aos fãs do mundo todo, exaltando sua força por meio da feminilidade. Observando sua contribuição como um todo, é viável dizer que a receita atribuída às Bangles não foi um sucesso apenas por sua fórmula exata: o quarteto deixou um lugar marcado nas memórias do público, que se divertiu e se emocionou ao som de suas músicas pelas rádios por vários anos. Esse ingrediente secreto, nunca vamos conseguir nomear.

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