Quando quatro garotas de Palo Alto, na Califórnia, decidiram formar uma banda punk, não imaginavam o burburinho que causariam. Tudo começou em 1993, da união de quatro amigas adolescentes que começaram a ensaiar covers. Inspiradas no estilo punk dos Ramones, o quarteto agregou referências de garage e pop para formar seu som.
The Donnas é composta por Brett Anderson (Donna A), Allison Robertson (Donna R), Maya Ford (Donna F) e Torry Castellano (Donna C). Futuramente, a banda contou com Amy Cesari substituindo Torry por motivos de saúde. Com um rock n’ roll a moda antiga, as garotas concentram sua raiva e deboche na onda pop punk dos anos 1990, tornando-se um dos principais sucessos comerciais da década.
Nascidas no mesmo ano, as garotas brincavam que eram todas irmãs gêmeas. Iniciaram suas atividades ainda na escola, com ensaios na garagem de Castellano. Criaram duas bandas com a mesma formação: The Electrocutes (inicialmente chamada Ragady Anne) e The Donnas, onde se identificavam pelo mesmo nome mais a inicial de seu sobrenome. Não demorou para que esta se tornasse seu principal projeto, afinal, atraíram a atenção de gravadoras e produtores de peso.
No primeiro disco, The Donnas (1997), apostaram em canções curtas e velozes. Futuramente, foram acrescidas 9 canções bônus, relançadas na edição de 1998. Não foi fácil pavimentar o caminho, mas as garotas batalharam por mais shows e eventos. Com a estreia de seu álbum, alcançaram o público underground e começaram a atrair oportunidades maiores.
Passaram uma semana de seu último ano escolar em turnê no Japão. A banda decolou nos dois álbuns seguintes, American Teenage Rock ‘n’ Roll Machine (1998) e Get Skintight (1999), ambos produzidos pela Lookout! Records. Em 2001, alcançaram as paradas americanas com o lançamento do álbum The Donnas Turn 21. Neste ponto, foram convidadas a assinar com a Atlantic Records, onde lançaram seu maior sucesso comercial, Spend the Night (2002).
The Donnas não possuem referências musicais claras, e também evitam sinalizar outras bandas que inspiram sua música. A única referência creditada por todas é dos Ramones, que inspiraram sua união como banda ainda adolescentes. Podemos perceber, entretanto, referências musicais e de estilo de bandas como The Runaways, Joan Jett, Pat Benatar, entre outras.
Nesta fase, a banda aproveitou-se de recursos do hard rock. Com os singles Take It Off e Who Invited You, tornaram-se parte da trilha sonora de filmes e videogames, como Se Beber Não Case e a segunda edição de Guitar Hero. Além de sucesso nas vendas, o álbum também garantiu merecido reconhecimento crítico às Donnas.
As letras irreverentes e forte atitude de palco tornaram as garotas cada vez mais conhecidas. Mesmo tratando de temas triviais como sexo, relacionamentos e juventude, as Donnas sempre investiram em tons ácidos para suas composições. Sem figurinos elaborados (ou muito menos maquiagens), o quarteto sempre apresentou-se de forma autêntica, com roupas normais e visual cotidiano. Essa identidade aproximou seu público, fortalecendo sua base de fãs entre meninas que não se sentiam representadas pelas grandes divas bem elaboradas.
O punk rock sempre promoveu mensagens de identidade, originalidade e lemas como “seja você mesmo”. No caso das Donnas, que misturam seu estilo entre pop punk e hard rock, o conceito formado torna-se mais acessível, tornando-as próximas de sua realidade. Canções como I Don’t Care (So There) e Have You No Pride mostram perfeitamente a sintonia das meninas com seu tempo, tornando-se perfeitas ilustrações da cena musical californiana da década de 1990.
A partir do lançamento de Spend the Night, tornaram-se atração principal em vários programas de televisão, como Saturday Night Live e o Late Show com David Letterman. Em 2003, fizeram uma de suas maiores apresentações como headliners do Lollapalooza.
No ano seguinte, seguiram a todo vapor com o lançamento de Gold Medal (2004), seu sexto álbum de estúdio, que continuou promovendo o sucesso comercial da banda. Tornaram-se ícones pop punk adolescentes, ocupando trilhas de filmes como Tudo Que Uma Garota Quer (2003), Meninas Malvadas (2004) e Herbie: Meu Fusca Turbinado (2005).
Entre turnês pelos Estados Unidos, Canadá e Austrália, The Donnas romperam laços com a Atlantic Records e lançaram seu primeiro álbum independente. Bitchin’ (2007) veio com um conjunto de composições guardadas, preparadas para seguir a onda de hits da banda. Com o single Don’t Wait Up For Me, continuaram representadas nas principais rádios, mas foram tornando-se menos populares de pouco em pouco. Em 2008, fizeram uma passagem pelo Brasil, com casas de show em São Paulo e Santos inclusas na turnê.
Em 2009, lançaram uma coletânea de seus maiores hits para celebrar o aniversário de 16 anos da banda. Além das canções já conhecidas, incluíram algumas inéditas. Aproveitaram a boa fase para se juntar a Pat Benatar e Blondie em uma turnê de verão chamada Call Me Invincible.
Em 2010, quando Torry Castellano anunciou sua separação da banda por problemas de tendinite aguda, a amiga Amy Cesari assumiu as baquetas. Aproveitando o momento, Castellano voltou à faculdade, concluindo seus estudos na Universidade de Harvard.
Atualmente, rolam apenas boatos de que a banda estaria preparando um novo álbum. Seus lançamentos pararam, mas as Donnas continuam a se apresentar em festivais, eventos e shows privados, mantendo acesa a chama do pop punk pelos quatro cantos do país. Desbravando a cena underground noventista majoritariamente masculina, o quarteto tornou-se um forte representante do estilo e inspirou a cultura pop por todas as futuras gerações. Isso sim é girl power!