A sensação de ir a um show é única. Para os fãs, um evento desse tipo assume facilmente o papel de melhor dia da sua vida. Mas antes dessa sensação, do “grande momento”, existe uma ponta de surpresa capaz de elevar a experiência. Aqueles que são chamados para “aquecer” a plateia e começar a festa. Esses, meus amigos, são as verdadeiras pérolas escondidas nos melhores dias de nossas vidas: os artistas e bandas de abertura.
Eles carregam essa difícil missão de prender a atenção quando o foco está na atração seguinte. Para alguns, não é tão difícil assim: dominam tão bem a plateia que poderiam facilmente substituir o artista principal. É o caso do The Interrupters, banda de Los Angeles responsável por um delicioso frenesi de ska punk.
Se você deu um pulo em algum dos shows do Green Day pela América do Sul, com certeza dançou muito ao som dos caras. O quarteto de Los Angeles nasceu em 2011 e cresceu com um espírito rebelde apadrinhado por Tim Armstrong, vocalista e guitarrista do Rancid, que produziu, escreveu e gravou todo o material do álbum de estreia da banda.
O visual preto e branco é frequente nos videoclipes da banda, dando uma atmosfera cheia de contrastes
Química e carisma são as características perfeitas para definir o show do Interrupters. Velocidade e ritmo marcam todas as suas músicas, entre batidas impossíveis de ignorar e vozes contagiantes que embalam um embromation agitado pelos que a escutam pela primeira vez. Energia e irreverência registram a identidade visual e sonora da banda, composta pelos irmãos Bivona – Kevin, Justin e Jesse, respectivamente guitarra, baixo e bateria – e pela presença de palco da vocalista Aimee “Interrupter” Allen. Eles conheceram a cantora em 2009, quando atuava como artista solo. Os três irmãos já tinham uma banda, o Telacasters, que estava em turnê com os Dirty Heads e o Sugar Ray.
O combo termina com a temática de peso. Letras ríspidas que contrastam propositalmente com a positividade de suas melodias, que também carregam referências do reggae. O balanço é justificado pela banda com uma simples proposta: “nunca se levar tão a sério”. Até mesmo quando você está fazendo críticas sociais construtivas. Esse é um dos fatores que torna The Interrupters uma banda tão interessante.
É possível ouvir referências como Joan Jett e Courtney Love nos vocais de Aimee
Anos antes do Green Day, o grupo entrou em turnê com o Rancid, em 2013, além de fazer alguns shows com Armstrong pelo seu projeto paralelo, Tim Timebomb and Friends. Com dois álbuns de estúdio, a banda ainda tem muitas histórias para contar. The Interrupters, de 2013, está disponível para streaming no canal oficial da Hellcat Records, gravadora de Armstrong, no YouTube. O segundo disco, Say It Out Loud, foi lançado em 2016.
O lado político que contrasta com seus momentos cheios de energia dá consistência à banda. Conteúdo, para eles, é o que mais importa – além, é claro, de garantir que o público se divirta bastante. Kevin comentou em entrevista para a Alternative Press em 2013, quando a banda se apresentou no Riot Fest, em Chicago, da futilidade das bandas mainstream.
“Não há muita substância na música mainstream, é realmente difícil encontrar artistas que assumam posicionamentos”. Para fazer jus ao compromisso com a qualidade, músicas como Take Back The Power traduzem a consciência do quarteto.
Os vocal rouco de Aimee, junto aos backing vocals dos gêmeos Bivona, são uma combinação explosiva
No mais, The Interrupters é uma banda que faz bem à mente e aos ouvidos. Sua performance ao vivo se destaca, com muita sincronia e total confiança. Com postura punk e muito carisma, essa é uma banda em que você vai acabar viciado do primeiro ao último acorde!
Onde você pode ter ouvido:
- Em 2011, Allen fez uma música com o Black Eyed Peas chamada Days Like This, que fez parte da trilha sonora de Garotas Malvadas 2 (2011);
- Os vocais de Aimee também se destacam na trilha sonora do filme Hairspray (2007), na música Cooties;
- Ela também participou da trilha sonora de muitos filmes como compositora. Alguns exemplos? Anjos da Lei 2 (2014), Acordo Sangrento (2009) e Ela Dança, Eu Danço 2 (2008);
- Em 2011, Kevin participou da mixagem do álbum Rebirth de Jimmy Cliff, produzido por Tim Armstrong. Os dois venceram o Grammy de “Melhor Álbum de Reggae”;
- Kevin também participou na mixagem do álbum …Honor Is All We Know (2014), do Rancid. A sólida parceria entre as duas bandas marca a trajetória dos Interrupters.