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Radar - Nuno Mindelis

Beth Hart & Joe Bonamassa – Don’t Explain

NUNO MINDELIS

Lucas , meu editor blaster gente finíssima, me deu algumas sugestões para artigo. Uma delas esta. Então lá vai a minha opininão.

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Aprendi faz tempo: se não tem nada a dizer de bom sobre algo ou alguém, não diga nada. Neste caso ainda sobra algo de bom, então falarei um pouco.

Beth Hart canta pra caramba, Joe Bonamassa toca pra caramba. A carreira dos dois é exemplar. Beth Hart tem timbre de voz forte, bom, objetivo, rouco (quando quer, não default) e com harmônicos.

Joe tira som monstro de Gibsons Lespaul, ES335, SGs o que for e, tão bons quanto, de Fenders Strato, Telecasters etc. Tira até som de uma Teisco empenada ou de uma Golden, Condor, de um pau com cordas, qualquer coisa.

Coloco a faixa um, Sinner’s Prayer. Tudo bem trimbrado e tocado, mas peraí ..? A bateria e a guitarra soam anos 1980 é isso mesmo? E poderia ser outra (boa) cantora, não saberia identificar sem o crédito do disco.

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Faixa 2, Chocolate Jesus: idem. Mas riff (que conheço de algum outro lugar, quem sabe até final do artigo lembro) e timbre de Joe quase salvam. Bora para faixa 3 … hmm, Antwerp Jam, fofo. Dá para perceber que se divertiram criando coisa na hora. Mas já ouvi um milhão de músicas assim também, não saberia dizer quem é. Até porque sendo uma jam, não é propriamente uma música, é um riff repetido por horas. Talvez só Jimi Hendrix conseguisse isso até hoje, porque a invenção transcendia as fronteiras terrestres, era espacial, ele veio de fora, dizem que de Alfa Centauro.

Faixa 4, Your Heart is As Black as Night, ufa! Senti algum alívio! Saiu um pouco daquele repertório ‘antigos-comerciais-de- cigarro -Hollywood’ . Mas entrou numa aguinha com açucar do século 20, com uma Hart arfante e sensualizante. Ainda bem que sei quem é, se tocasse no rádio poderia ser (de novo) qualquer outra das milhares com voz parecida e repertório envelhecido. Certamente não seria Amy Winehouse. O solo de Joe Bonamassa entra com um timbre e vigor encapetadíssimos aqui ! Mesmo! Levantou a galera. Isso não dá para negar, Bonamassa toca pra caramba e timbra como ninguém atualmente (com a ajuda de relíquias dos anos 1950 e early 1960s, mas saber escolher também é mérito!).

São centenas de músicas neste disco, (agora que a tecnologia recomenda o exato oposto, singles, máximo Eps) faz o seguinte, ouve I’d Rather Go Blind, faixa 6. Essa música dá sempre certo, é sempre nova (é o tal do repertório, do qual ainda voltarei a falar), e com essa turma habilidosa fica muito boa. Beth justifica a confiança que lhe rendeu a bem sucedida carreira. Arrepiou. E arrepiou muito mesmo, muito bom.

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Os comerciais de cigarro Hollywood voltam logo depois, com umas variações em que Joe pega um bottleneck e faz slide guitar aqui e ali e Beth Hart continua com o seu estilo vaqueira ou pistoleira, falando e gritando grosso. Com extrema afinação mas eu teria medo de cumprimentá-la. Dá a impressão que me diria ‘excuse me?? Get the fuck off!” Mas é claro que é só a impressão.

Resumo da história para mim, grandes músicos sozinhos não salvam. É preciso grandes músicas também. Um grande repertório. Depois Joe se queixa em entrevista que não consegue reunir público jovem. Não diga! Eu que estou longe de ser jovem passaria longe disto tudo (exceto de I’d Rather Go Blind ahhh!), imagina o meu neto! Ou o meu filho, até da idade de Joe.

Jeff Beck tem mais de 70 e público mais jovem que Bonamassa que mal fez 40. Mas se vc gosta daquela ‘fórmula Los Angeles’, pessoas bonitas e talentosas, acrobáticas, guitarras infernais bem distorcidas e com sustain de um mês, Barbies, Kens, sol, surf, Magnum, Miami Vice, Ases indomáveis, carros velozes (e se ainda fuma Hollywood) vai fundo!

Ah, lembrei do riff : é quase Suspicious Minds com o sempre jovem Elvis Presley!

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Abraxx

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