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Radar - Nuno Mindelis

Radar #18 -Juicy Lucy – Who Do You Love – 2006 (Anthology)

Yeah! O nome do blog é ‘Blog’n Roll’ portanto cabe bem a sugestão!

Volta e meia vasculho as minhas preferências do passado (sinal dos tempos?) e tive a feliz ideia de re-ouvir a banda Juicy Lucy, que surgiu em 1969 naquele país que até há pouco tempo era na Europa. Tinha eu, nessa altura, 12 anos. E lembro-me de um sujeito mais velho me assegurar que deveria ouvi-la, dado que me via o dia todo para cá e para lá com um violão, a tentar copiar os meus heróis do blues e do rock. Fui conferir, na casa dele e estremeci. Polvilhei um pouco desse grupo talentoso nos meus Faces, Instas e associados estes dias e acabei decidindo falar mais sobre ele.

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Abordo uma antologia de 2006, Who Do You Love. Caraca! Está lá de cara Mississipi Woman, seguida de (mais caraca!!) Pretty Woman, de 1970. (Nada a ver com Oh Pretty Woman, do grande Roy Orbison). Está também, claro, a versão para o clássico Who Do You Love, de Bo Diddley (1956).

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Pessoalmente, acredito que a versão dessa turma talentosa e endiabrada para esta música supera as mais conhecidas, incluindo a dos Doors, (desculpem, meninas, sei que o Jim é um lindo! lindo! e que nada é melhor e mais sensual que ele no mundo) embora na destes o ‘candomble’ de Diddley esteja mais corretamente escancarado. Os ingleses lixaram-se para o purismo e para o ritual e fizeram uma enorme viagem Rock’Roll Western, digamos. Não foi à toa que a versão emplacou um UK Top 20 quando saiu. Adiante apareceria também na trilha do videogame Shellshock:nam’67. A energia e o frenesi que enfiaram ali poderiam ser usados como gerador, melhor que AES Eletropaulo em fornecimento.

Em três anos, os fundadores Chris Mercer e Glenn Campbell e o já segundo baterista (em apenas um ano de formação) Rod Coombes, caíram fora. Micky Mood (guitarra) passou a trabalhar com a Snafu e depois envolveu-se com um grupo inaugural, Whitesnake. A Lucy acabou por ali. Depois disso houve algumas tentativas esparsas de ressureição da marca. Uma delas em 1996, quando Paul Williams (vocal e ex-Zoot Money) e Micky Mood lançaram um álbum (Blue Thunder) sob o nome Juicy Lucy, com convidados Mick Taylor (Stones) e Andy Summers (Police).

Antes de se esfarelar completamente e já com alterações razoáveis na formação, a banda deixou quatro álbuns (entre 1969 e 1972) : Juicy Lucy (1969) Lie Back and Enjoy It (1970), Get a Whiff at This (1971) e Pieces 1972 (nome sugestivo).

Ouça o trabalho de steel guitar de Glenn Campbell e o solo de violão de Micky Mood em Whisky in My Jar e confira o vocal do mesmo Glenn Campbell em Mississipi Woman. Falando em vocal, dê uma olhadinha também no de Paul Williams, bem como a liga irrepreensível entre baixo e bateria (não caberia uma folha de papel) e as combinações de steel e slide de Moody e Campbell em Pretty Woman (eita tudo!)

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Há uma versão para Built for Confort de Willie Dixon (eternizada por Howlin’ Wolf) na voz transformada do mesmo Williams. Quantas vozes tem esse cara? Delicie-se com a porrada groove (desculpem meu francês) de Thinking Of My Life e o dedilhado e o timbre espetaculares de Micky Mood (combinado com o slide de Campbell) em That Woman’s Got Something (alô Rory Gallagher, alguma influência?). Finalmente, ouça Walking Down the Highway, cuja levada lembra Back to Memphis, dos Kentucky Headhunters com Johnnie Johnson.

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Juicy Lucy (assim como Colosseum, uma outra de que falarei adiante) é dessas bandas que teriam tudo para dar certo e acabam desaparecendo por questões alheias ao talento. Não sem deixar rastros, é certo, há muito do seu DNA em outros grupos daí para a frente. Não tem hits muito óbvios, mas certamente viria a desenvolvê-los, com alguma continuação e experiência. Não deu tempo.

O elenco todo é especial, mas a administração das diferenças, as questões pessoais e outras, sejam quais forem, enfim, tudo isso pode influir no destino de qualquer casamento. Grande parte da crítica aponta a longevidade dos Stones (aliada às suas composições infernais, claro) como o principal fator a determinar a sua condição de maior banda de rock do Planeta. Também acredito. Se tivessem ‘splitado’ na fase inicial, na qual não produziram hits, apenas blues, nada do que veio depois teria acontecido. Longevidade especializa, sedimenta, lapida, faz fluir e nem todos podem ser Beatles, que já nasceram praticamente prontos e fizeram a revolução eterna em dois ou três anos apenas.

Isso aí, rockers e bluesers, a gente se vê na próxima quinta!

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