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Radar - Nuno Mindelis

Radar #45 – Marcia Ball – Shine Bright

NUNO MINDELIS

Quer sonzeira? Põe para tocar este disco de Marcia Ball, fresquinho, de 2018. Quem é ela? Nascida em Orange (Texas) e criada na Louisiana, arrasa no piano estilo New Orleans, sua marca registrada. Professor Longhair e Fats Domino são duas de suas grandes inspirações na infância. Neste disco há vários exemplos disso, que apontarei adiante.

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Mas não fica por aí, como todos os pós-graduados em seja o que for. Aliás, parêntesis aqui, sempre aconselho jovens aspirantes sobre os melhores caminhos para se aprender música: domine um estilo completamente, a partir desse processo aprenderá a aprender sozinho e será quase automático abraçar estilos correlatos com a mesma proficiência. Se, ao contrário, dispersar na largada, acabará por tocar só mediamente um amontoado de coisa e não terá assinatura. Aprender a escrever corretamente a língua Pátria desde criancinha (parece que acabou isso, infelizmente) não tem outro sentido que não esse exatamente: fazer com que a partir desse aprendizado primordial bem feito, a pessoa aprenda a aprender sozinha e a ‘cultura’ tão alardeada (e tão em falta) seja um resultado quase automático dele.

Voltando à Marcia: a base foi New Orleans, aprendeu completamente, donde domina a coisa toda, boogie-woogie, soul, blues, Chicago – blues, tudo. E canta muito bem, com voz suficiente para o recado.

Shine Bright , a primeira faixa, é um petardo que eu poderia ouvir por trinta vezes seguidas. I Got To Find Somebody (segunda) é uma das que prometi ressaltar como influência de New Orleans Piano, outro petardo. They Don’t Make It Like That (terceira) é um shuffle-canção, digamos, mas o piano também denuncia New Orleans. Em Life Of The Party (quarta) não é só o piano que é New Orleans, a coisa toda é uma festa da Louisiana, Mardi Gras, com ecos claros nos ancestrais africanos que povoaram Congo Square, levados como escravos e colonizados pelos franceses.

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What Would I do Without You, quinta faixa, é uma delícia, bem cantada para caramba, bem escolhida para o momento do disco, um piano irretocável (com Marcia, apontar piano irretocável é chover no molhado, mas dá vontade de dizer o tempo todo. Como é bom ouvir um instrumento tocado em alta medida) A ela segue-se outra levada de piano New Orleans (When The Mardi Gras is Over) para deixar Dr.John orgulhoso com certeza.

Pots and Pans (oitava) ‘groova’ pra caramba! Eita, coisa bonita e bem feita. O disco é todo assim, confira!

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Se você ainda é dos que valorizam o esforço pessoal, o estudo do instrumento, a dedicação, o perfeccionismo e o virtuosismo dos músicos, tudo isso sem esquecer as melodias, harmonias e ritmos arrebatadores, vai gostar!

Abraxxx!

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