Jawbox transporta público em uma viagem sonora aos anos 1990, em Camden

Jawbox transporta público em uma viagem sonora aos anos 1990, em Camden

Em mais um dos casos de shows marcados e remarcados por algumas vezes em função da pandemia, as lendas do rock alternativo Jawbox tocaram em Londres na última quinta-feira (9).

Um fato curioso é que essa foi a primeira vez desde 1994 em que a banda veio como headliner por aqui. Aliás, esse era o único show da banda no Reino Unido. O local escolhido não poderia ser melhor, o Electric Ballroom, em Camden.

E, por falar em escolhas, a banda de apoio desse show também foi uma excelente ideia: os ingleses do Delta Sleep, que em poucas semanas desembarcam para uma série de shows na América do Sul.

Poucos minutos antes do início do Delta Sleep, a casa estava vazia. Bastaram os primeiros acordes para uma quantidade considerável de público aparecer. E foi aumentando durante a apresentação da banda.

Com um mix de melodias, bateria percussiva e um baixo forte com as vozes intercalando agressividade e sutileza, a banda pontuou o set com músicas do último álbum, Spring Island.

A mescla sonora da banda gera um mix de emoções durante as músicas. Os andamentos malucos deixam tudo muito imprevisível e vidrados no palco. Os músicos exploram os instrumentos e efeitos de forma muito especial, fazendo com que o show fique muito orgânico, mesmo com tantas variações durante as músicas.

Destaques do show? Sim, os pontos altos ficam por conta de View to a Fill, Lake Sprinkle Sprankler e Dotwork. Sem
exagero nenhum, um dos melhores shows que acompanhei nos últimos tempos.

Uma viagem direta do túnel do tempo nos levou de volta para os anos 1990, desde o público que já era grande na casa até a trilha sonora entre os shows.

O Jawbox é daquelas bandas que sempre será lendária e estará nos melhores line-ups de todos os festivais. A musicalidade deles explica essa grande aceitação. É uma banda que se destacou em uma época que era tudo diferente. Aliás, depois de idas e vindas, sem lançamentos por pelo menos 20 anos, ainda mostra toda a sua relevância.

Muito ruído e bateria desconstruída são as marcas registradas da banda, e isso ao vivo é reproduzido fielmente.

A apresentação é uma imersão no meio dos anos 1990 com FF=67, Nickel Nickel Millionaire. Outras músicas como Chinese Fork Tie e Grip nos mostraram uma banda que estava extremamente feliz no palco e se sentindo totalmente acolhida pelo público.

A baixista e fundadora, Kim Colleta, era só sorrisos durante a apresentação da banda, dispensando até o uso de microfones para se comunicar com o público. Uma avalanche sonora na noite de quinta-feira em Londres com duas gerações lado a lado trocando experiências e referências sonoras.